Uma Fábula da Liberdade dos Animais
O sol nascia dourando as folhas da grande floresta. Ará, a arara-vermelha, voava cantando alto:
— Bom dia, Tupã! Bom dia, Iaci!
Tupã, a onça-pintada, espreguiçou-se e respondeu:
— Bom dia, Ará. Hoje o rio está chamando…
Iaci, a tartaruga dos rios, apareceu devagarinho:
— Chamando para quê, Tupã?
— Para brincar! — disse Tupã — O dia está lindo e Uché, o espírito do tempo, trouxe um vento suave.
Os três seguiram juntos, aproveitando a liberdade que a floresta lhes dava. Mas, de repente, um som estranho ecoou.
— Ouviram isso? — perguntou Ará, pousando num galho.
Iaci ficou séria:
— Ouvi… parece barulho de homens.
Tupã farejou o ar:
— Eles estão perto… e não vêm para ajudar.
Pouco depois, surgiram homens carregando redes, gaiolas e armas. Começaram a capturar pássaros, macacos e até peixes grandes.
Ará gritou:
— Não! Soltem meus amigos!
Mas os homens riram. Tupã, furioso, rosnou:
— Por que fazem isso?
Um dos homens respondeu:
— Porque dá dinheiro! Animais bonitos valem muito.
Ará, Tupã e Iaci se esconderam atrás de um tronco caído.
— Precisamos fazer alguma coisa… — disse Ará.
— Mas como? — perguntou Iaci.
Foi então que Anhangá, o vento protetor, soprou forte e sussurrou:
— Chamem os humanos de bom coração. Eles podem lutar contra esses caçadores.
Ará voou longe, levando o recado. Tupã guiou defensores da natureza até o acampamento dos caçadores. Iaci conduziu guardas florestais pelo rio até a armadilha principal.
Quando os protetores chegaram, libertaram os animais e aplicaram as leis contra os caçadores. Depois, criaram um santuário e prometeram proteger aquele lugar para sempre.
Na manhã seguinte, a floresta estava cheia de sons novamente. Ará voava alto, Tupã corria entre as árvores e Iaci sorria à beira do rio.
— Somos livres de novo! — gritou Ará.
— E assim vamos ficar — completou Tupã.
— Porque agora há quem nos proteja — disse Iaci, orgulhosa.
Lição moral: A liberdade é o direito de todos os seres. Quem protege a natureza, protege a si mesmo.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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