segunda-feira, 11 de agosto de 2025

KERÍÁ KUTOABÁ, Os Animais Silvestres Livres






Uma Fábula da Liberdade dos Animais 


O sol nascia dourando as folhas da grande floresta. Ará, a arara-vermelha, voava cantando alto:


— Bom dia, Tupã! Bom dia, Iaci!


Tupã, a onça-pintada, espreguiçou-se e respondeu:


— Bom dia, Ará. Hoje o rio está chamando…


Iaci, a tartaruga dos rios, apareceu devagarinho:


— Chamando para quê, Tupã?


— Para brincar! — disse Tupã — O dia está lindo e Uché, o espírito do tempo, trouxe um vento suave.


Os três seguiram juntos, aproveitando a liberdade que a floresta lhes dava. Mas, de repente, um som estranho ecoou.


— Ouviram isso? — perguntou Ará, pousando num galho.


Iaci ficou séria:

— Ouvi… parece barulho de homens.


Tupã farejou o ar:

— Eles estão perto… e não vêm para ajudar.


Pouco depois, surgiram homens carregando redes, gaiolas e armas. Começaram a capturar pássaros, macacos e até peixes grandes.


Ará gritou:

— Não! Soltem meus amigos!


Mas os homens riram. Tupã, furioso, rosnou:

— Por que fazem isso?


Um dos homens respondeu:

— Porque dá dinheiro! Animais bonitos valem muito.


Ará, Tupã e Iaci se esconderam atrás de um tronco caído.

— Precisamos fazer alguma coisa… — disse Ará.

— Mas como? — perguntou Iaci.


Foi então que Anhangá, o vento protetor, soprou forte e sussurrou:

— Chamem os humanos de bom coração. Eles podem lutar contra esses caçadores.


Ará voou longe, levando o recado. Tupã guiou defensores da natureza até o acampamento dos caçadores. Iaci conduziu guardas florestais pelo rio até a armadilha principal.


Quando os protetores chegaram, libertaram os animais e aplicaram as leis contra os caçadores. Depois, criaram um santuário e prometeram proteger aquele lugar para sempre.


Na manhã seguinte, a floresta estava cheia de sons novamente. Ará voava alto, Tupã corria entre as árvores e Iaci sorria à beira do rio.


— Somos livres de novo! — gritou Ará.

— E assim vamos ficar — completou Tupã.

— Porque agora há quem nos proteja — disse Iaci, orgulhosa.


Lição moral: A liberdade é o direito de todos os seres. Quem protege a natureza, protege a si mesmo.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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