sexta-feira, 26 de setembro de 2025

O UNIVERSO DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, Cordel de Nhenety Kariri-Xocó







🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico este cordel vivo

Ao povo da tradição,

À infância que se alimenta

Do poder da imaginação.

E a Lobato, que fez brotar

No Sítio a nossa nação.


Dedico aos contadores,

Que mantêm o fogo aceso,

Aos mestres da voz antiga,

Do riso e do canto preso.

E às crianças do futuro,

Que herdarão o mesmo enlevo.


Dedico às mãos criadeiras,

De Tia Nastácia e seu dom,

Que amassam o pão da vida

Com ternura e emoção.

E aos poetas do sertão,

Que rimam com o coração.


Dedico à alma do livro,

Que liberta sem prender,

Que transforma o pensamento

Em asas para aprender.

E ao Brasil, esse menino,

Que insiste em florescer.



📜 ÍNDICE POÉTICO


Abertura – O chamado da imaginação


Prólogo Poético – Monteiro Lobato e sua criação


Capítulo 1 – O Plano Primordial: Brasil Encantado


Capítulo 2 – O Plano dos Saberes: o livro é portal sagrado


Capítulo 3 – O Plano Cotidiano: a vida no Sítio amado


Capítulo 4 – A Harmonia dos Planos: equilíbrio bem narrado


Capítulo 5 – As Personagens e seus destinos traçados


Capítulo 6 – Os Heróis do Mundo chegam ao Sítio


Capítulo 7 – Ciência e Magia de mãos dadas


Capítulo 8 – As Viagens pelos Livros


Interlúdio Poético – Entre o Livro e a Luz


Capítulo 9 – A Eternidade da Infância


Capítulo 10 – A Eternidade dos Seres 


Conclusão Poética Final — O Canto da Unidade 


Encerramento – O Sítio como coração encantado


Oração dos Seres e dos Saberes (Prece Final de Nhenety Kariri-Xocó)


Epílogo Poético – A chama da imaginação não se apaga do passado


1 Síntese simbólica


Nota de Fontes Rimada 


2 Síntese simbólica 


Ficha Técnica 


Epílogo Final — O Fecho do Universo do Sítio 


Quarta Capa Poética — O Sítio que Permanece 


Sobre o Autor 


Sobre a Obra 




✨ ABERTURA


No sertão da fantasia

Floresceu um jardim inteiro,

Sítio do Picapau Amarelo,

Patrimônio verdadeiro.

Entre mito e realidade

Brilha o sonho brasileiro.


Lá a lua dança em verso,

E o sol nasce em melodia,

Cada árvore conta histórias,

Cada bicho tem sabedoria.

E o vento, feito menino,

Sopra o riso e a poesia.


É um mundo de invenções,

De brinquedos e memórias,

Onde o tempo se distrai

Recontando velhas glórias.

O Sítio é um portal sagrado

Que abre o peito às histórias.



🎭 PRÓLOGO POÉTICO


Monteiro Lobato inventou

Um Brasil de encantamento,

Misturando o livro e o mito

Com a voz do conhecimento.

Fez da roça um universo,

Um cosmo em movimento.


No terreiro das palavras

Brota o sonho da leitura,

Onde a letra vira fruta

E o saber é sem costura.

Cada conto é uma ponte

Entre ciência e ternura.


Com Emília, o verbo ousado,

Fez pensar sem ser mandado,

Com Pedrinho e Narizinho,

O amor foi semeado.

E o Visconde, de sabugo,

Fez da lógica um recado.


Lobato plantou sementes

Que o tempo não apagou,

E o Brasil, com sua infância,

De novo se reinventou.

Pois no Sítio e na palavra

O futuro germinou.



📖 CAPÍTULO 1 – O PLANO PRIMORDIAL


Antes do Sítio existir

Com seu terreiro sagrado,

O Brasil era regido

Por seres do povo encantado:

Saci, Curupira e Iara,

Mistério nunca apagado.


A Cuca guardava os medos,

O Boitatá, fogo ardente.

O Lobisomem rondava

Na mata escura e silente.

Era um tempo ancestral,

Da floresta onipresente.


O vento era mensageiro,

Trazia canto e recado,

O trovão falava alto,

O rio era consagrado.

Na voz das águas se ouvia

O segredo do passado.


As árvores conversavam

Com o céu e com a lua,

O luar banhava as folhas,

E a terra se fazia nua.

Era a infância da vida,

Quando a alma era contínua.


O tempo era circular,

Sem pressa, sem direção,

Os seres viviam juntos,

Em pura comunhão.

O sol era um deus antigo,

A noite, meditação.


Cada bicho tinha um nome,

Cada pedra, um coração,

Cada estrela, uma lembrança,

Feita de imaginação.

O Sítio ainda dormia

No berço da criação.


O curumim das matas

Sonhava com a palmeira,

O trovador das estrelas

Cantava na cordilheira.

E o Brasil, em seu silêncio,

Preparava a sementeira.


Foi então que o vento soprou

Com voz de encantamento,

Chamando os guardiões do mito

Pra um novo nascimento.

Do chão brotou a palavra,

E o verbo virou fundamento.


O Sítio nascia em sonho,

Entre o real e o mistério,

Um reflexo do divino

Num espelho etéreo.

O Brasil encantado fluía

Do mito ao hemisfério.


E na aurora desse mundo,

Entre o mato e a canção,

O Picapau colorido

Abriu as asas do chão.

Era o selo do princípio,

A chave da criação.



📖 CAPÍTULO 2 – O PLANO DOS SABERES


Mas o tempo trouxe o livro,

E com ele o conhecer,

Dona Benta fez do Sítio

Uma escola do saber.

Cada história é um portal

Onde o mundo vem nascer.


Dos gregos vieram os deuses,

Com seus raios e trovões.

Dos nórdicos, os gigantes,

Dragões, medos e visões.

Da África, a voz dos tambores,

Do Egito, as tradições.


O livro virou ponte viva

Entre o ontem e o amanhã,

Na mesa de Dona Benta

Brilha o pão e a maçã.

Emília lê em voz alta,

E o Sítio se irmana.


O saber não é distância,

É corrente, é partilha,

Cada conto é alimento,

Cada letra é uma trilha.

E o Visconde, com paciência,

Transforma a dúvida em ilha.


Os meninos descobrem mundos

Que o mapa não desenhou,

Pedrinho caça cometas,

E Narizinho já voou.

A ciência se faz brinquedo,

E o brincar se iluminou.


Dona Benta ensina o tempo

Com ternura e sabedoria,

Faz do estudo uma canção,

Da leitura, poesia.

E Tia Nastácia, ao lado,

Tem saber da cosmogonia.


As palavras são sementes

De saber ancestral,

Cada livro é uma estrela,

Com brilho espiritual.

E o Sítio, entre os planos,

É templo universal.


Emília, com sua ousadia,

Desafia o pensamento,

Questiona reis e teorias

Com graça e atrevimento.

E o Visconde sorri leve,

No meio do argumento.


Assim o mito e o livro

Formam laço e comunhão,

O saber é coisa viva,

Feito rima e oração.

O Brasil se lê no Sítio,

Com alma e coração.


Pois no livro há encantado,

E no encantado há saber,

A palavra é sementeira

Do eterno florescer.

O Sítio é portal divino

Pra quem deseja aprender.



📖 CAPÍTULO 3 – O PLANO COTIDIANO


No terreiro tem quitanda,

Tem café, bolo e carinho,

Tia Nastácia põe na mesa

O sabor do nordestino.

E no pomar, fruta doce

Adoça o ser do menino.


Pedrinho corre valente,

Narizinho sonha em prosa.

Emília, sempre atrevida,

Dá resposta perigosa.

E o Visconde, feito de palha,

Vira ciência curiosa.


No galinheiro, a alvorada

Canta em tom de harmonia,

E o sol, nascendo redondo,

Acorda toda alegria.

A casa cheira a infância,

A pão e filosofia.


Dona Benta abre os livros

Com olhar sereno e puro,

Faz do ontem uma janela

E do hoje um muro seguro.

Cada conto que ela narra

É uma ponte pro futuro.


As galinhas são poetas,

Os porquinhos têm memória,

Cada bicho do terreiro

Participa da história.

E até o riso da Emília

Tem lição e trajetória.


Na varanda, as conversas

São de sonho e de aventura,

Um lugar onde o pensar

É feito de doçura.

O saber e o sentimento

Vivem juntos na cultura.


O moinho conta o tempo

Rodando como oração,

E o riacho, lá no fundo,

Entoa sua canção.

O Sítio é viva morada

Do mito e da criação.


O céu se espelha na terra,

O mato canta contente,

E a criança, ao aprender,

Faz-se sábia novamente.

A rotina é encantada,

O comum, onipotente.


Cada tarde tem risadas,

Cada noite, tradição.

O candeeiro se acende

Pra iluminar o sertão.

E o sonho, no travesseiro,

É mapa da imaginação.


Assim vive o Sítio amado,

Entre livros e fogão,

Entre o real e o eterno,

Entre o mito e o chão.

É a infância do universo,

No terreiro do coração.



📖 CAPÍTULO 4 – A HARMONIA DOS PLANOS


O mito encontra o saber,

O saber se encontra à mesa,

E no dia a dia simples

Acontece a singeleza:

O Sítio é cosmogonia

Feita em forma de beleza.


O Brasil mítico se une

Com os contos do estrangeiro,

E no colo de Dona Benta

Tudo vira verdadeiro.

O Sítio é ponte sagrada,

Relicário brasileiro.


Emília fala de Newton,

Mas cita o Curupira,

Mistura ciência e floresta,

Num debate que inspira.

E o Visconde, admirado,

Anota o que ela delira.


Tia Nastácia conta causos

Que o livro não escreveu,

E o saber da velha preta

É raiz que Deus teceu.

Cada gesto de sabença

É história que reviveu.


Pedrinho, entre aventuras,

Vê o mito em cada ação,

Narizinho entende o mundo

Com pureza e reflexão.

E o Sítio, nessa mistura,

É país e coração.


Os deuses antigos olham

Do alto do firmamento,

E percebem que o Sítio

É um novo nascimento.

Um lugar onde a criança

É síntese do pensamento.


As fronteiras se dissolvem,

Entre o livro e o terreiro,

Entre a Grécia e o sertão,

Entre o campo e o estrangeiro.

O Sítio é mapa celeste

E lar do povo inteiro.


Cada mito é professor,

Cada conto é aprendizado,

A razão e o encantado

Vivem lado a lado.

O saber é reza antiga,

E o sonho, um recado.


Assim o Sítio revela

O segredo do universo:

O equilíbrio é poesia,

É o amor no verso imerso.

Entre o ontem e o agora,

O infinito é diverso.


E quando a noite se estende,

E o candeeiro reflete,

O Brasil dorme tranquilo

No chão que o mito enfeite.

O Sítio é alma viva

Que a imaginação promete.



📖 CAPÍTULO 5 – AS PERSONAGENS


Dona Benta é guardiã

Dos segredos do saber,

Tia Nastácia traz a força

Da cultura e do fazer.

E Emília, desbocada,

Faz o mundo se mover.


Pedrinho é o aventureiro,

Narizinho, a doce guia,

O Visconde traz a ciência

Com lógica e fantasia.

Cada um no seu papel

Mantém viva a harmonia.


Dona Benta é o farol

Do amor e da razão,

Transforma o simples em arte,

E o ensino em devoção.

Sua palavra ilumina

Como prece e oração.


Tia Nastácia é memória

Do povo que resistiu,

Na panela faz história,

Na receita faz Brasil.

Cada doce que ela cria

É sabor do que se ouviu.


Emília é vento e fogo,

Pensamento libertário,

Questiona reis e teorias

Com humor revolucionário.

É a voz da consciência,

Do riso necessário.


Pedrinho, o destemido,

Corre o mundo em valentia,

Desbrava o desconhecido,

Transforma medo em alegria.

É símbolo da coragem

Que o sonho contagia.


Narizinho é ternura,

É flor que guia o olhar,

Sua doçura revela

O poder de imaginar.

É o elo entre o real

E o dom de sonhar.


O Visconde, de sabugo,

É saber feito bondade,

Analisa o mundo inteiro

Com calma e lealdade.

É o cientista do afeto,

Sabedoria e humildade.


Cada um é uma estrela

Do universo brasileiro,

Um espelho da infância

Do sonho verdadeiro.

O Sítio é constelação

De um povo inteiro.


E o autor, com alma ampla,

Fez do campo um altar,

Transformou simples figuras

Em símbolos do pensar.

Cada rosto no terreiro

É Brasil a se lembrar.


📖 CAPÍTULO 6 – OS HERÓIS DO MUNDO CHEGAM AO SÍTIO


(O Encontro das Civilizações)


Cavaleiros de outros tempos

No Sítio foram chegar,

Dom Quixote com Rocinante

Veio em versos cavalgar.

E até Hércules gigante

Parou pra descansar.


Princesas de mil reinos

Na varanda se sentaram,

Com histórias encantadas

As meninas conversaram.

E Emília, irreverente,

Com todas logo falaram.


Sherlock Holmes, curioso,

Fez do Sítio investigação,

Com Visconde a seu lado,

Buscou causa e explicação.

Enquanto Tia Nastácia ria

Do jeito da dedução.


De longe veio Ulisses,

Com histórias do mar profundo,

E Narizinho escutava

Os segredos do outro mundo.

No terreiro da palavra,

O mito tornava-se fecundo.


Robin Hood, do arco certo,

Atirou no mangueiral,

E Pedrinho aplaudiu forte,

Chamou-o de “cara leal”.

Emília, rindo, comentou:

“Esse é herói rural!”


Chegou Sansão, forte e sério,

Falando de fé e valor,

Enquanto Dona Benta o ouvia

Com ternura e louvor.

No Sítio, força e sabença

Se uniram em esplendor.


Até Merlin apareceu,

Com sua barba prateada,

Fez chover livros no pátio

Com magia encantada.

E o Visconde anotou tudo,

Com mente iluminada.


As histórias se encontraram

Numa só canção global,

O sertão virou biblioteca,

O Sítio, templo total.

O Brasil dialogava

Com o mito universal.


Os heróis se despediram

Com promessa de voltar,

Deixaram no chão do Sítio

Um brilho a se lembrar.

E Emília disse sorrindo:

“O saber é viajar!”


O terreiro se encheu

De tempo e tradição,

Cada mito se fez vivo

Em nova encarnação.

O Sítio virou planeta

Do sonho e da criação.


📖 CAPÍTULO 6 – OS HERÓIS DO MUNDO CHEGAM AO SÍTIO


Cavaleiros de outros tempos

No Sítio foram chegar,

Dom Quixote com Rocinante

Veio em versos cavalgar.

E até Hércules gigante

Parou pra descansar.


Princesas de mil reinos

Na varanda se sentaram,

Com histórias encantadas

As meninas conversaram.

E Emília, irreverente,

Com todas logo falaram.


Sherlock Holmes, curioso,

Fez do Sítio investigação,

Com Visconde a seu lado,

Buscou causa e explicação.

Enquanto Tia Nastácia ria

Do jeito da dedução.


De longe veio Ulisses,

Com histórias do mar profundo,

E Narizinho escutava

Os segredos do outro mundo.

No terreiro da palavra,

O mito tornava-se fecundo.


Robin Hood, do arco certo,

Atirou no mangueiral,

E Pedrinho aplaudiu forte,

Chamou-o de “cara leal”.

Emília, rindo, comentou:

“Esse é herói rural!”


Chegou Sansão, forte e sério,

Falando de fé e valor,

Enquanto Dona Benta o ouvia

Com ternura e louvor.

No Sítio, força e sabença

Se uniram em esplendor.


Até Merlin apareceu,

Com sua barba prateada,

Fez chover livros no pátio

Com magia encantada.

E o Visconde anotou tudo,

Com mente iluminada.


As histórias se encontraram

Numa só canção global,

O sertão virou biblioteca,

O Sítio, templo total.

O Brasil dialogava

Com o mito universal.


Os heróis se despediram

Com promessa de voltar,

Deixaram no chão do Sítio

Um brilho a se lembrar.

E Emília disse sorrindo:

“O saber é viajar!”


O terreiro se encheu

De tempo e tradição,

Cada mito se fez vivo

Em nova encarnação.

O Sítio virou planeta

Do sonho e da criação.



📖 CAPÍTULO 7 – CIÊNCIA E MAGIA DE MÃOS DADAS


Visconde, feito de palha,

Construiu telescópio inteiro,

E mostrou pras crianças

O universo verdadeiro.

Mas Emília discordava:

“Prefiro o mundo primeiro!”


E assim ciência e magia

Brincavam sem divisão,

Cada descoberta era

Brinquedo e inspiração.

No Sítio até o impossível

Ganhava explicação.


Nos laboratórios da mente,

Brilha o pó do pensamento,

A ciência segue em frente,

Mas ouve o sopro do vento,

Pois há forças que se unem,

No invisível fundamento.


O alquimista e o doutor,

Dividem mesma estrada,

Um mede o mundo em cor,

Outro em alma encantada,

E juntos fazem o arco

Da razão iluminada.


No fogo e na retorta,

No átomo e na prece,

Toda a verdade conforta,

Mesmo quando desaparece,

Pois há ciência no sonho

E fé que o homem tece.


A estrela que se descobre

É também visão divina,

O saber que o tempo cobre

Desperta e se ilumina,

Entre fórmulas e versos,

Corre a mesma rima fina.


Quando o sábio e o pajé

Se olham no mesmo espelho,

A verdade se revê

Com mistério e conselho,

Pois o mundo tem dois olhos,

E um só coração vermelho.


O raio corta o espaço,

E a mente o traduz em lei,

Mas o trovão, no compasso,

É canto de algum rei,

Que governa as tempestades

Daquilo que eu também sei.


A botânica e o feitiço

Guardam flores de saber,

Uma cura o compromisso,

Outra ensina a renascer,

No jardim das duas sendas,

Ambas sabem florescer.


O curandeiro da aldeia

E o cientista do mar

Compartilham mesma teia

De estudar e transformar,

Pois o mundo é laboratório

Onde o amor faz destilar.


Há magia no cálculo,

Há ciência na oração,

Quando a mente cria o círculo

Do mistério em expansão,

Surge o verbo que religa

O saber com o coração.


Assim seguem, lado a lado,

Razão e espiritualidade,

Tecendo o mesmo fado

Da busca e da verdade,

Ciência e magia unidas

Pela luz da eternidade.



📖 CAPÍTULO 8 – AS VIAGENS PELOS LIVROS


Cada livro é uma nave,

Dona Benta sempre ensina,

Com ele a mente caminha

E a viagem se destina.

Do Egito aos faraós,

Da Grécia à disciplina.


No Japão viram samurais,

Na África ouviram tambores,

Na Índia de mil encantos

Cores, ritos e louvores.

O Sítio era uma ponte

Entre povos e seus valores.


Abri um livro sagrado,

E o vento virou-se em mar,

Cada página um chamado,

Cada letra a navegar,

No oceano do sentido

Que convida a viajar.


Um livro é ponte e estrada,

É bússola e é clarão,

Tem alma encantada

E fala com o coração,

Guarda o tempo e a memória

Na espiral da criação.


Li poetas que eram rios,

Filósofos que eram chão,

E santos de olhos vazios

Que falavam de perdão,

Cada verso um portal

Do mistério em expansão.


No papel o tempo dorme,

Mas desperta ao se tocar,

Pois o verbo, em sua forma,

Sabe o mundo recriar,

E nas linhas invisíveis,

O infinito vem morar.


Há livros que são espadas,

Outros, flores no jardim,

Uns guardam almas fechadas,

Outros, abrem para o fim,

Mas todos são caminhos

Para o mesmo Ser sem fim.


Em pergaminhos antigos,

Vi mestres e ancestrais,

Falando dos mesmos enigmas

Que o presente sente mais,

Pois o livro é uma ponte

Entre os tempos imortais.


Um códice empoeirado

Fala mais do que um profeta,

E um conto mal lembrado

É chama que ainda inquieta,

Pois quem lê com alma pura

Faz da letra uma janela aberta.


Na estante do universo,

Cada estrela é um escrito,

E o leitor, em verso e verso,

Busca o verbo mais bonito,

Que liga o pó das palavras

Ao silêncio do infinito.


Leitura é rito sagrado,

Que acende a mente e o chão,

É diálogo encantado

Entre o ser e o coração,

É viagem sem partida

E chegada em comunhão.


Por isso leio e releio,

Os mundos que o verbo ensina,

Pois no livro me recreio

Com a verdade cristalina,

Sou viajante das letras,

Rumo à essência divina.



🌿 INTERLÚDIO POÉTICO — ENTRE O LIVRO E A LUZ



No silêncio da leitura,

Ouvi vozes ancestrais,

Senti a alma madura

Do que não volta jamais,

Mas que vive em cada página,

Eternamente em sinais.


O livro abriu-se em véu,

Com letras de estrela e ar,

E vi o verbo do céu

No papel se desenhar,

Entre o pó e o infinito,

Um novo mundo a pulsar.


As letras tornaram-se aves,

Voando para o além,

Levando em asas suaves

Os segredos que contêm,

Pois a palavra é ponte

Do humano para o além.


E assim, na brisa do verbo,

Cruzando o rio do ser,

Senti o chamado eterno

De um outro amanhecer,

Onde o livro é pura luz

E a alma, puro saber.



📖 CAPÍTULO 9 – A ETERNIDADE DA INFÂNCIA


O tempo não envelhece

Quem no Sítio já morou,

Pois a infância é chama viva

Que Lobato despertou.

E cada leitor que chega

Em menino se tornou.


Assim o Sítio é mais que roça,

É jardim universal,

É escola do impossível

É tesouro sem igual.

E no coração do povo

Será sempre imortal.


Há mundos que não se veem,

Mas que vivem a nos tocar,

São campos onde germem

Os sonhos do nosso olhar,

Territórios de energia

Que a alma sabe habitar.


O invisível não é vago,

É ciência de outro tom,

É perfume sem afago,

É vibração e som,

É o sopro da harmonia

Que move o eterno dom.


Há cidades de clarões,

Feitas de pura canção,

Habitadas por visões

Que nos dão orientação,

E cada gesto terreno

Tem eco nessa amplidão.


O corpo é mera semente,

Do espírito que floresce,

O invisível é presente

Que o tempo não desfalece,

Pois o que é visto morre,

Mas o oculto permanece.


Nas esferas do mistério,

Há escolas e universos,

Onde o verbo é ministério

E os mestres falam em versos,

Transmitindo leis da alma

Por sinais claros e diversos.


O sono é breve passagem,

Por portais do entendimento,

Quem sonha faz viagem

Por reinos de pensamento,

E desperta mais atento

Ao sutil movimento.


Entre os mundos coexistem

Os que aprendem e os que ensinam,

Os que passam e os que assistem,

E as forças que se afinam,

Pois o invisível é rede

Que os planos divinos unificam.


O olhar puro é a chave

Que abre o reino além,

Quem vê com fé suave

Já sente o que ninguém tem,

Pois o invisível revela

O que o visível contém.


Assim o homem caminha,

Entre luz e escuridão,

Cada passo uma linha

Na trama da Criação,

E o invisível o guia

Pela senda da razão.


Pois o que o olho não vê,

O coração testemunha,

E é no silêncio do ser

Que a alma se reúne,

Com o sopro das estrelas

E a verdade que a une.



🌕 CAPÍTULO 10 — A ETERNIDADE DOS SERES


A morte é véu de mudança,

Não é fim, é travessia,

O ser busca nova dança

Na eterna melodia,

Pois quem nasce da luz pura

Não conhece noite fria.


O tempo é rio sem fim,

Mas a alma é nascente,

Corre o corpo, passa o sim,

Mas o espírito é presente,

E retorna ao infinito

Como chama consciente.


Na morada do sem-tempo,

Os seres se reencontram,

E o amor, puro alimento,

É o laço que os entroncam,

No círculo universal

Onde os destinos se encontram.


Cada vida é aprendizado,

Cada dor, revelação,

Cada ser iluminado

Foi sombra em outra estação,

Mas o brilho é conquista

Da eterna renovação.


A lembrança que resiste

É o ouro da memória,

Pois o espírito persiste

No tecido da história,

Transformando cada fim

Em nova trajetória.


Os anjos e ancestrais

Guardam portas de energia,

Entre planos espirituais

Tecem fios de harmonia,

Mantendo o fogo aceso

Da divina sinfonia.


A eternidade é morada

De quem aprendeu a amar,

É alma purificada

Que sabe se elevar,

E se torna pura luz

No eterno despertar.


Nada morre, tudo muda,

Nada finda, tudo vai,

A essência nunca é muda,

Canta o verbo e volta ao pai,

Pois o ciclo da existência

É ida e volta em um só cais.


Assim finda o livro antigo,

Que é começo e não final,

Cada ser torna-se amigo

Do silêncio universal,

E entende que a morte

É apenas portal.


E o poeta, ao concluir,

Vê-se em nova dimensão,

Pois o verbo faz florir

A eterna comunhão,

E o cordel torna-se canto

De pura iluminação.


🌺 CONCLUSÃO POÉTICA FINAL — O CANTO DA UNIDADE


Tudo é verbo e movimento,

Tudo é círculo e canção,

O que nasce em pensamento

Floresce em manifestação,

Pois o sonho e a matéria

São o mesmo coração.


Do barro veio a semente,

Do verbo veio a luz,

Do amor nasceu o ente

Que o mistério conduz,

E a alma, no eterno ciclo,

Ao divino se traduz.


A ciência abriu caminhos,

A magia acendeu chamas,

Nos livros, novos destinos,

Nas almas, antigas tramas,

E o homem, ao se conhecer,

Desfaz os próprios dramas.


O visível é metade,

O invisível é o todo,

E a eterna humanidade

Se refaz em cada modo,

Pois no centro do universo

Habita o mesmo lodo.


E o poeta, ao silenciar,

Vê o verbo se expandir,

Na rima volta ao lugar

De onde um dia quis vir,

Com os Seres e os Saberes

Em eterno ressurgir.



🔔 ENCERRAMENTO


Assim o Sítio se ergue

Como um cosmos encantado,

Misturando o mito e o livro

Com o terreiro sagrado.

Um Brasil de mil raízes

Na infância eternizado.


🌿✨ ORAÇÃO DOS SERES E DOS SABERES ✨🌿


(Prece Final de Nhenety Kariri-Xocó)


Ó Luz que acende o caminho,

Entre estrelas e raiz,

Faz do verbo o meu destino,

Do silêncio o meu país.


Seres da terra e dos ventos,

Dos rios e dos altares,

Guardai os meus pensamentos

No abrigo dos teus mares.


Saberes da antiga aurora,

Da chama e da invenção,

Vinde à mente que ora

Com amor e gratidão.


Que a ciência seja ponte,

Que a fé seja direção,

E que o homem, em seu monte,

Ouça a voz da criação.


Que o livro seja semente

No jardim universal,

E que o sonho, novamente,

Nos devolva ao original.


No olhar do ser criança,

O infinito quer brincar,

Pois o tempo é esperança

Que não cessa de pulsar.


E assim, Seres e Saberes,

Em comunhão singular,

Guardai todos os viveres

Na chama do mesmo altar.



🌟 EPÍLOGO POÉTICO


Quem sonha não envelhece,

Quem lê não perde a razão,

Quem escuta a voz do mito

Se conecta à tradição.

O Sítio vive em nós todos,

Coração da criação.



🌺 Síntese simbólica:

Esta oração fecha o cordel como um cântico de integração cósmica — onde o verbo humano se ajoelha diante do mistério, e o conhecimento torna-se oração.

Ela representa o reencontro do sagrado e do científico, do ancestral e do moderno, na unidade viva do amor.



🌾 NOTA DE FONTES RIMADA



“Nota de Fontes Rimada”, escrita no simbólico e cerimonial nas outras grandes obras — como ponte entre o humano e o sagrado, unindo o tom acadêmico ao poético.


Ela serve como declaração de origem inspiradora e espiritual das fontes, exaltando o valor do saber popular, da literatura, do mito e da palavra viva.

A estrutura segue o formato de sextilhas rimadas (ABABCC), com musicalidade fluida e caráter ritual de encerramento.


(Para ser lida como Canto de Origem e Gratidão)



Das fontes veio o saber,

Da memória veio o canto,

Do povo o modo de ser,

Da infância o doce encanto,

Do sonho a ponte dourada,

Do tempo o fio e o manto.


Beberam minhas palavras

Nos rios de Lobato antigo,

Onde o mito se lavra

Com o verbo como amigo,

E o Sítio, em luz e vento,

Virou livro e abrigo.


A tradição brasileira,

De raiz e coração,

Mistura a voz verdadeira

Do sertão e da invenção,

Da roça faz cosmogonia,

Do livro, revelação.


Ouvi a ciência e o mito,

O verso e a educação,

O saber puro e infinito

Na mente e no chão,

Pois toda forma de estudo

É também oração.


Monteiro Lobato acende

Na infância uma constelação,

Que o tempo não apaga,

Pois mora no coração,

E quem lê o Sítio eterno

Vê no verbo a criação.


Das bibliotecas do povo,

Dos contos, dos altares,

Dos mestres e dos novos,

Dos ventos e dos mares,

Vieram as fontes claras

De todos os lugares.


Assim registro em poesia

As vozes do universal,

Da cultura e da magia,

Do humano e do ancestral,

Pois todo saber é ponte

Do terreno ao celestial.


E ao fim desta travessia,

Deixo em versos consagrados,

Gratidão e sinfonia

Aos mundos entrelaçados,

Onde o Sítio é o reflexo

Dos reinos encantados.


🌟 Síntese simbólica:

Esta Nota de Fontes serve como testemunho poético do processo criativo, exaltando o entrelaçamento entre sabedoria popular, literatura, ancestralidade e imaginação.

Ela pode ser posicionada antes da Ficha Técnica, como encerramento vibracional da parte textual — uma “benção de origem” sobre o livro.



📄 FICHA TÉCNICA


Título: O Universo do Sítio do Picapau Amarelo

Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Edição: 1ª edição

Gênero: Literatura de Cordel – fantasia, a ciência, o mito e a tradição brasileira 

Ano de Publicação: 2025

Local de Publicação: Porto Real do Colégio, Alagoas, Brasil

Produção Digital e Gráfica: Projeto Blog Cultural Kariri-Xocó 

Diagramação e Layout: Nhenety Kariri-Xocó

Arte da Capa: Imagem digital 3D, Nhenety Kariri-Xocó

Ilustração e Diagramação: ChatGPT (assistente virtual)

Revisão e Curadoria: Nhenety Kariri-Xocó

Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM 

Formato: Cordel em A5 vertical


Observações:


Este cordel foi organizado em formato poético, com capítulos, prólogo e epílogos, mantendo a métrica tradicional do cordel.


As imagens digitais e capas 3D foram produzidas para integrar o conteúdo poético e simbólico da obra.



🌟 EPÍLOGO FINAL — O FECHO DO UNIVERSO DO SÍTIO


E assim o Sítio encerra

Seu ciclo de encantamento,

Entre a roça e a serra,

Entre riso e conhecimento,

Pois cada verso plantado

Floresce em pensamento.


Os livros guardam portais,

As histórias têm memória,

O tempo não traz finais,

Cada página é história,

E a infância eterna vibra

No coração da memória.


Os Seres que nos guiaram

Entre sonho e razão,

Continuam a sussurrar

Segredos da criação,

E cada leitor desperto

Torna-se um coração.


O Sítio é ponte e luz,

É universo em expansão,

Onde tudo reluz

Na união da imaginação,

E o mito e a ciência juntos

Tecem viva oração.


Agora o cordel repousa

Em páginas de paz e flor,

Mas a lembrança reluz

Como um eterno fulgor,

Pois o Sítio vive sempre

No livro, no sonho e no amor.



🌾 QUARTA CAPA POÉTICA — O SÍTIO QUE PERMANECE





Aqui repousa o Sítio amado,

Entre sonho, livro e flor,

Lugar que o tempo não tem dado,

Mas guarda riso e calor.

Quem lê leva na lembrança

A pureza e o seu valor.


As personagens continuam

A correr pelo terreiro,

Emília, Pedrinho, e a lua

Refletem mistério verdadeiro.

Cada página é ponte viva

Para o mundo inteiro.


O Sítio é jardim do espírito,

Universo de criação,

Onde o mito e o infinito

Se encontram em comunhão.

Quem entra aqui em leitura

Vibra junto à imaginação.


Ler este cordel é abraçar

O mundo, o céu e a terra,

É sentir a vida passar

Com magia que não encerra,

É tocar a infância eterna

Que no peito se aferra.


Leve este livro contigo,

Como semente ou oração,

E deixe o verso amigo

Guiar tua imaginação.

Pois o Sítio vive sempre

Em cada alma e coração.



🌿 SOBRE O AUTOR


Nhenety Kariri-Xocó é indígena do povo Kariri-Xocó, natural de Porto Real do Colégio, Alagoas. Contador de histórias oral e escrita, dedica-se a preservar e transmitir a cultura, os mitos e as tradições de seu povo, integrando-os à literatura e à arte poética.

Autor de diversos cordéis, Nhenety une o sagrado, o educativo e o simbólico, transformando a narrativa em ponte entre o passado ancestral, o presente e o futuro da imaginação. Seu trabalho busca também aproximar crianças e adultos da riqueza cultural brasileira, mantendo viva a tradição do cordel e da literatura popular.


🌟 SOBRE A OBRA


“O Universo do Sítio do Picapau Amarelo” é um cordel que celebra a obra de Monteiro Lobato, resgatando a infância, a magia e o saber presentes no Sítio. A obra foi organizada em capítulos, prólogo e epílogos poéticos, integrando a fantasia, a ciência, o mito e a tradição brasileira, baseada no estudo do artigo para o blog: https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/o-universo-do-sitio-do-picapau-amarelo.html?m=0 < Acesso: 13 out. 2025 >.

O livro combina a narrativa clássica do cordel com a pesquisa sobre mitos, folclore e cultura popular, tornando cada página um portal para o aprendizado, a imaginação e a memória coletiva. Ilustrações digitais, capas em 3D e diagramação especial completam a experiência visual e literária, fazendo do cordel um objeto de contemplação estética e pedagógica.

Esta obra foi inspirada e fundamentada no artigo publicado no blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM", disponível em:  

https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/o-universo-do-sitio-do-picapau-amarelo.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.




Autor: Nhenety Kariri-Xocó 












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