Certa manhã clara, quando o sol espelhava seu brilho nas águas calmas do Opará, os peixes se reuniram em meio às pedras e algas, como de costume. Mas naquele dia, a conversa tomou outro rumo.
— Sou eu quem tem o melhor sabor, disse o Curimatã, inflando o peito como quem já esperava aplausos.
— Que nada! — resmungou o Surubim Pintado — ninguém supera o meu teor de carne, firme e suculenta!
— Vocês estão esquecendo de mim, o Mandim Amarelo, interrompeu com voz grave, enquanto balançava sua cauda. — A preferência é minha, todo mundo sabe.
Logo veio a Corvina, ondulando com elegância:
— Com licença, senhores! As pessoas me adoram. Vocês apenas sonham com minha fama.
O Niquim, peixe de couro e espinhos, se incomodou:
— Todo mundo gosta de mim! Do menino curioso ao ancião que sabe preparar o caldo perfeito.
O Piau, de dentes rápidos e fala ligeira, caiu na gargalhada:
— Ora, ora... Vocês estão enganados! Eu sou o preferido nos almoços e jantares. Isso é fato!
A discussão crescia, cada peixe exaltando seu valor, esquecendo-se do silêncio sábio do rio.
Foi quando, nadando com suavidade, surgiu a pequena Piaba Lambari.
Com voz serena, disse:
— Meus irmãos, todos vocês têm razão. Cada pessoa tem um gosto, um paladar, uma história com cada um de nós. Ninguém é melhor que o outro. Todos alimentamos a vida do povo do Opará.
Houve silêncio. As bolhas pararam de subir. Os peixes se entreolharam e, como se iluminados por uma sabedoria antiga, sorriram com os olhos. Cada um voltou a nadar em paz, levando consigo a verdade da pequena Piaba.
Desde então, nunca mais discutiram. Entenderam que no Opará, cada peixe carrega um sabor único, e que o mais importante é a harmonia entre as espécies. Afinal, a diversidade é o verdadeiro tempero da vida.
✨ Moral da Fábula:
Ninguém é mais importante que o outro. Cada ser tem seu valor. Assim como os sabores do rio, o respeito à diversidade alimenta a sabedoria dos povos.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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