A Fábula das Borboletas nas Flores
No coração da floresta, quando o sol se deitava sobre as copas das árvores e o vento espalhava perfumes das flores, surgia um espetáculo que só os espíritos da mata podiam compreender. Era o momento em que as borboletas, chamadas Panambi em língua antiga, vinham dançar sobre as flores.
Entre elas, duas se destacavam: a Borboleta-rainha, de asas firmes e cores quentes como o fogo do entardecer, e a Morpho-azul, cujo brilho lembrava o reflexo do céu sobre os rios.
A Rainha, orgulhosa, dizia:
— “Minhas asas carregam poder e aviso. Quem tenta me tocar descobre minha força. Eu sou soberana entre as flores.”
A Morpho, em voo leve, respondia:
— “Eu não trago veneno nem aviso. Trago apenas luz e encantamento. Sou livre, e o meu brilho é o presente que deixo aos olhos da floresta.”
Enquanto as duas conversavam, um bando de abelhas se aproximou. Elas disputavam o néctar, empurrando umas às outras e ameaçando as flores frágeis. A Rainha ergueu-se e, com sua presença imponente, afastou parte das intrusas. Já a Morpho, com movimentos suaves, conduziu o grupo restante para outras flores, mostrando que havia abundância na mata.
No fim do dia, as duas se encontraram novamente e compreenderam:
— “Nem só a força nem só a beleza sustentam a vida. É no equilíbrio entre presença e doçura que a floresta floresce.”
Assim, a Rainha e a Morpho passaram a voar juntas, lembrando a todos que cada ser tem um dom, e que só na partilha o ciclo da vida se mantém.
Desde então, quando o vento sopra entre flores e asas azuis se cruzam com asas flamejantes, dizem que a floresta sussurra:
“Panambi Ybyrá Poty, Borboletas nas Flores — a dança da beleza e da sabedoria.”
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
🌸🦋 PANAMBI YBYRÁ POTY, Borboletas nas Flores
( Versão Cordel )
No coração da floresta,
Panambi vem cintilar,
Dançam leve sobre as flores,
No vento querem brincar,
Cada asa é poesia,
Que encanta todo lugar.
Veio a Rainha altaneira,
Com sua cor reluzente,
Disse: "Sou forte e temida,
Imponho-me a toda gente,
Carrego veneno e aviso,
Proteção é meu presente."
Morpho-azul respondeu,
Brilhando igual a luar:
"Não tenho veneno algum,
Só brilho para encantar,
Sou livre feito o horizonte,
Meu dom é só iluminar."
Chegaram então as abelhas,
Querendo tudo tomar,
O néctar das flores mansas,
Começaram a roubar,
Mas juntas as borboletas
Souberam logo ensinar.
A Rainha afasta o perigo,
Com firmeza e proteção,
Morpho conduz com doçura,
Mostrando outra direção,
Assim cuidaram das flores,
Com beleza e união.
Moral dessa fábula é clara,
Quem escutar vai saber:
Nem só força, nem só brilho
Faz a vida florescer,
É na partilha e no equilíbrio
Que o mundo pode viver.
🦋✨ Assim, a fábula ganha musicalidade e ritmo, pronta para ser contada em roda, declamada ou cantada.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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