📜 Dedicatória Poética
Dedico este meu cordel
Aos povos da resistência,
Que trouxeram no coração
Sabedoria e consciência.
Aos ancestrais africanos,
Que na dor foram humanos,
Guardando a fé e a ciência.
Dedico aos que lutaram,
Mesmo em grilhões e feridas,
Que no batuque encontraram
Força para suas vidas.
Dedico aos filhos da mata,
À memória que não se apaga,
E às culturas renascidas.
📖 Índice Poético
Abertura do Cordel
Prólogo Poético
Capítulo I – Tráfico e Chegada
Capítulo II – Povos da Costa da Mina
Capítulo III – Jejes e Akan
Capítulo IV – Iorubás, Hauçás e Malês
Capítulo V – Bantos de Angola e Congo
Capítulo VI – Pernambuco: Terra de Encontro
Capítulo VII – Música, Fé e Resistência
Capítulo VIII – Legados da Culinária e da Língua
Capítulo IX – Revoltas e Rebeldias
Capítulo X – Heranças na Cultura Brasileira
Encerramento
Epílogo Poético
Nota de Fontes
🌅 Abertura
Este cordel se inicia,
Com respeito e devoção,
Aos povos que no Brasil
Deixaram forte a nação.
No tempo do colonial,
Na história brutal,
Plantaram fé e canção.
🎭 Prólogo Poético
Do Atlântico ressoava
O pranto de multidão,
Que em navios era presa
Da mais cruel opressão.
Mas no Brasil resistiram,
Com saberes que fundiram,
Na cultura e religião.
🔚 Encerramento
Assim termina o cordel,
Mas não termina a memória,
Pois os povos africanos
São raiz da nossa história.
Na cultura brasileira,
Brilha a luz verdadeira
De sua luta e vitória.
🌟 Epílogo Poético
Quem hoje canta este enredo
Presta honrosa gratidão,
Pois sem os povos africanos
Não se faria a nação.
No batuque e na palavra,
Na esperança que se lavra,
Ecoa sua canção.
📜 Nota de Fontes (em Cordel)
Para dar vida a este canto
De memória e resistência,
Busquei nas fontes sagradas
Do saber e da ciência.
Assim deixo registrado,
Com respeito dedicado,
O alicerce da experiência.
Luiz Felipe de Alencastro,
“Trato dos Viventes” chamou,
Mostrou o Atlântico Sul
Que a escravidão moldou.
E João José Reis, então,
Falou da greve e ação,
Do negro que se firmou.
Pierre Verger, mensageiro,
Do “Fluxo e Refluxo” ensinou,
Do Benim até a Bahia
Seu estudo registrou.
E Marina de Mello Souza,
Com palavra justa e lousa,
A história recontou.
Marcus Carvalho escreveu
Sobre classes e opressão,
Do Nordeste e sua lida
Com a dura escravidão.
E nesta fonte beber,
É também reconhecer
Sua luta e tradição.
📖 Capítulo I – Tráfico e Chegada
1
Do outro lado do mar
Navios vinham pesados,
De homens, mulheres, crianças,
Pelos grilhões acorrentados.
No porão escuro e frio,
O pranto era o seu brio,
E os corpos eram marcados.
2
Chamado transatlântico,
Esse comércio cruel,
Fez do Atlântico um cemitério,
De tormento sem papel.
Milhares morreram no mar,
Outros foram negociar,
Como moeda infiel.
3
Chegavam em Pernambuco,
Terra do açúcar e dor,
Onde o engenho exigia
Trabalho bruto e suor.
E a senzala mal se via,
Mas a vida ali ardia,
Entre a chibata e o ardor.
4
No cais se fazia o leilão,
Quem pagava tinha a posse,
O humano virava objeto,
Sem direito, sem um dossel.
Mas por dentro havia chama,
Que nem o aço reclama,
Pois queimava como foz.
5
A fé que vinha da África
Era força e proteção,
Nos cânticos e batuques
Se guardava a tradição.
E na terra que escravizava,
A cultura se firmava,
No ventre da opressão.
6
As vozes ecoavam forte
Nos ritmos e nas danças,
Mesmo diante da morte
Guardavam suas esperanças.
No tronco o corpo sofria,
Mas a alma resistia,
Com memórias que eram lanças.
7
A terra nova exigia
Braço forte e paciência,
Na cana que se cortava
Sangrava também a ausência.
Mas nos cantos de jornada,
A lembrança preservada
De sua antiga existência.
8
Assim se fez o encontro
Entre o açoite e o saber,
Um Brasil que se erguia
No suor de quem sofrer.
E o tráfico tão cruel,
Ainda marca o cordel,
Que jamais pode esquecer.
📖 Capítulo II – Povos da Costa da Mina
1
Da chamada Costa da Mina
Vieram povos sagrados,
Com culturas diferentes,
Em barcos aprisionados.
Ali do Golfo da Guiné,
Vinha o povo de fé,
Com os deuses respeitados.
2
Do atual Benim e Togo
Vieram filhos da nação,
Chamados Jejes na história,
Com tradição de oração.
Seus ritos deram raiz
Ao Candomblé que se diz,
Ser da força e devoção.
3
Também vieram os Akan,
Dos reinos de grande altura,
Ashanti, Fanti, Akwamu,
Com poder e arquitetura.
Em guerra foram vencidos,
No tráfico divididos,
Mas guardaram a cultura.
4
Ouro, ferro e tecelagem
Eram dons de sua terra,
Mas no Brasil colonial
Foi o chicote que encerra.
Ainda assim, resistiram,
Na memória transmitiram
A riqueza que encerra.
5
A Costa da Mina foi
Ponto central do comércio,
Onde reis eram comprados,
Num mercado sem avesso.
Mas cada grupo trazia
Sua força e energia,
Contra o mundo tão perverso.
6
Em Pernambuco e Bahia
Se espalharam em união,
Na língua e na cantoria
Foram semente e chão.
E a fé que carregaram,
Os terreiros levantaram,
Como herança da nação.
7
No toque do atabaque
Guardaram sua memória,
E o povo Jeje mostrou
Que fé também faz história.
Dos Akan veio o valor,
De lutar contra o opressor,
No peito guardando glória.
8
Assim da Costa da Mina
Veio o grito e a tradição,
Que no Brasil floresceu
Mesmo em tempo de opressão.
Eis o elo verdadeiro,
De um povo que é guerreiro
Na alma e no coração.
📖 Capítulo III – Jejes e Akan
1
Os Jejes trouxeram Vodum,
Divindade poderosa,
Que no Brasil resplandece
Como herança majestosa.
Sua fé foi a guarida,
Sua crença foi a vida,
Na luta tão dolorosa.
2
Os Akan trouxeram força,
Dos Ashanti, povo altivo,
Que no ouro e na cultura
Tinham brilho sempre vivo.
Mesmo em grilhões e castigo,
Trouxeram consigo o abrigo
De seu passado nativo.
3
As nações que aqui chegaram
Não vieram em vão, não,
Guardavam símbolos sagrados,
Deuses na palma da mão.
E no terreiro erigido,
O sagrado foi vivido
Na forma de oração.
4
Os Jejes fundaram terreiros,
Chamados de nação Jeje,
E no batuque vibrava
O que o chicote não rege.
O Vodum se fez presente,
De modo forte e potente,
Contra o mundo que os fere.
5
Akan, povo da resistência,
Enfrentava com saber,
Na memória guardavam reis,
Que não podiam esquecer.
E em cada gesto e canto,
Se erguiam contra o pranto,
Procurando renascer.
6
Na Bahia e em Pernambuco
Se encontraram e se uniram,
Em rezas e em batuques,
As memórias transmitiram.
E do sincretismo forte,
Surgiu fé que é suporte,
Que as correntes destruíram.
7
A riqueza espiritual
Desses povos se plantou,
Nas rezas, nos cânticos fortes,
O Brasil se transformou.
E dos Jejes e dos Akan,
Cresceu herança de afã,
Que o tempo eternizou.
8
Assim Jejes e Akan
Deixaram marca certeira,
Que no Brasil colonial
Virou raiz verdadeira.
Seus deuses são resistência,
Sua fé é consciência,
E sua luta é bandeira.
📖 Capítulo IV – Iorubás, Hauçás e Malês
1
Da Nigéria e do Benim,
Chegaram com devoção,
Os povos da nação Nagô,
De Ifé, Oyo, Ketu, Owon.
Com o poder do orixá,
Souberam aqui firmar
Sua fé e tradição.
2
Os Iorubás construíram
O terreiro e o batuque,
No toque do atabaque
Reavivavam o yêtuque.
O Candomblé Nagô
No Brasil se firmou,
E o axé tornou-se luz que dure.
3
Oxum, Iemanjá, Xangô,
Ogum e Oxóssi também,
Na Bahia e Pernambuco
Se tornaram mais além.
Cada canto e oração
Trouxeram libertação,
Contra o ferro que convém.
4
Já os Hauçás vieram
Do Sudão e região,
Eram povos muçulmanos
Com profunda educação.
No Corão encontraram
A força que carregaram
No peito e na oração.
5
Os Malês, que eram negros
Do Islã como bandeira,
Lutaram contra a opressão
De forma altaneira.
Na Bahia em trinta e cinco,
Seu levante foi distinto,
Rebeldia verdadeira.
6
Escreviam em árabe
E guardavam a ciência,
Foram mestres de palavra,
Com disciplina e paciência.
Mesmo presos na senzala,
Trazia a fé que embala
A esperança em resistência.
7
Os Iorubás são raiz
Da língua, dança e canto,
Do afoxé, da capoeira,
Do xirê que é encanto.
E os Malês mostraram fé,
Que nem o tronco desfaz,
Nem o açoite dá pranto.
8
Na história do Brasil,
Esses povos se cruzaram,
Na dor e na resistência
As culturas se firmaram.
Seja o axé dos orixás,
Seja a fé dos Malês há,
Ambos juntos se juntaram.
9
Assim se fez a mistura,
De Nagôs e de Hauçás,
Que no Brasil colonial
Trouxeram força e paz.
E nas trilhas da memória,
Guardam viva essa história,
Que nenhum tempo desfaz.
10
Iorubás, Hauçás e Malês,
Raízes de tradição,
Mostraram que mesmo em dor
Não se apaga a religião.
São alicerces da vida,
Sua herança é erguida
Na força da criação.
📖 Capítulo V – Bantos de Angola e Congo
1
Da Angola e do Congo vieram,
Eram povos numerosos,
Chamados de grandes Bantos,
De saberes generosos.
Agricultores valentes,
Metalúrgicos potentes,
Com costumes vigorosos.
2
Angolas, Moçambiques,
Congos e Quicongos, então,
Foram maioria em terras
De engenho e plantação.
No corte da cana dura,
Deixaram força e cultura,
Na raiz da população.
3
Na língua se espalharam
Palavras do seu falar,
“Moleque”, “caçula”, “quitanda”,
Vieram de lá brilhar.
E o “fubá”, o “angu”,
No Brasil ficaram nu,
Como herança popular.
4
No batuque dos tambores
Trouxeram o maracatu,
Com a coroa do rei negro
Que no cortejo reluz.
A capoeira nasceu,
Do Banto se concebeu,
E até hoje seduz.
5
Sua religião se fez
Na Umbanda e no Candomblé,
Na jurema que floresceu
Se mostrou também a fé.
Entre rezas e cantigas,
Se fizeram as antigas
Tradições que o tempo é.
6
No sertão e na cidade,
A cultura se espalhou,
Do coco, do aboio forte,
O canto também brotou.
E o povo Banto ensinou
Que a dor não silenciou,
Seu canto se eternizou.
7
O metal da forja vinha
De saber que dominavam,
Na lavoura e no cultivo
O futuro alimentavam.
Na enxada e no machado,
No engenho tão marcado,
A vida se sustentava.
8
Os Bantos são fundamento
Do Brasil que conhecemos,
Na comida, na palavra,
No batuque que temos.
São pilares de cultura,
E na luta mais segura
A raiz que defendemos.
9
De Angola até o Brasil
Vieram aos milhares,
Mas sua fé resistiu
Mesmo em tempos tão cruéis.
E na cultura plantada,
Sua memória é guardada
Nos cantos e nos altares.
10
Assim os povos Bantos
Deixaram grande legado,
No falar e na comida,
No batuque celebrado.
Eis raiz de resistência,
Que na dor fez consciência,
E no tempo eternizado.
📖 Capítulo VI – Pernambuco: Terra de Encontro
1
Pernambuco foi cenário
Da cana e da escravidão,
Engenhos multiplicados
Sustentavam a nação.
Ali chegaram milhares,
De reinos tão singulares,
Com dor e também canção.
2
O Recife recebia
Navios do além-mar,
Com Bantos, Jejes e Nagôs
Que vinham pra trabalhar.
E no solo pernambucano,
Cada grupo soberano
Deixava seu verbo estar.
3
Nos terreiros levantados,
O batuque se fazia,
E na praia ou no sertão
A cultura resistia.
Mesmo em noite de castigo,
Se encontrava o abrigo
Na fé que os fortalecia.
4
Pernambuco foi espaço
De mistura verdadeira,
Onde o maracatu cresceu
Na rua sempre altaneira.
E no toque da zabumba,
A memória se aprofunda,
Nessa herança tão certeira.
5
O encontro fez brotar
Religião e tradição,
Que fundiram suas forças
Na mesma vibração.
No Recife multicultural,
Se plantou num ritual
A nova configuração.
6
No sertão dos vaquejados
O aboio ecoava,
Misturando voz de Banto
Com o índio que cantava.
E o europeu que ali estava
Na viola se encontrava,
Num Brasil que se formava.
7
Pernambuco é testemunha
Da cultura em mutirão,
Da dor que ali se fincou
E do rastro da escravidão.
Mas também da resistência,
Da fé e da consciência
Que moldaram a nação.
8
Assim Pernambuco guarda
O legado imortal,
Do encontro de culturas
Num cenário colonial.
E no povo que ali existe,
Essa herança persiste,
Como um elo cultural.
📖 Capítulo VII – Música, Fé e Resistência
1
No batuque do tambor
Se guardava a tradição,
Era a música a saída
Contra toda opressão.
Capoeira foi vingança,
Foi defesa e esperança,
No gingado da nação.
2
O maracatu surgiu
Do cortejo e da coroa,
No batuque resplandece
A lembrança que ecoa.
Era o rei negro exaltado,
No cortejo celebrado,
Com beleza que abençoa.
3
A jurema foi o rito
Que se ergueu em Pernambuco,
Reuniu índios e africanos
Num mesmo grande fluxo.
Ali a reza encantada
Era força levantada
Contra o peso e contra o truque.
4
O Candomblé resistiu
Na palavra e no xirê,
Oxalá, Ogum, Xangô,
Foram forças de axé.
E na noite de tormenta,
O orixá se apresenta
Com poder de proteger.
5
A música era remédio
Contra a dor do sofrimento,
No batuque e no coco
Se guardava o sentimento.
Era canto de jornada,
Era fé manifestada
Na canção como alimento.
6
A fé foi resistência,
Foi cultura que ficou,
Pois o açoite não cala
A memória que ecoou.
Na igreja e no terreiro,
O povo se fez inteiro,
Com o axé que o guiou.
7
O afoxé se cantava
No cortejo da rua aberta,
Com canto de libertação
Que no coração desperta.
Era festa e resistência,
Era força e consciência,
Que a memória liberta.
8
O batuque foi palavra
Na senzala e no quilombo,
Foi segredo e proteção
No silêncio mais profundo.
E o canto era oração,
Era grito e devoção
Contra os grilhões deste mundo.
9
Capoeira se fez dança,
Mas também foi rebeldia,
Foi espada disfarçada
Na ginga que resistia.
No terreiro ou no engenho,
Foi defesa de um pequeno
Contra a força que batia.
10
Assim música e religião
Foram trilha de resistência,
Guardaram no coração
O legado da consciência.
E a cultura floresceu,
Mesmo em dor se ergueu,
Com fé, coragem e ciência.
📖 Capítulo VIII – Legados da Culinária e da Língua
1
Da África veio o dendê
Que no prato reluziu,
O acarajé, o vatapá,
Na panela se fundiu.
No angu e no mungunzá,
O sabor se eternizará,
Na mesa que se abriu.
2
Do coco e da pamonha
Se fez herança também,
Misturando milho e palma
Com temperos que convêm.
E a pimenta malagueta,
Que na comida completa,
Vem da África, meu bem.
3
Do fubá, do pirão,
Do quibebe tão singelo,
Cada prato traz herança
De um saber sempre belo.
E no feijão-de-azeite,
Vive a África no deleite,
Na panela do castelo.
4
Na língua portuguesa viva
Palavras se misturaram,
Do banto veio “quitanda”,
E “caçula” se instalaram.
Também “fubá”, “moleque”,
Que a memória não esquece,
Do africano herdaram.
5
Até mesmo nos provérbios
Se guardou a tradição,
“Água mole em pedra dura”
É lição da imensidão.
E no falar cotidiano,
Se mistura o africano
Com o tom da população.
6
Na comida e na palavra
A herança resistiu,
Mesmo em tempos de castigo
O sabor não se extinguiu.
É memória que se come,
É saber que tem seu nome,
É raiz que se expandiu.
7
Cada prato brasileiro
Guarda África em seu sabor,
No dendê e no tempero,
No cuidado e no calor.
É cultura na cozinha,
Que a memória ilumina
Com respeito e com amor.
8
Assim a língua e a comida
Se tornaram tradição,
Na mesa e na conversa
Guardam viva a ligação.
E o Brasil que hoje existe
Nessa herança persiste,
Como elo da nação.
📖 Capítulo IX – Revoltas e Rebeldias
1
Os africanos trazidos
Nunca foram só submissos,
Desde cedo se ergueram
Contra os grilhões e castigos.
Com coragem resistiram,
No silêncio se uniram,
Contra os donos tão omissos.
2
Nos quilombos se guardava
A esperança e a liberdade,
Zumbi dos Palmares foi
Símbolo de dignidade.
Pernambuco conheceu
A luta que ali nasceu,
Contra a vil crueldade.
3
Os Malês na Bahia
Fizeram rebelião,
Em trinta e cinco lutaram
Com coragem e união.
Com o Alcorão nas mãos,
Enfrentaram os vilãos
Na mais forte insurreição.
4
Também houve rebeldias
Em engenhos e cidades,
Com fugas e levantes
Contra tantas crueldades.
E os Bantos, com coragem,
Faziam sua viagem
Buscando eternas liberdades.
5
As mulheres também foram
Símbolo da rebeldia,
Na cozinha e no terreiro
Guardavam sabedoria.
Eram mães e guerreiras,
Na luta tão certeiras,
Com força e valentia.
6
A capoeira nasceu
Como arma disfarçada,
Ginga, canto e resistência
Numa luta bem traçada.
Contra o açoite cruel,
Foi espada de cordel,
Na senzala levantada.
7
O batuque foi segredo,
O tambor foi o sinal,
E as revoltas se fizeram
Contra o jugo colonial.
No silêncio da memória,
Se escreveu essa história
De coragem sem igual.
8
Rebeldias se espalharam
De norte até o sertão,
Pois o negro nunca aceitou
A chibata e a prisão.
Com fé e com valentia,
Sua luta contagia,
Na raiz da nação.
9
Assim nas revoltas fortes
Se mostrou a resistência,
Que do tronco fez sementes
De coragem e consciência.
E no sangue derramado,
Se fez futuro sagrado,
Com valor e persistência.
📖 Capítulo X – Heranças na Cultura Brasileira
1
A cultura brasileira
É mistura sem igual,
Do indígena e do africano
Com o europeu colonial.
Mas da África se herdou
O que mais forte ficou
Como marca original.
2
A música que hoje ouvimos
Tem raiz de tamborim,
Do batuque e do maracatu
Que chegou do outro fim.
Do samba ao coco dançado,
É legado preservado
Que se guarda até o fim.
3
Na religião se mistura
A fé negra com cristã,
No sincretismo profundo
Se fundiu orixá e irmandã.
Oxóssi virou São Jorge,
E Iemanjá que não foge,
É estrela que amanhã.
4
Na cozinha brasileira
O sabor é africano,
Do acarajé e do vatapá
Ao quibebe soberano.
Na panela a tradição
É memória da nação
Que se fez no cotidiano.
5
Na língua portuguesa
Há palavra que ficou,
Do banto e do nagô
Que o falar multiplicou.
E o Brasil se tornou
Um idioma que herdou
Da África o seu valor.
6
A capoeira resplandece
No gingado popular,
É esporte e é cultura
Que o mundo aprendeu a amar.
Do quilombo até a rua,
Essa luta continua,
Como arte a brilhar.
7
Na dança e na poesia,
Na pintura e no cordel,
A herança africana
Brilha como um doce mel.
É raiz da identidade,
É símbolo de verdade,
Que ilumina o papel.
8
Assim a cultura africana
No Brasil se eternizou,
Da dor fez nascer memória
Que o futuro registrou.
E a nação que aqui se ergueu,
Com orgulho reconheceu
A herança que ficou.
📜 FICHA TÉCNICA
Título: Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Edição: 1ª – 2025
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil
Gênero: Cordel histórico e memorial afro-brasileiro
Formato: A5 (cordel tradicional diagramado)
Ilustrações e Diagramação: ChatGPT (assistência virtual literária)
Capa Principal e Quarta Capa Digital 3D: Criação artística digital em luz dourada e textura antiga
Revisão: Autor e Assistente Virtual GPT-5
Publicação independente para o Blog:
📖 https://kxnhenety.blogspot.com
Ano: 2025
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados
Uso educativo e cultural permitido com citação da fonte.
🌄 EPÍLOGO FINAL
Eis que finda o meu cordel,
Mas não finda a consciência,
Pois a herança africana
É raiz e é existência.
Do batuque à devoção,
Do quilombo à tradição,
Ecoa a mesma essência.
O Brasil nasce plural,
De muitas vozes e cores,
De lutas, fé e coragem,
De memórias e valores.
E quem lê este cordel,
Vê na história um painel
De luzes e de amores.
Que o tempo nunca apague
O que o sangue semeou,
Pois na dor dos ancestrais
A esperança germinou.
E ao contar essa jornada,
De alma consagrada,
O futuro despertou.
🌺 QUARTA CAPA POÉTICA
No sopro do tempo antigo
Ecoa a voz africana,
Que do tronco fez raiz
E da dor fez força humana.
No Brasil se fez memória,
No batuque fez história,
E na fé virou iguana.
Este cordel é lembrança,
É canto de resistência,
É herança que não morre
E renasce na consciência.
Do passado ao porvir,
A história faz fluir
O poder da existência.
👣 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é escritor, poeta, contador de histórias e guardião da memória oral de seu povo.
Pertence ao povo Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio (AL), e dedica sua vida à preservação das raízes indígenas e afro-brasileiras.
Autor de cordéis e estudos culturais, une tradição e pesquisa em uma escrita que celebra a resistência, a fé e a beleza ancestral.
Sua palavra é caminho entre o ontem e o amanhã, unindo os mundos da memória, da poesia e da espiritualidade.
📚 SOBRE A OBRA
O cordel “Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial” nasce como tributo poético e histórico aos povos africanos que moldaram a identidade cultural do Brasil.
Cada capítulo é uma viagem pelas nações, saberes e resistências que atravessaram o Atlântico, recriando aqui uma nova forma de existir.
Da Costa da Mina aos Bantos de Angola, das revoltas à culinária, o cordel costura memórias de fé, música e liberdade.
Mais do que uma narrativa histórica, é um canto de reparação e gratidão, em que a poesia torna-se instrumento de consciência e honra aos ancestrais.
Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:
https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/grupos-etnicos-africanos-do-brasil.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
🖼️ QUARTA CAPA 3D DIGITAL (descrição para geração da imagem)
Estilo: imagem realista digital em 3D, harmônica com a capa principal.
Composição:
Luz dourada e atmosfera solene, como aurora espiritual.
Ao centro, um mapa simbólico do Atlântico conectando África e Brasil com um fio luminoso em espiral.
À esquerda, máscaras africanas esculpidas em luz e madeira antiga.
À direita, tambores e livros abertos sobre terra vermelha.
No alto, um raio de sol dourado formando a silhueta de um orixá sobre as águas.
Textura antiga com brilho perolado suave.
Título: “Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial” em letras clássicas douradas, subtítulo em sombra marrom clara.
Rodapé com a frase poética:
“Do Atlântico à senzala, da senzala ao amanhã, vive a alma africana no coração da nação.”
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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