terça-feira, 26 de agosto de 2025

PANAMBI YBYRÁ POTY, Borboletas nas Flores






A Fábula das Borboletas nas Flores 


No coração da floresta, quando o sol se deitava sobre as copas das árvores e o vento espalhava perfumes das flores, surgia um espetáculo que só os espíritos da mata podiam compreender. Era o momento em que as borboletas, chamadas Panambi em língua antiga, vinham dançar sobre as flores.


Entre elas, duas se destacavam: a Borboleta-rainha, de asas firmes e cores quentes como o fogo do entardecer, e a Morpho-azul, cujo brilho lembrava o reflexo do céu sobre os rios.


A Rainha, orgulhosa, dizia:

— “Minhas asas carregam poder e aviso. Quem tenta me tocar descobre minha força. Eu sou soberana entre as flores.”


A Morpho, em voo leve, respondia:

— “Eu não trago veneno nem aviso. Trago apenas luz e encantamento. Sou livre, e o meu brilho é o presente que deixo aos olhos da floresta.”


Enquanto as duas conversavam, um bando de abelhas se aproximou. Elas disputavam o néctar, empurrando umas às outras e ameaçando as flores frágeis. A Rainha ergueu-se e, com sua presença imponente, afastou parte das intrusas. Já a Morpho, com movimentos suaves, conduziu o grupo restante para outras flores, mostrando que havia abundância na mata.


No fim do dia, as duas se encontraram novamente e compreenderam:

— “Nem só a força nem só a beleza sustentam a vida. É no equilíbrio entre presença e doçura que a floresta floresce.”


Assim, a Rainha e a Morpho passaram a voar juntas, lembrando a todos que cada ser tem um dom, e que só na partilha o ciclo da vida se mantém.


Desde então, quando o vento sopra entre flores e asas azuis se cruzam com asas flamejantes, dizem que a floresta sussurra:


“Panambi Ybyrá Poty, Borboletas nas Flores — a dança da beleza e da sabedoria.”



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




🌸🦋 PANAMBI YBYRÁ POTY, Borboletas nas Flores


( Versão Cordel  )


No coração da floresta,

Panambi vem cintilar,

Dançam leve sobre as flores,

No vento querem brincar,

Cada asa é poesia,

Que encanta todo lugar.


Veio a Rainha altaneira,

Com sua cor reluzente,

Disse: "Sou forte e temida,

Imponho-me a toda gente,

Carrego veneno e aviso,

Proteção é meu presente."


Morpho-azul respondeu,

Brilhando igual a luar:

"Não tenho veneno algum,

Só brilho para encantar,

Sou livre feito o horizonte,

Meu dom é só iluminar."


Chegaram então as abelhas,

Querendo tudo tomar,

O néctar das flores mansas,

Começaram a roubar,

Mas juntas as borboletas

Souberam logo ensinar.


A Rainha afasta o perigo,

Com firmeza e proteção,

Morpho conduz com doçura,

Mostrando outra direção,

Assim cuidaram das flores,

Com beleza e união.


Moral dessa fábula é clara,

Quem escutar vai saber:

Nem só força, nem só brilho

Faz a vida florescer,

É na partilha e no equilíbrio

Que o mundo pode viver.


🦋✨ Assim, a fábula ganha musicalidade e ritmo, pronta para ser contada em roda, declamada ou cantada.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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