terça-feira, 12 de agosto de 2025

HINÉ RETSÉ, A Floresta de Luz






A Fábula da Floresta de Luz 


Na noite de Natal, quando o céu se enche de estrelas como sementes espalhadas pela mão do Criador, uma pomba branca chamada Tute abriu suas asas para mais uma viagem.

Tute não voava apenas por voar — sua missão era antiga: visitar cada canto da Terra e levar consigo a paz e a esperança.


Do alto, ela viu algo maravilhoso: cidades inteiras brilhando com luzes coloridas, ruas repletas de árvores enfeitadas, janelas sorrindo em cores. E, vista assim, de cima, a Terra já não parecia feita de pedra e asfalto, mas transformada em uma imensa Hiné Retsé — uma Floresta de Luz.


Tute voou baixo, passando sobre praças e lares. Onde havia alegria, ela via famílias reunidas, abraços e partilhas. Em casas humildes, onde a ceia era pequena, via mãos dividindo o pouco que havia. Em mansões, via mesas fartas, mas também corações que aprendiam a doar.


Porém, Tute também encontrou janelas apagadas. Casas frias e silenciosas, onde a solidão tinha feito morada. Então, a pequena pomba pousava discretamente, colhia no bico um fragmento de luz das casas felizes e o levava até as janelas escuras. Não eram lâmpadas que ela acendia, mas corações esquecidos.


Quando a madrugada chegou, Tute subiu novamente aos céus. Lá do alto, a Terra não era apenas uma floresta de luzes — era um jardim vivo, onde cada ponto brilhante era um lar e cada luz, um gesto de amor.


Desde então, na noite de Natal, Tute volta a voar sobre o mundo, lembrando que a luz mais forte não é a que enfeita as ruas, mas a que brota do coração.


Moral da fábula:

O Natal brilha mais quando a nossa luz acende no coração de outra pessoa.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




HINÉ RETSÉ – A FLORESTA DE LUZ

(Versão em Cordel)


Na noite que o mundo canta,

Com estrelas pelo chão,

O Natal vem de mansinho

Bater no nosso portão.

E uma pomba mensageira

Vai voando em oração.


Seu nome é Tute, ligeira,

Branca como o algodão,

Leva a paz no bater d’asa,

Leva amor no coração,

E seu voo, lá do alto,

Faz brilhar cada nação.


Do céu, Tute enxerga a Terra

Toda cheia de alegria,

Luz piscando em cada esquina,

Árvore em cada freguesia,

E pensa: “Que linda imagem

De amor e de harmonia!”


Vendo tanta claridade

Que a cidade reluz,

O mundo vira uma floresta,

Mas não de tronco ou de cruz,

E sim de galhos de afeto,

Que espalham frutos de luz.


Porém, também há morada

Onde a festa não chegou,

Janela fria e escura,

Onde a dor se demorou.

Tute, então, leva consigo

A luz que um lar ofertou.


Não é lâmpada acendida,

Nem enfeite de salão,

É calor de um gesto amigo

Que aquece qualquer mão,

Pois a luz mais verdadeira

É aquela do coração.


Assim, Tute todo ano

Na Noite Santa refaz

Seu caminho entre as casas,

Entre o rico e o que nada traz,

E a Terra, vista do alto,

Brilha em luz, amor e paz.


Moral da fábula:

Quem reparte o que tem pouco

Acende o Natal de alguém,

Pois a luz que se divide

Ilumina mais também.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





Nenhum comentário: