As palavras moenahan ‘hoje’ e minehẽ ‘hoje, pelo tempo que já passou’ são abreviações de construções antigas, o que houve aqui foram a queda de certos elementos da gramática antiga do Kariri.
A palavra antiga, usando as palavras que ainda sobreviveram de forma independente no Kariri seriam:
Dzubukuá: anro-moe-na-han
Kipeá: ero-mi-ne-hẽ
anro/ero ‘este(a)’ + moe/mi ‘funcionando como (sufixo com ess sgnf.)’ + na/ne ‘sufixo de adnominalização’ + han/hẽ ‘sufixo plural’. Toda essa construção é cognata do Galibi eromenokon ‘hoje, agora’.
O fato da maioria dessas palavras não existirem ativamente hoje no Kariri, além do fato de que elas derrubaram o pronome demonstrativo anro/ero, que determina o conceito de ‘agora’, e também a clara substituição por uma construção análoga (do ihi / do ighŷ que são do ‘para’ + ihi/ighŷ ‘este, isto’, usando ‘este’ para denotar ‘agora’), indica que quando o Kariri entrou no Nordeste e foi subsequentemente influenciado pelas línguas Macro-Jê, este sistema do Proto-Caribe colapsou, sendo substituídos em suas funcionalidades pelas preposições do Terejê, como do, bo e mo. Mas como elas sobreviveram até o presente momento nessas palavras, e agora sabemos o seus significados, podemos revivê-las na língua novamente:
moe/mi ‘funcionando como (sufixo com ess sgnf.)’
Esse sufixo faz com a palavra que ela marca torne-se algo funcional, isso é, a palavra marcada ganha a conotação de que ela funciona como o conceito que ela representa, por exemplo:
Dz.: baddo-moe ‘funcionando como entrada, entrada, porta’ (baddo ‘entrar’ + -moe ‘funcionando como’)
Kp.: mani-mi ‘funcionando como longe, distância, comprimento, duração’ (mani ‘longe’ + -mi ‘funcionando como’).
Autor da matéria: Suã Ari Llusan
Nenhum comentário:
Postar um comentário