A palavra mitschä surge no documento de Martius, no verbo:
beber: mitschätzufazicujeng
Identifiquei mitschä com seus possiveis cognatos nas línguas Transanfranciscanas, especificamente a palavra miñan ~ mañan ~ mñan que surgem nas línguas da família Krenak, é possível que mitschä se atrela logo ao lado da palavra nativa do Kariri para 'água':
mitschä-tzu 'água-água'
O resultado consonantal implica a mudança sonora de ñ > tsch, mudança essa que talvez seja o resultado das línguas Kamakã vizinhas do Sapuyá.
FA pode ter relação com a palavra do Kamakã para cabaça:
K2: kó-pá
Por último, ZICU e JENG são os verbos dessa construção, ZICU sendo um descendente de alguma língua Kamakã que herdou a palavra *jukwa 'comer' (MARTINS, 2007, p. 37), tal mudança fonética de ju > ji pode ser vista no Menien ijkuá. JENG é o mais complicando, existe a possibilidade de ser um modificador desconhecido que dava o sentido final do verbo zicu, talvez sendo uma outra palavra para 'água' ou 'líquido', fazendo com que zicu 'comer' seja zicu jeng 'comer líquido' > 'beber', assim como feito nas construções nativas do Kamakã *tsan-ka 'água-comer' > 'beber'.
Portanto concluíndo que a palavra é na verdade uma frase que se traduz como:
mitschätzu fa = água da cabaça
tziku yeng = beber
mitschätzu fa tziku yeng = beber água da cabaça.
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
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