sexta-feira, 25 de julho de 2025

IEENDE-KU-HOMOECHI BAE NA DOYÉ A Garça e a Capivara






A Fábula da Garça e a Capivara 


Nas margens sagradas do rio Opará, junto às várzeas alagadas de Itiúba, onde o céu beija a terra e os ventos sopram os cantos dos antigos, viviam muitos seres: aves chamadas ieendeá, animais chamados keruá, e peixes chamados wãmyá.

Entre todos esses seres, dois tornaram-se conhecidos por sua amizade: Ieende-ku-homoechi, a Garça-branca-de-pescoço-comprido, e Doyé, a Capivara serena das águas.


Certo dia, enquanto o sol dourava o espelho do rio, a garça pousou perto da capivara, que descansava entre os capins molhados.


— Olá, amiga Doyé, grasnou a garça com gentileza. Precisas de alguma coisa?


A capivara levantou a cabeça com gratidão no olhar e respondeu:


— Sim, dona garça. Os carrapatos estão a me incomodar. Não alcanço todos com meus dentes.


A garça, com seu bico longo e preciso, começou a retirar os carrapatos do dorso da capivara. Um a um, bicava e comia, enquanto a capivara suspirava aliviada.


Desde aquele dia, todos os animais da várzea viam a garça e a capivara sempre juntas. Uma ajudava a outra. A garça alimentava-se com os parasitas, e a capivara mantinha-se limpa e saudável. Era uma parceria de sabedoria e respeito.


E assim a floresta aprendeu:


“Na natureza, ninguém caminha sozinho. A amizade verdadeira nasce da ajuda mútua e do equilíbrio com o outro.”



📜 Autor: Nhenety Kariri-Xocó



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