domingo, 10 de agosto de 2025

CRUTIWIRÓ RADDACRÍSÃ, Do Circo Para a Terra Natal






Um Fábula de Liberdade dos Animais Silvestres


Nas vastas savanas africanas, a vida corria em paz. Povos e animais viviam em harmonia: leões rugiam sob o sol, zebras corriam como o vento, macacos brincavam entre as árvores e girafas colhiam as folhas mais altas.


Mas um dia, chegaram homens de terras distantes, trazendo redes e promessas enganosas. Muitos animais foram levados para longe, e alguns povos também sofreram. Entre esses destinos estava o Crutiwiró, o Círculo de Pano — um grande circo onde a vida era feita de luzes e aplausos, mas não de liberdade.


Ali, o leão era ensinado a saltar por arcos, a zebra a correr em círculos e o macaco a fazer piruetas para entreter o público. Eles eram admirados, mas sentiam falta do cheiro da terra molhada, do vento livre e da música natural da savana.


Com o tempo, o mundo começou a ouvir o clamor pela liberdade. Leis de proteção surgiram, e vozes se levantaram para libertar os animais cativos. Finalmente, chegou o dia em que o Crutiwiró se despediu deles, e uma longa viagem os levou de volta ao Raddacríçã — sua Terra Natal.


Quando chegaram, o sol parecia mais quente, o capim mais verde e o horizonte mais amplo. O povo os recebeu com alegria, e o vento trouxe o perfume da liberdade. O leão rugiu não para um público, mas para anunciar: “Estou em casa!”. A zebra correu sem cercas, e o macaco subiu na primeira árvore que encontrou, sentindo-se parte do céu.


Naquela noite, sob estrelas que só brilham para quem é livre, eles adormeceram com o coração cheio, certos de que a vida só é verdadeira quando vivida em harmonia com a terra que nos viu nascer.


Moral: A liberdade e a ligação com nossas origens valem mais que qualquer brilho passageiro.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



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