sábado, 27 de setembro de 2025

GRUPOS ÉTNICOS AFRICANOS DO BRASIL COLONIAL, Cordel de Nhenety Kariri-Xocó






📜 Dedicatória Poética


Dedico este meu cordel

Aos povos da resistência,

Que trouxeram no coração

Sabedoria e consciência.

Aos ancestrais africanos,

Que na dor foram humanos,

Guardando a fé e a ciência.


Dedico aos que lutaram,

Mesmo em grilhões e feridas,

Que no batuque encontraram

Força para suas vidas.

Dedico aos filhos da mata,

À memória que não se apaga,

E às culturas renascidas.


📖 Índice Poético


Abertura do Cordel


Prólogo Poético


Capítulo I – Tráfico e Chegada


Capítulo II – Povos da Costa da Mina


Capítulo III – Jejes e Akan


Capítulo IV – Iorubás, Hauçás e Malês


Capítulo V – Bantos de Angola e Congo


Capítulo VI – Pernambuco: Terra de Encontro


Capítulo VII – Música, Fé e Resistência


Capítulo VIII – Legados da Culinária e da Língua


Capítulo IX – Revoltas e Rebeldias


Capítulo X – Heranças na Cultura Brasileira


Encerramento


Epílogo Poético


Nota de Fontes


🌅 Abertura


Este cordel se inicia,

Com respeito e devoção,

Aos povos que no Brasil

Deixaram forte a nação.

No tempo do colonial,

Na história brutal,

Plantaram fé e canção.


🎭 Prólogo Poético


Do Atlântico ressoava

O pranto de multidão,

Que em navios era presa

Da mais cruel opressão.

Mas no Brasil resistiram,

Com saberes que fundiram,

Na cultura e religião.


🔚 Encerramento


Assim termina o cordel,

Mas não termina a memória,

Pois os povos africanos

São raiz da nossa história.

Na cultura brasileira,

Brilha a luz verdadeira

De sua luta e vitória.


🌟 Epílogo Poético


Quem hoje canta este enredo

Presta honrosa gratidão,

Pois sem os povos africanos

Não se faria a nação.

No batuque e na palavra,

Na esperança que se lavra,

Ecoa sua canção.


📜 Nota de Fontes (em Cordel)


Para dar vida a este canto

De memória e resistência,

Busquei nas fontes sagradas

Do saber e da ciência.

Assim deixo registrado,

Com respeito dedicado,

O alicerce da experiência.


Luiz Felipe de Alencastro,

“Trato dos Viventes” chamou,

Mostrou o Atlântico Sul

Que a escravidão moldou.

E João José Reis, então,

Falou da greve e ação,

Do negro que se firmou.


Pierre Verger, mensageiro,

Do “Fluxo e Refluxo” ensinou,

Do Benim até a Bahia

Seu estudo registrou.

E Marina de Mello Souza,

Com palavra justa e lousa,

A história recontou.


Marcus Carvalho escreveu

Sobre classes e opressão,

Do Nordeste e sua lida

Com a dura escravidão.

E nesta fonte beber,

É também reconhecer

Sua luta e tradição.



📖 Capítulo I – Tráfico e Chegada


1

Do outro lado do mar

Navios vinham pesados,

De homens, mulheres, crianças,

Pelos grilhões acorrentados.

No porão escuro e frio,

O pranto era o seu brio,

E os corpos eram marcados.


2

Chamado transatlântico,

Esse comércio cruel,

Fez do Atlântico um cemitério,

De tormento sem papel.

Milhares morreram no mar,

Outros foram negociar,

Como moeda infiel.


3

Chegavam em Pernambuco,

Terra do açúcar e dor,

Onde o engenho exigia

Trabalho bruto e suor.

E a senzala mal se via,

Mas a vida ali ardia,

Entre a chibata e o ardor.


4

No cais se fazia o leilão,

Quem pagava tinha a posse,

O humano virava objeto,

Sem direito, sem um dossel.

Mas por dentro havia chama,

Que nem o aço reclama,

Pois queimava como foz.


5

A fé que vinha da África

Era força e proteção,

Nos cânticos e batuques

Se guardava a tradição.

E na terra que escravizava,

A cultura se firmava,

No ventre da opressão.


6

As vozes ecoavam forte

Nos ritmos e nas danças,

Mesmo diante da morte

Guardavam suas esperanças.

No tronco o corpo sofria,

Mas a alma resistia,

Com memórias que eram lanças.


7

A terra nova exigia

Braço forte e paciência,

Na cana que se cortava

Sangrava também a ausência.

Mas nos cantos de jornada,

A lembrança preservada

De sua antiga existência.


8

Assim se fez o encontro

Entre o açoite e o saber,

Um Brasil que se erguia

No suor de quem sofrer.

E o tráfico tão cruel,

Ainda marca o cordel,

Que jamais pode esquecer.


📖 Capítulo II – Povos da Costa da Mina


1

Da chamada Costa da Mina

Vieram povos sagrados,

Com culturas diferentes,

Em barcos aprisionados.

Ali do Golfo da Guiné,

Vinha o povo de fé,

Com os deuses respeitados.


2

Do atual Benim e Togo

Vieram filhos da nação,

Chamados Jejes na história,

Com tradição de oração.

Seus ritos deram raiz

Ao Candomblé que se diz,

Ser da força e devoção.


3

Também vieram os Akan,

Dos reinos de grande altura,

Ashanti, Fanti, Akwamu,

Com poder e arquitetura.

Em guerra foram vencidos,

No tráfico divididos,

Mas guardaram a cultura.


4

Ouro, ferro e tecelagem

Eram dons de sua terra,

Mas no Brasil colonial

Foi o chicote que encerra.

Ainda assim, resistiram,

Na memória transmitiram

A riqueza que encerra.


5

A Costa da Mina foi

Ponto central do comércio,

Onde reis eram comprados,

Num mercado sem avesso.

Mas cada grupo trazia

Sua força e energia,

Contra o mundo tão perverso.


6

Em Pernambuco e Bahia

Se espalharam em união,

Na língua e na cantoria

Foram semente e chão.

E a fé que carregaram,

Os terreiros levantaram,

Como herança da nação.


7

No toque do atabaque

Guardaram sua memória,

E o povo Jeje mostrou

Que fé também faz história.

Dos Akan veio o valor,

De lutar contra o opressor,

No peito guardando glória.


8

Assim da Costa da Mina

Veio o grito e a tradição,

Que no Brasil floresceu

Mesmo em tempo de opressão.

Eis o elo verdadeiro,

De um povo que é guerreiro

Na alma e no coração.


📖 Capítulo III – Jejes e Akan


1

Os Jejes trouxeram Vodum,

Divindade poderosa,

Que no Brasil resplandece

Como herança majestosa.

Sua fé foi a guarida,

Sua crença foi a vida,

Na luta tão dolorosa.


2

Os Akan trouxeram força,

Dos Ashanti, povo altivo,

Que no ouro e na cultura

Tinham brilho sempre vivo.

Mesmo em grilhões e castigo,

Trouxeram consigo o abrigo

De seu passado nativo.


3

As nações que aqui chegaram

Não vieram em vão, não,

Guardavam símbolos sagrados,

Deuses na palma da mão.

E no terreiro erigido,

O sagrado foi vivido

Na forma de oração.


4

Os Jejes fundaram terreiros,

Chamados de nação Jeje,

E no batuque vibrava

O que o chicote não rege.

O Vodum se fez presente,

De modo forte e potente,

Contra o mundo que os fere.


5

Akan, povo da resistência,

Enfrentava com saber,

Na memória guardavam reis,

Que não podiam esquecer.

E em cada gesto e canto,

Se erguiam contra o pranto,

Procurando renascer.


6

Na Bahia e em Pernambuco

Se encontraram e se uniram,

Em rezas e em batuques,

As memórias transmitiram.

E do sincretismo forte,

Surgiu fé que é suporte,

Que as correntes destruíram.


7

A riqueza espiritual

Desses povos se plantou,

Nas rezas, nos cânticos fortes,

O Brasil se transformou.

E dos Jejes e dos Akan,

Cresceu herança de afã,

Que o tempo eternizou.


8

Assim Jejes e Akan

Deixaram marca certeira,

Que no Brasil colonial

Virou raiz verdadeira.

Seus deuses são resistência,

Sua fé é consciência,

E sua luta é bandeira.



📖 Capítulo IV – Iorubás, Hauçás e Malês


1

Da Nigéria e do Benim,

Chegaram com devoção,

Os povos da nação Nagô,

De Ifé, Oyo, Ketu, Owon.

Com o poder do orixá,

Souberam aqui firmar

Sua fé e tradição.


2

Os Iorubás construíram

O terreiro e o batuque,

No toque do atabaque

Reavivavam o yêtuque.

O Candomblé Nagô

No Brasil se firmou,

E o axé tornou-se luz que dure.


3

Oxum, Iemanjá, Xangô,

Ogum e Oxóssi também,

Na Bahia e Pernambuco

Se tornaram mais além.

Cada canto e oração

Trouxeram libertação,

Contra o ferro que convém.


4

Já os Hauçás vieram

Do Sudão e região,

Eram povos muçulmanos

Com profunda educação.

No Corão encontraram

A força que carregaram

No peito e na oração.


5

Os Malês, que eram negros

Do Islã como bandeira,

Lutaram contra a opressão

De forma altaneira.

Na Bahia em trinta e cinco,

Seu levante foi distinto,

Rebeldia verdadeira.


6

Escreviam em árabe

E guardavam a ciência,

Foram mestres de palavra,

Com disciplina e paciência.

Mesmo presos na senzala,

Trazia a fé que embala

A esperança em resistência.


7

Os Iorubás são raiz

Da língua, dança e canto,

Do afoxé, da capoeira,

Do xirê que é encanto.

E os Malês mostraram fé,

Que nem o tronco desfaz,

Nem o açoite dá pranto.


8

Na história do Brasil,

Esses povos se cruzaram,

Na dor e na resistência

As culturas se firmaram.

Seja o axé dos orixás,

Seja a fé dos Malês há,

Ambos juntos se juntaram.


9

Assim se fez a mistura,

De Nagôs e de Hauçás,

Que no Brasil colonial

Trouxeram força e paz.

E nas trilhas da memória,

Guardam viva essa história,

Que nenhum tempo desfaz.


10

Iorubás, Hauçás e Malês,

Raízes de tradição,

Mostraram que mesmo em dor

Não se apaga a religião.

São alicerces da vida,

Sua herança é erguida

Na força da criação.


📖 Capítulo V – Bantos de Angola e Congo


1

Da Angola e do Congo vieram,

Eram povos numerosos,

Chamados de grandes Bantos,

De saberes generosos.

Agricultores valentes,

Metalúrgicos potentes,

Com costumes vigorosos.


2

Angolas, Moçambiques,

Congos e Quicongos, então,

Foram maioria em terras

De engenho e plantação.

No corte da cana dura,

Deixaram força e cultura,

Na raiz da população.


3

Na língua se espalharam

Palavras do seu falar,

“Moleque”, “caçula”, “quitanda”,

Vieram de lá brilhar.

E o “fubá”, o “angu”,

No Brasil ficaram nu,

Como herança popular.


4

No batuque dos tambores

Trouxeram o maracatu,

Com a coroa do rei negro

Que no cortejo reluz.

A capoeira nasceu,

Do Banto se concebeu,

E até hoje seduz.


5

Sua religião se fez

Na Umbanda e no Candomblé,

Na jurema que floresceu

Se mostrou também a fé.

Entre rezas e cantigas,

Se fizeram as antigas

Tradições que o tempo é.


6

No sertão e na cidade,

A cultura se espalhou,

Do coco, do aboio forte,

O canto também brotou.

E o povo Banto ensinou

Que a dor não silenciou,

Seu canto se eternizou.


7

O metal da forja vinha

De saber que dominavam,

Na lavoura e no cultivo

O futuro alimentavam.

Na enxada e no machado,

No engenho tão marcado,

A vida se sustentava.


8

Os Bantos são fundamento

Do Brasil que conhecemos,

Na comida, na palavra,

No batuque que temos.

São pilares de cultura,

E na luta mais segura

A raiz que defendemos.


9

De Angola até o Brasil

Vieram aos milhares,

Mas sua fé resistiu

Mesmo em tempos tão cruéis.

E na cultura plantada,

Sua memória é guardada

Nos cantos e nos altares.


10

Assim os povos Bantos

Deixaram grande legado,

No falar e na comida,

No batuque celebrado.

Eis raiz de resistência,

Que na dor fez consciência,

E no tempo eternizado.


📖 Capítulo VI – Pernambuco: Terra de Encontro


1

Pernambuco foi cenário

Da cana e da escravidão,

Engenhos multiplicados

Sustentavam a nação.

Ali chegaram milhares,

De reinos tão singulares,

Com dor e também canção.


2

O Recife recebia

Navios do além-mar,

Com Bantos, Jejes e Nagôs

Que vinham pra trabalhar.

E no solo pernambucano,

Cada grupo soberano

Deixava seu verbo estar.


3

Nos terreiros levantados,

O batuque se fazia,

E na praia ou no sertão

A cultura resistia.

Mesmo em noite de castigo,

Se encontrava o abrigo

Na fé que os fortalecia.


4

Pernambuco foi espaço

De mistura verdadeira,

Onde o maracatu cresceu

Na rua sempre altaneira.

E no toque da zabumba,

A memória se aprofunda,

Nessa herança tão certeira.


5

O encontro fez brotar

Religião e tradição,

Que fundiram suas forças

Na mesma vibração.

No Recife multicultural,

Se plantou num ritual

A nova configuração.


6

No sertão dos vaquejados

O aboio ecoava,

Misturando voz de Banto

Com o índio que cantava.

E o europeu que ali estava

Na viola se encontrava,

Num Brasil que se formava.


7

Pernambuco é testemunha

Da cultura em mutirão,

Da dor que ali se fincou

E do rastro da escravidão.

Mas também da resistência,

Da fé e da consciência

Que moldaram a nação.


8

Assim Pernambuco guarda

O legado imortal,

Do encontro de culturas

Num cenário colonial.

E no povo que ali existe,

Essa herança persiste,

Como um elo cultural.


📖 Capítulo VII – Música, Fé e Resistência


1

No batuque do tambor

Se guardava a tradição,

Era a música a saída

Contra toda opressão.

Capoeira foi vingança,

Foi defesa e esperança,

No gingado da nação.


2

O maracatu surgiu

Do cortejo e da coroa,

No batuque resplandece

A lembrança que ecoa.

Era o rei negro exaltado,

No cortejo celebrado,

Com beleza que abençoa.


3

A jurema foi o rito

Que se ergueu em Pernambuco,

Reuniu índios e africanos

Num mesmo grande fluxo.

Ali a reza encantada

Era força levantada

Contra o peso e contra o truque.


4

O Candomblé resistiu

Na palavra e no xirê,

Oxalá, Ogum, Xangô,

Foram forças de axé.

E na noite de tormenta,

O orixá se apresenta

Com poder de proteger.


5

A música era remédio

Contra a dor do sofrimento,

No batuque e no coco

Se guardava o sentimento.

Era canto de jornada,

Era fé manifestada

Na canção como alimento.


6

A fé foi resistência,

Foi cultura que ficou,

Pois o açoite não cala

A memória que ecoou.

Na igreja e no terreiro,

O povo se fez inteiro,

Com o axé que o guiou.


7

O afoxé se cantava

No cortejo da rua aberta,

Com canto de libertação

Que no coração desperta.

Era festa e resistência,

Era força e consciência,

Que a memória liberta.


8

O batuque foi palavra

Na senzala e no quilombo,

Foi segredo e proteção

No silêncio mais profundo.

E o canto era oração,

Era grito e devoção

Contra os grilhões deste mundo.


9

Capoeira se fez dança,

Mas também foi rebeldia,

Foi espada disfarçada

Na ginga que resistia.

No terreiro ou no engenho,

Foi defesa de um pequeno

Contra a força que batia.


10

Assim música e religião

Foram trilha de resistência,

Guardaram no coração

O legado da consciência.

E a cultura floresceu,

Mesmo em dor se ergueu,

Com fé, coragem e ciência.


📖 Capítulo VIII – Legados da Culinária e da Língua


1

Da África veio o dendê

Que no prato reluziu,

O acarajé, o vatapá,

Na panela se fundiu.

No angu e no mungunzá,

O sabor se eternizará,

Na mesa que se abriu.


2

Do coco e da pamonha

Se fez herança também,

Misturando milho e palma

Com temperos que convêm.

E a pimenta malagueta,

Que na comida completa,

Vem da África, meu bem.


3

Do fubá, do pirão,

Do quibebe tão singelo,

Cada prato traz herança

De um saber sempre belo.

E no feijão-de-azeite,

Vive a África no deleite,

Na panela do castelo.


4

Na língua portuguesa viva

Palavras se misturaram,

Do banto veio “quitanda”,

E “caçula” se instalaram.

Também “fubá”, “moleque”,

Que a memória não esquece,

Do africano herdaram.


5

Até mesmo nos provérbios

Se guardou a tradição,

“Água mole em pedra dura”

É lição da imensidão.

E no falar cotidiano,

Se mistura o africano

Com o tom da população.


6

Na comida e na palavra

A herança resistiu,

Mesmo em tempos de castigo

O sabor não se extinguiu.

É memória que se come,

É saber que tem seu nome,

É raiz que se expandiu.


7

Cada prato brasileiro

Guarda África em seu sabor,

No dendê e no tempero,

No cuidado e no calor.

É cultura na cozinha,

Que a memória ilumina

Com respeito e com amor.


8

Assim a língua e a comida

Se tornaram tradição,

Na mesa e na conversa

Guardam viva a ligação.

E o Brasil que hoje existe

Nessa herança persiste,

Como elo da nação.


📖 Capítulo IX – Revoltas e Rebeldias


1

Os africanos trazidos

Nunca foram só submissos,

Desde cedo se ergueram

Contra os grilhões e castigos.

Com coragem resistiram,

No silêncio se uniram,

Contra os donos tão omissos.


2

Nos quilombos se guardava

A esperança e a liberdade,

Zumbi dos Palmares foi

Símbolo de dignidade.

Pernambuco conheceu

A luta que ali nasceu,

Contra a vil crueldade.


3

Os Malês na Bahia

Fizeram rebelião,

Em trinta e cinco lutaram

Com coragem e união.

Com o Alcorão nas mãos,

Enfrentaram os vilãos

Na mais forte insurreição.


4

Também houve rebeldias

Em engenhos e cidades,

Com fugas e levantes

Contra tantas crueldades.

E os Bantos, com coragem,

Faziam sua viagem

Buscando eternas liberdades.


5

As mulheres também foram

Símbolo da rebeldia,

Na cozinha e no terreiro

Guardavam sabedoria.

Eram mães e guerreiras,

Na luta tão certeiras,

Com força e valentia.


6

A capoeira nasceu

Como arma disfarçada,

Ginga, canto e resistência

Numa luta bem traçada.

Contra o açoite cruel,

Foi espada de cordel,

Na senzala levantada.


7

O batuque foi segredo,

O tambor foi o sinal,

E as revoltas se fizeram

Contra o jugo colonial.

No silêncio da memória,

Se escreveu essa história

De coragem sem igual.


8

Rebeldias se espalharam

De norte até o sertão,

Pois o negro nunca aceitou

A chibata e a prisão.

Com fé e com valentia,

Sua luta contagia,

Na raiz da nação.


9

Assim nas revoltas fortes

Se mostrou a resistência,

Que do tronco fez sementes

De coragem e consciência.

E no sangue derramado,

Se fez futuro sagrado,

Com valor e persistência.


📖 Capítulo X – Heranças na Cultura Brasileira


1

A cultura brasileira

É mistura sem igual,

Do indígena e do africano

Com o europeu colonial.

Mas da África se herdou

O que mais forte ficou

Como marca original.


2

A música que hoje ouvimos

Tem raiz de tamborim,

Do batuque e do maracatu

Que chegou do outro fim.

Do samba ao coco dançado,

É legado preservado

Que se guarda até o fim.


3

Na religião se mistura

A fé negra com cristã,

No sincretismo profundo

Se fundiu orixá e irmandã.

Oxóssi virou São Jorge,

E Iemanjá que não foge,

É estrela que amanhã.


4

Na cozinha brasileira

O sabor é africano,

Do acarajé e do vatapá

Ao quibebe soberano.

Na panela a tradição

É memória da nação

Que se fez no cotidiano.


5

Na língua portuguesa

Há palavra que ficou,

Do banto e do nagô

Que o falar multiplicou.

E o Brasil se tornou

Um idioma que herdou

Da África o seu valor.


6

A capoeira resplandece

No gingado popular,

É esporte e é cultura

Que o mundo aprendeu a amar.

Do quilombo até a rua,

Essa luta continua,

Como arte a brilhar.


7

Na dança e na poesia,

Na pintura e no cordel,

A herança africana

Brilha como um doce mel.

É raiz da identidade,

É símbolo de verdade,

Que ilumina o papel.


8

Assim a cultura africana

No Brasil se eternizou,

Da dor fez nascer memória

Que o futuro registrou.

E a nação que aqui se ergueu,

Com orgulho reconheceu

A herança que ficou.



📜 FICHA TÉCNICA


Título: Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Edição: 1ª – 2025

Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil

Gênero: Cordel histórico e memorial afro-brasileiro

Formato: A5 (cordel tradicional diagramado)

Ilustrações e Diagramação: ChatGPT (assistência virtual literária)

Capa Principal e Quarta Capa Digital 3D: Criação artística digital em luz dourada e textura antiga

Revisão: Autor e Assistente Virtual GPT-5

Publicação independente para o Blog:

📖 https://kxnhenety.blogspot.com

Ano: 2025

Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados

Uso educativo e cultural permitido com citação da fonte.


🌄 EPÍLOGO FINAL


Eis que finda o meu cordel,

Mas não finda a consciência,

Pois a herança africana

É raiz e é existência.

Do batuque à devoção,

Do quilombo à tradição,

Ecoa a mesma essência.


O Brasil nasce plural,

De muitas vozes e cores,

De lutas, fé e coragem,

De memórias e valores.

E quem lê este cordel,

Vê na história um painel

De luzes e de amores.


Que o tempo nunca apague

O que o sangue semeou,

Pois na dor dos ancestrais

A esperança germinou.

E ao contar essa jornada,

De alma consagrada,

O futuro despertou.


🌺 QUARTA CAPA POÉTICA





No sopro do tempo antigo

Ecoa a voz africana,

Que do tronco fez raiz

E da dor fez força humana.

No Brasil se fez memória,

No batuque fez história,

E na fé virou iguana.


Este cordel é lembrança,

É canto de resistência,

É herança que não morre

E renasce na consciência.

Do passado ao porvir,

A história faz fluir

O poder da existência.


👣 SOBRE O AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é escritor, poeta, contador de histórias e guardião da memória oral de seu povo.

Pertence ao povo Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio (AL), e dedica sua vida à preservação das raízes indígenas e afro-brasileiras.

Autor de cordéis e estudos culturais, une tradição e pesquisa em uma escrita que celebra a resistência, a fé e a beleza ancestral.

Sua palavra é caminho entre o ontem e o amanhã, unindo os mundos da memória, da poesia e da espiritualidade.


📚 SOBRE A OBRA


O cordel “Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial” nasce como tributo poético e histórico aos povos africanos que moldaram a identidade cultural do Brasil.

Cada capítulo é uma viagem pelas nações, saberes e resistências que atravessaram o Atlântico, recriando aqui uma nova forma de existir.

Da Costa da Mina aos Bantos de Angola, das revoltas à culinária, o cordel costura memórias de fé, música e liberdade.

Mais do que uma narrativa histórica, é um canto de reparação e gratidão, em que a poesia torna-se instrumento de consciência e honra aos ancestrais.

Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:  

https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/grupos-etnicos-africanos-do-brasil.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.



🖼️ QUARTA CAPA 3D DIGITAL (descrição para geração da imagem)


Estilo: imagem realista digital em 3D, harmônica com a capa principal.

Composição:

Luz dourada e atmosfera solene, como aurora espiritual.

Ao centro, um mapa simbólico do Atlântico conectando África e Brasil com um fio luminoso em espiral.

À esquerda, máscaras africanas esculpidas em luz e madeira antiga.

À direita, tambores e livros abertos sobre terra vermelha.

No alto, um raio de sol dourado formando a silhueta de um orixá sobre as águas.

Textura antiga com brilho perolado suave.

Título: “Grupos Étnicos Africanos do Brasil Colonial” em letras clássicas douradas, subtítulo em sombra marrom clara.

Rodapé com a frase poética: 

“Do Atlântico à senzala, da senzala ao amanhã, vive a alma africana no coração da nação.”





Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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