🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico este meu cordel,
À memória ancestral,
Aos Guarani de raiz,
E ao seu canto imortal.
Que o sopro da mata antiga,
Nos guie em senda amiga,
Do mundo espiritual.
Dedico ao meu povo amado,
Kariri-Xocó de chão,
Que na luta e na esperança,
Mantém firme a tradição.
Que o verso seja ponte,
Entre passado e horizonte,
Na força da criação.
📜 ÍNDICE POÉTICO
Abertura
Prólogo Poético
Capítulo I – A Antiga Origem do Povo
Capítulo II – A Estrutura do Cosmos Chiripá
Capítulo III – A Alma e a Saúde Mbyá
Capítulo IV – Ambientes Sagrados e a Terra sem Mal
Encerramento
Epílogo Poético
Nota de Fontes
🌄 ABERTURA
Aqui começa o cordel,
Na cadência do sagrado,
Falando dos Guarani,
Seu viver iluminado.
Entre corpo e cosmovisão,
Guardam na alma a canção,
Do tempo nunca apagado.
🎶 PRÓLOGO POÉTICO
Venham todos ouvir bem,
Uma história verdadeira,
Que vem dos tempos antigos,
Do coração da aldeia inteira.
É canto, mito e memória,
É raiz que guarda a história,
Da nação hospitaleira.
Os Guarani caminharam,
Das florestas até o sul,
Seguindo a rota da vida,
Na luz divina de Ñamandu.
Na palavra sagrada e pura,
Viveram fé e cultura,
Entre o céu azul e o urubu.
📖 CAPÍTULO I – A ANTIGA ORIGEM DO POVO
1
Muito antes de Colombo,
Já viviam os Guarani,
Vindos da Amazônia vasta,
Onde a vida tinha ali.
No tronco Tupi-Guarani,
A raiz estava ali,
Com força para seguir.
2
Por volta de três mil anos,
Antes do Cristo nascer,
Seus antepassados fortes,
Aprenderam a viver.
Plantando milho e mandioca,
Criando aldeia que toca,
A vida no florescer.
3
Mil anos antes da era,
Eles seguiram migrando,
Do Peru, Bolívia e Norte,
Para o sul se espalhando.
No Prata e Paraguai,
Com o sonho que não se vai,
Nova terra conquistando.
4
Do século treze em diante,
Expandiram-se sem fim,
Brasil, Argentina e o sul,
Vivendo em teko porã sim.
Com xamãs e sua ciência,
Preservaram a consciência,
De um cosmo dentro de si.
5
Mas chegou o europeu,
No século dezesseis,
E com ele veio a dor,
De batalhas e leis.
As reduções jesuíticas,
As correntes tão políticas,
E a cruz em suas vez.
6
Ainda assim resistiram,
Com palavra e coração,
Cantando para o futuro,
Com sagrada devoção.
A história dos ancestrais,
Ecoa nos rituais,
Na floresta e oração.
7
Em cada canto do sul,
Há marcas da migração,
Povos filhos do trovão,
Guardando sua canção.
De Ñamandu o sopro veio,
E o mundo inteiro nasceu,
Na força da criação.
8
Os antigos relatavam,
Que o homem é parte da luz,
Feito do barro divino,
Com que o espírito reluz.
Por isso o Guarani canta,
E a palavra se levanta,
Como verbo que conduz.
9
No mito e na lembrança,
A aldeia é coração,
Que pulsa entre os montes,
Do tempo à geração.
Assim nasce o povo inteiro,
Com destino verdadeiro,
De fé e preservação.
📖 CAPÍTULO II – A ESTRUTURA DO COSMOS CHIRIPÁ
1
Os Chiripá conhecem bem,
Os céus de grande valor,
Camadas de pura luz,
E moradas de esplendor.
Cada espaço é guardião,
Com espírito e canção,
Que revelam seu amor.
2
Yvágapy está mais perto,
Do chão que a gente pisa,
É o primeiro dos céus,
Onde a fé se eterniza.
Depois vem Yvá tenonde,
Que aos sábios corresponde,
Com força que harmoniza.
3
No meio há Yvá mbyte,
De saber espiritual,
E mais alto Yvá katú,
Com poder celestial.
No vermelho Yvá pytã,
A palavra soberã,
Resplandece sem igual.
4
Yvá porã é morada,
Dos que viveram direito,
E Yvá marangatú,
É o sagrado perfeito.
Onde Ñamandu habita,
Com luz que sempre convida,
Para o eterno respeito.
5
Ñamandu Ru Ete é o pai,
Da palavra primordial,
É o criador supremo,
E do mundo espiritual.
Com Karaí e Jakaira,
Tupã e força que paira,
No equilíbrio universal.
6
Pelos sonhos e cantigas,
O xamã pode alcançar,
Os caminhos do invisível,
Que vêm nos abençoar.
Com plantas e oração,
Ele guarda a conexão,
Do céu com o nosso lar.
7
Cada estrela tem um nome,
Cada luz é um irmão,
Que caminha pelo espaço,
Com divina direção.
E quando o xamã desperta,
A alma fica liberta,
Pra ouvir a criação.
8
Nos sete céus há caminhos,
De pureza e vibração,
Por onde andam as almas,
Em divina ascensão.
E no centro da existência,
Habita a consciência,
Do eterno coração.
9
O universo é círculo,
Que pulsa em comunhão,
Não tem cima nem tem baixo,
Só sagrado em expansão.
Assim ensinam os velhos,
Com gestos tão singelos,
A ciência da oração.
📖 CAPÍTULO III – A ALMA E A SAÚDE MBYÁ
1
Os Mbyá veem a pessoa,
Com várias almas no ser,
Que caminham juntas sempre,
E precisam se manter.
Se uma parte se afasta,
O corpo logo desgasta,
E a vida pode perder.
2
O espírito chamado Aña,
É mal que causa doença,
Mas com rituais de cura,
Se expulsa sua presença.
O xamã guia o caminho,
Com erva, canto e carinho,
E a fé como crença.
3
O angá é a alma leve,
Que no sonho pode sair,
Mas precisa retornar,
Para o corpo não ruir.
Se demora e não regressa,
O corpo enfraquece e cessa,
De poder se ressurgir.
4
A palavra-alma Ñe'ẽ,
É força de vibração,
É sopro, canto e essência,
Que anima todo coração.
É voz que se eterniza,
É vida que sempre frisa,
O poder da criação.
5
O corpo é casa da alma,
Morada do espiritual,
E precisa ser cuidado,
Com respeito ancestral.
Cada gesto tem sentido,
Cada sonho é traduzido,
Num saber universal.
6
Quando o xamã canta alto,
E o maracá vibra o ar,
O espírito em harmonia,
Começa então a dançar.
E no som da invocação,
Se cura o coração,
E o corpo volta a pulsar.
7
A cura vem pela escuta,
Pela erva e pelo chão,
Pelo vento e pela água,
Na pureza da intenção.
E o canto da floresta,
É voz que sempre atesta,
O poder da união.
8
A saúde Mbyá ensina,
Que viver é equilibrar,
O corpo com o invisível,
E o tempo com o lugar.
Quem sente o sopro da mata,
Sabe que a alma se trata,
Quando volta a escutar.
📖 CAPÍTULO IV – AMBIENTES SAGRADOS E A TERRA SEM MAL
1
Na aldeia chamada tekoha,
É o centro da união,
Onde o povo compartilha,
A vida em comunhão.
É espaço de convivência,
De respeito e consciência,
De amor e tradição.
2
Na opy, casa sagrada,
O canto ecoa profundo,
Com reza e dança ritual,
Ligando o céu com o mundo.
O xamã guia a oração,
Que fortalece a nação,
E protege todo o fundo.
3
Na floresta o ka’aguy,
Mora a força do saber,
É mãe e mestra divina,
Que ensina a sobreviver.
Com plantas, cura e alimento,
Guarda o sagrado momento,
Do espírito renascer.
4
Mas a meta derradeira,
É a Terra sem mal, enfim,
Onde não existe dor,
Só o viver porã sem fim.
É o ideal dos Guarani,
Que até hoje está aqui,
No sonho que não tem fim.
5
Essa terra não é longe,
Nem distante ou inalcançável,
Ela mora no equilíbrio,
Do viver inquebrável.
É estado de harmonia,
De pureza e poesia,
De alma inabalável.
6
Os pajés falam baixinho,
Que o caminho está no ser,
Em viver teko porã,
E o outro compreender.
Pois quem ama e compartilha,
Faz da vida uma trilha,
Onde o bem vai florescer.
7
As aves cantam do alto,
O destino do amanhã,
E o povo escuta atento,
A canção de Ñamanduã.
Pois na voz da natureza,
Está escrita a beleza,
Que ao espírito sustém.
8
Na dança e no movimento,
O sagrado se revela,
Como estrela que caminha,
Refletida em centelha.
E o mundo se refaz,
Em pureza e em paz,
Na Terra que é tão bela.
9
Assim segue o caminhar,
Entre a mata e o luar,
Com o coração sagrado,
E o espírito a sonhar.
Pois quem busca sem maldade,
Encontra na verdade,
O eterno recomeçar.
🌅 ENCERRAMENTO
Assim termina este canto,
De origem e cosmovisão,
Dos Guarani tão antigos,
Na floresta em oração.
Sua palavra é ponte,
Do passado até o horizonte,
Na eterna renovação.
🌌 EPÍLOGO POÉTICO
Que o leitor guarde na alma,
A lição do Guarani,
Que na busca da harmonia,
Mostra o caminho daqui.
Entre corpo, céu e chão,
Entre canto e oração,
Segue a vida por aqui.
📚 NOTA DE FONTES (em cordel)
Para compor este cordel,
Usei livros de valor,
De mestres que registraram,
A cultura com amor.
Deixo aqui rimado e belo,
As fontes que dão o selo,
Do saber inspirador.
Cadogan com seus escritos,
“No Ayvu Rapyta” fiel,
Mostrou mitos e cantigas,
Do Guarani tão singel.
Com Meliá veio a visão,
Do povo em dominação,
Num registro de papel.
Aracy e Grupioni,
Do Brasil indígena inteiro,
Reuniram em São Paulo,
Um estudo verdadeiro.
Roberto Morin também,
Mostrou a Terra do bem,
Com olhar forte e certeiro.
Pierri nos trouxe a alma,
E seu corpo a dialogar,
Egon Schaden revelou,
Aspectos pra estudar.
Tereza Silveira então,
Mostrou a cura e a ação,
Da opy a nos guiar.
🎨 FICHA TÉCNICA
Título: A Origem e a Cosmovisão dos Guarani em Cordel
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Edição Literária e Pesquisa: Nhenety Kariri-Xocó
Ilustrações Digitais e Edição Visual: ChatGPT (Assistente Virtual)
Revisão e Diagramação: ChatGPT | Edição Assistida
Formato: A5 – Edição Digital e Impressa
Ano: 2025
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados
Contato e Publicação: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
🌾 EPÍLOGO FINAL
Nos caminhos do saber,
Cada verso é uma raiz,
Que floresce em toda aldeia,
E o espírito conduz feliz.
Guarani e Kariri,
São rios dentro de mim,
Correndo pro mesmo país.
Que este cordel seja ponte,
Entre o humano e o divino,
Entre o mito e a ciência,
Entre o velho e o menino.
Pois só quem ouve a floresta,
E nela o canto manifesta,
Sabe o sentido do destino.
Assim fecho este relato,
De fé, palavra e missão,
Gravado na folha antiga,
Do sagrado coração.
Que o vento leve esse canto,
E em cada aldeia e recanto,
Floresça nova canção.
🌻 QUARTA CAPA POÉTICA
Entre o céu e a mata viva,
Ecoa o verbo ancestral,
Que conta dos Guarani,
Seu viver espiritual.
Na Terra sem Mal sonhada,
A palavra é celebrada,
Como caminho imortal.
Este cordel é reza antiga,
Em versos de devoção,
Que unem povos e memórias,
Numa só canção.
Pois quem lê com o coração,
Desperta a recordação,
Do sagrado em união.
🌺 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias, pesquisador da tradição oral e defensor das culturas originárias do Brasil.
Pertencente ao povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL), dedica sua escrita à preservação da memória ancestral, unindo poesia, espiritualidade e conhecimento indígena.
Seus cordéis e livros são pontes entre o passado e o presente, entre o sagrado e o poético — trazendo ao leitor a sabedoria dos povos da floresta e do sertão.
🌄 SOBRE A OBRA
“A Origem e a Cosmovisão dos Guarani em Cordel” é um cântico poético e etnográfico que reúne, em versos rimados, o universo espiritual, filosófico e cultural do povo Guarani.
Inspirado em fontes clássicas e no saber oral indígena, o cordel traduz o modo de ver o mundo dos Guarani — desde a criação, a estrutura dos céus e das almas, até o ideal da Terra sem Mal.
Mais do que uma narrativa literária, esta obra é uma oferenda à sabedoria ancestral, à espiritualidade viva e ao diálogo entre os povos originários do continente.
Esta obra foi inspirada e fundamentada com estudo do autor no artigo publicado no seu blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM"
disponível em: https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/a-origem-e-cosmovisao-dos-guarani.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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