segunda-feira, 28 de julho de 2025

BATÉ WOROBY, A Fábula da Nova Morada






Era uma vez, numa terra onde o sol beijava as folhas e o vento dançava com os galhos, uma floresta sagrada chamada Retséá. Nela viviam em harmonia os animais da terra Kariri: o Porco-do-mato Murawó, o Macaco Bugio Dziku, a Iguana Granharó, o Coati Bizaui, o Gambá Kerícohé, e muitos outros irmãos do mato.


Mas um dia, máquinas de ferro e mãos humanas chegaram destruindo o verde, abrindo espaço para construções e estradas. Árvores tombaram, rios choraram, e os animais, desabrigados, correram sem rumo. A tristeza espalhou-se como fumaça no ar.


Entre eles, a ave corredora e sábia, a Seriema Imbuam, observava o desespero. Viu seus irmãos keríá vagando, com olhos perdidos e corações aflitos. O macaco Bugio, com lágrimas no rosto, disse:


— Dona Seriema, para onde iremos? Nossa floresta foi destruída.


Com o olhar firme e voz cheia de esperança, Imbuam respondeu:


— Sigam-me, irmãos! Ao leste há uma floresta sagrada dos Kariri chamada Ouricuri. Lá poderemos recomeçar.


Guiando os passos como se seguisse um mapa antigo das estrelas, Imbuam conduziu não apenas os amigos mais próximos, mas todos os seres vivos que haviam perdido seu lar.


Ao chegarem às bordas do Ouricuri, foram recebidos pelo Coelho Miriu, guardião da entrada da mata, que saudou os irmãos com alegria:


— Sejam bem-vindos! Esta terra também é vossa. Aqui podem habitar em paz.


Logo, o Sabiá Gongá, cantando nos galhos, completou com sua melodia:


— É verdade! Em tempos difíceis, os que não voam sofrem mais. Nós, aves ieendeá, podemos partir quando necessário. Mas todos somos irmãos. Que a união nos fortaleça na preservação da vida na Terra.


E assim, entre abraços, cantos e novos ninhos, os animais reconstruíram sua morada. A floresta Ouricuri floresceu com nova vida, protegida pela força da coletividade.


Desde então, contam os ventos e os rios que quando os animais se unem, até a floresta renasce.


Moral da Fábula:

Quando há união e respeito entre os seres da Terra, sempre haverá um caminho de volta para casa.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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