quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A COSMOLOGIA MÍTICA MEDIEVAL EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





🌹 Dedicatória Poética


Dedico em verso e rima

Aos que amam tradição,

Ao cordel que se aproxima

Da mais pura inspiração.

Aos mestres da fantasia,

Que transformam noite em dia,

Na toada do sertão.


📑 Índice Poético


Abertura da Jornada


Prólogo Poético


A Cosmologia Medieval


Hierarquia e Seres Lendários


Linhas do Oriente Antigo


As Vozes do Ocidente


Do Renascimento à Glória


Fantasias Modernas


Contemporâneos Encantados


Encerramento da Cantiga


Epílogo Poético


Nota de Fontes (em cordel )


🌟 Abertura (8 estrofes)


Abro o cordel cavaleiro,

Com espada feita em flor,

No castelo verdadeiro

De memória e de valor.

O tempo da Idade Média

Foi mistério que remedeia

Entre trevas e esplendor.


Foi século de batalhas,

De reis, mosteiros e fé,

De cruzadas e muralhas,

De brasões com sua sé.

Ali nasceu a lembrança,

Que a lenda sempre alcança

No cordel que ora é.


Os monges escreviam livros,

Os trovadores cantavam,

Os sonhos eram cativos

Do que as torres guardavam.

Mas no povo em devoção

Crescia a imaginação

Que os bardos propagavam.


O medo do inferno ardente,

O céu com seu resplendor,

Faziam do penitente

Um servo cheio de ardor.

Assim cresceu a cultura

Que na lenda se mistura

Com magia e com temor.


Na forja da Idade escura,

Ergueu-se um mundo de glória,

De herança meio obscura

Mas que vive na memória.

Reinos, deuses, cavalaria,

Misturavam fantasia

Com a trama da história.


Eis aqui minha toada,

Que mistura céu e chão,

Que revela a caminhada

Do homem em tensão.

Entre o bem e a maldade,

Eis a Idade da Verdade,

Do mito e da devoção.


Que o leitor siga comigo

Nesta estrada encantada,

Onde o verso é o amigo

Que conduz na caminhada.

Da cosmologia antiga,

Que ainda hoje instiga,

Teremos longa jornada.


Com viola imaginária

Inicio meu cantar,

Pois a Idade lendária

Ainda pode ensinar.

É viagem que resiste,

E no cordel persiste

Para nunca se acabar.


🎭 Prólogo Poético (8 estrofes)


No começo havia um mundo

De três ordens divididas,

O celeste tão profundo,

Com as almas redimidas.

O terreno de senhores,

E o inferno dos horrores,

Das criaturas perdidas.


Deus reinava no infinito,

Entre santos e anjos seus,

Mas abaixo, em labirinto,

Vivia o povo plebeu.

E nas trevas mais sombrias,

Moravam feitiçarias

E o demônio que nasceu.


A fé moldava o destino,

O medo era o professor,

Quem pecava no caminho

Conhecia a dor maior.

Assim cresceu o sistema,

Onde a lenda foi poema

E o castigo era terror.


O feudalismo regia

A estrutura medieval,

Rei, senhor, cavalaria,

Servo em ordem desigual.

Essa ordem social,

Se refletia no astral,

No divino e no infernal.


Castelos viraram símbolos

De defesa e de poder,

Guardando saberes tímidos

Que não podiam morrer.

E no coração do povo,

O mito nascia de novo

Pra jamais se esquecer.


Os trovadores cantavam

Do cavaleiro e da dama,

Os monges também guardavam

O livro em sagrada chama.

Assim se erguia a ponte

Que ligava a mente à fonte

Da esperança que se inflama.


Era o tempo das cruzadas,

Da espada e do brasão,

Das nações fragmentadas

Por guerra e devoção.

Era o tempo da coragem,

Mas também da sacanagem

Do poder em opressão.


Este prólogo é a entrada

De um castelo encantador,

Onde a lenda é guardada

Nos salões do trovador.

Que o leitor entre comigo,

Pois o cordel é o abrigo

Do mito e do sonhador.



📜 Capítulo 1 – A Cosmologia Medieval (9 estrofes)


Três mundos eram descritos

Na mente medieval,

O celeste dos benditos,

De beleza sem igual;

O terreno de trabalho,

E o inferno do atalho,

Com tormento abismal.


No céu reinava a pureza,

Os anjos cantavam luz,

Santos davam fortaleza

Na presença de Jesus.

Era a ordem suprema,

Fonte eterna do poema,

Que o cordel hoje traduz.


Na terra havia o poder

Dos reis e dos cavaleiros,

E o camponês a sofrer

No trabalho derradeiro.

A vida era dividida,

Mas também fortalecida

Por costumes costumeiros.


E o inferno era o terror,

Onde o fogo não cessava,

Onde o diabo enganador

Aos homens tentava e achava.

Era reino de agonia,

De trevas e rebeldia

Que a fé sempre combatia.


A ordem era refletida

Na estrutura feudal,

Onde a classe dividida

Era o reflexo social.

Do mais alto ao camponês,

Se espelhava no que fez

O sistema espiritual.


Castelos se erguiam fortes,

Na colina ou na planície,

Protegendo reis e cortes

Do ataque ou da mesmice.

Mas também eram muralhas

Contra as forças e batalhas

Que o demônio sempre urdiss.


A cosmologia regia

Cada gesto do viver,

O destino se prendia

No temor de se perder.

Mas no medo havia a chama,

Que a esperança ainda inflama

No desejo de vencer.


Assim nasceu a cultura

Que misturava o real

Com a sombra da escritura

Do poder celestial.

O cordel conta em memória

Essa herança de vitória

Do legado medieval.


Hoje guardo no cordel

Essa visão de três mundos,

Que reflete o céu fiel

E os abismos tão profundos.

É pintura de um painel,

De grandeza sem igual,

Nos mistérios tão fecundos.


🏰 Capítulo 2 – Hierarquia e Seres Lendários (9 estrofes)


No trono estava o rei forte

De coroa e coração,

Mas o destino e a sorte

Dependiam da oração.

A cavalaria ardente

Era o braço reluzente

Da justiça e da nação.


Camelot virou legenda,

Com Artur e sua mesa,

Onde a honra se estenda

Como espada de defesa.

E o Graal, cálice santo,

Se tornou o grande encanto

Da verdade e da beleza.


Dragões rugiam no monte,

Guardando ouro escondido,

E o herói, de mesma fonte,

Enfrentava o perigo.

São Jorge na tradição,

Vencia com devoção

O monstro endurecido.


Monstros como o grifo alado

Misturavam o animal,

Com humano transformado

Em figura surreal.

E o lobisomem da lenda

Fez do medo a oferenda

No imaginário fatal.


As bruxas foram temidas

E queimadas na fogueira,

Mas guardavam as sabidas

Ervas da terra inteira.

Muitas eram perseguidas,

Outras lidas e ouvidas

Como força verdadeira.


Os gnomos e os anões

Da tradição germânica,

Guardavam subterrâneos

De riqueza titânica.

Elfos do Norte celeste

Mostravam vida agreste

Em poesia romântica.


Roland foi guerreiro forte

Na canção de cavalaria,

Beowulf firmou seu norte

Contra a fera em valentia.

Sigurd rompeu os segredos,

E mostrou nos mitos ledos

Sua fúria em poesia.


Os templários, cavaleiros,

Servos de cruz e bandeira,

Ergueram templos inteiros

Na jornada derradeira.

Eram símbolos de fé,

De poder que se revê

Na memória verdadeira.


Assim se forma o inventário

Dos seres medievais,

Um legado lendário

De encantos sem iguais.

É herança cultural

Que resiste universal

Nos poemas imortais.


🌍 Capítulo 3 – Linhas do Oriente Antigo (8 estrofes)


Na Pérsia de mil batalhas,

Ferdowsi foi o cantor,

No Shāhnameh fez muralhas

De coragem e de amor.

Rostam ergue-se em combate,

Com espada que abate

O demônio tentador.


No século das Mil Noites,

As histórias se firmaram,

Em sultões, gênios e açoites

Os contos se consagraram.

Scheherazade a narrar,

Fez da lenda o despertar

Que mil sonhos prolongaram.


Djins em lâmpadas presas,

Cidades encantadas,

Magos de grande destreza

E princesas coroadas.

Foi tesouro imortal,

Que em memória cultural

Tece as linhas encantadas.


A sabedoria islâmica

Deu forma ao mundo feérico,

Transformou visão pragmática

Em um sonho tão etéreo.

O Oriente foi morada

De magia eternizada

No imaginário sério.


Na Índia e na Arábia,

No Egito e na Mesopotâmia,

Se uniram culturas sábias

Que criaram a grande chama.

E os contos dessa herança

São pilares da lembrança

Que no tempo se derrama.


Assim a tradição mística

Do Oriente floresceu,

Unindo o saber e a mística

No que o povo concebeu.

É raiz que ainda inspira,

É memória que transpira

No cordel que aqui nasceu.


Seja no mito persa

Ou na lenda islâmica,

Cada verso se dispersa

Numa ponte emblemática.

Entre o real e o além,

Ficou vivo o que convém

À memória fantástica.


E o Oriente permanece

Como fonte inesgotável,

Onde o mito enriquece

O saber inesgotável.

É canto que ecoa inteiro,

É tesouro verdadeiro,

De beleza admirável.


⚔️ Capítulo 4 – As Vozes do Ocidente (9 estrofes)


Beowulf foi o primeiro,

Herói de lenda anglo-saxã,

Enfrentou monstro traiçoeiro

Na batalha desumana.

Venceu Grendel e a mãe fera,

E um dragão que o desterra

Na canção sobre-humana.


Rolando foi cavaleiro

Na França carolíngia,

Defendeu o povo inteiro

Contra a guerra sanguínea.

Na Canção de sua vida,

Mostrou coragem destemida,

Na epopeia cristalina.


Chrétien de Troyes cantou

O mistério do Graal,

E o ciclo se formou

No romance medieval.

Camelot ganhou poesia,

Com cavalaria e magia,

No sonho cavaleiral.


Wolfram, na Alemanha,

Fez de Artur nova canção,

Sua pena se entranha

Na sagrada tradição.

O Graal virou esperança,

E na lenda, a confiança

De um herói em devoção.


E Dante, o florentino,

Na Divina Comédia viu,

O inferno tão divino

Que o humano traduziu.

Entre céu, inferno e chão,

Fez da alma uma visão

Que até hoje seduziu.


Na Itália medieval,

A poesia floresceu,

E o céu espiritual

No purgatório se deu.

Era viagem da mente,

Era obra permanente,

Que no tempo reviveu.


O Ocidente assim guardou

Em sua pena imortal,

O mito que se firmou

Em um ciclo universal.

Da França à Inglaterra,

Da Alemanha em sua terra,

Resistiu ao temporal.


Essas vozes do Ocidente

Foram chama e fundação,

E o cordel agora sente

Sua eterna inspiração.

Do trovador ao poeta,

Ficou viva a linha reta

Que nos dá imaginação.


Assim termina o inventário

Do Ocidente cavaleiro,

Legado forte e lendário

Do passado verdadeiro.

É herança cultural,

É memória universal,

No cordel brasileiro.


🎨 Capítulo 5 – Do Renascimento à Glória (8 estrofes)


Ludovico Ariosto canta

Orlando Furioso em cor,

Onde a lenda se levanta

Com cavaleiro e amor.

Era a Itália renascida,

Na epopeia destemida

De bravura e de ardor.


Milton trouxe Paraíso

Na Inglaterra do Barroco,

Recontou no seu juízo

O conflito mais antigo.

Deus e anjos em batalha,

O demônio que não falha

No orgulho tão nocivo.


Foi a queda de Satã,

A rebeldia infernal,

Contra o céu soberano

E a vitória celestial.

Obra de filosofia,

Mas também de poesia

Do destino universal.


O Renascimento abriu

Novas portas do saber,

Mas a lenda resistiu

E voltou a florescer.

Pois no herói e na espada,

A memória renovada

Teve nova luz nascer.


Foi tempo de descobertas,

De ciência e de razão,

Mas as portas estavam abertas

Pra magia e devoção.

Era tempo de mudança,

Mas a lenda foi esperança

Que ficou no coração.


Assim se firmou no mundo

A ponte entre eras distintas,

Do passado tão profundo

Às conquistas mais distintas.

E a lenda resistiu,

E no sonho persistiu,

Nas memórias mais distintas.


Ariosto e Milton guardam

A chama do medieval,

Em suas obras que ardam

Na herança cultural.

São poetas da memória,

São guardiões da história

No caminho universal.


O Renascimento mostrou

Que a lenda é resistência,

Que o mito não se apagou

Na razão ou na ciência.

Pois o homem sempre cria,

Na fé ou na fantasia,

Sua eterna consciência.


📚 Capítulo 6 – Fantasias Modernas (8 estrofes)


Os irmãos Grimm recolheram

Na Alemanha camponesa,

Contos que se floresceram

Na memória da nobreza.

Bruxas, lobos e princesas,

Florestas de mil belezas,

Foram chama de certeza.


William Morris recriou

Cenários medievais,

George MacDonald sonhou

Com reinos tão imortais.

A fantasia se ergueu,

Em poesia floresceu,

Com encantos tão reais.


No século XIX,

O mito voltou com força,

A memória sobrevive

Na tradição que não torça.

Pois o conto popular

Nunca deixou de inspirar

Na esperança que reforça.


Era tempo de mudança,

De ciência e progresso,

Mas o povo na lembrança

Não largava o recesso.

O medieval ressurgia,

Na palavra que dizia

O cordel em retrocesso.


Assim o mito voltou

Na cultura germinada,

Na poesia que restou

Da memória preservada.

Pois o povo, no querer,

Sempre busca renascer

Sua história encantada.


Grimm, Morris e MacDonald

São faróis dessa visão,

Guardam sempre o imortal

Na toada da canção.

E no tempo que viria,

Renovaram a poesia

Com memória e tradição.


O moderno fez da lenda

Um espelho permanente,

E a poesia se estenda

Na cultura do presente.

É passado que inspira,

É futuro que admira

O legado resistente.


Assim ficou reafirmado

Que o medieval resiste,

E no sonho eternizado

Sua chama ainda existe.

Na memória popular,

Ele volta a se afirmar

No cordel que persiste.


🐉 Capítulo 7 – Contemporâneos Encantados (9 estrofes)


Tolkien foi grande poeta

Da Inglaterra sonhadora,

Criou terra tão secreta

De memória encantadora.

Com anel e com dragão,

Com elfos na imensidão,

Fez a lenda protetora.


Nárnia nasceu com Lewis,

Cavaleiro da esperança,

Que em suas letras traduziu

A fé como herança.

Entre reis e animais falantes,

Entre símbolos radiantes,

Fez do mito a confiança.


E Martin, no século novo,

Com Gelo e Fogo encantado,

Recriou no mundo o povo

Num castelo consagrado.

Bruxas, reis e dragões,

Guerras, mortes e paixões,

No cordel são lembrados.


A fantasia renasceu

Com força contemporânea,

Mostrou o que já viveu

Na memória quotidiana.

Pois a Idade Medieval

É raiz tão imortal

Na cultura soberana.


O cinema e a televisão

Também deram sua voz,

A lenda ganha canção

E nunca fica a sós.

É memória universal,

Que resiste sem igual,

Do passado até nós.


A Idade Média reflete

No presente atual,

Seus mitos são o bilhete

Pra viagem sem igual.

É fantasia e verdade,

É história e identidade,

É cultura imortal.


Tolkien trouxe um mundo inteiro,

Lewis fez ponte cristã,

Martin trouxe o derradeiro

Do real ao amanhã.

Cada um no seu caminho,

Fez do mito um pergaminho

Que a memória nos dá.


A Idade ressurge viva,

Na cultura do presente,

A memória é objetiva

E resiste eternamente.

Do cordel ao romance,

O mito tem sua chance

De seguir resplandecente.


Assim termina o inventário

Da Idade Contemporânea,

Legado sempre lendário

Da memória soberana.

É presente e é futuro,

É tesouro tão seguro

Na toada quotidiana.


🌙 Encerramento da Cantiga (8 estrofes)


Chega ao fim minha jornada

Por castelos e reinos velhos,

Onde a lenda foi bordada

Por cavaleiros e espelhos.

Mas a memória não cessa,

Pois no tempo ela atravessa

Com seus mitos tão vermelhos.


Do Oriente ao Ocidente,

Do passado ao presente,

A lenda foi resistente,

Foi memória persistente.

Na cultura popular,

Nunca deixou de cantar

O que é sonho permanente.


O medieval nos ensina

Que a luta entre bem e mal

É chama que nos destina

A buscar o ideal.

É simbólica memória,

Mas também é nossa história

De coragem sem igual.


O cordel é testemunha

Dessa viagem encantada,

Que a lenda sempre ruma

Com memória consagrada.

É viagem do leitor,

Que encontrou neste cantor

Uma estrada iluminada.


Fecho aqui minha toada

Mas deixo a lenda em flor,

Que a memória consagrada

Siga sempre em seu valor.

Pois no mito e na poesia,

Resiste a sabedoria

Do passado encantador.


Do feudal ao moderno,

Do trovador ao cantor,

O caminho foi eterno

Na memória do leitor.

E no cordel brasileiro,

Renascem no tempo inteiro

As histórias de valor.


O mito é chama sagrada,

Que jamais vai se apagar,

É ponte sempre guardada

Pro futuro se firmar.

No cordel ficou escrito,

O legado mais bonito

Que a lenda pode entregar.


E assim termino contente

Este livro em poesia,

Com memória resistente

E cordel que alumia.

É história e tradição,

É memória e devoção,

É cultura e fantasia.


✨ Epílogo Poético (8 estrofes)


Seja eterno o mito antigo

Que a memória preservou,

Seja o livro grande amigo

Que no tempo se firmou.

Pois a lenda é o espelho

Do humano e seu conselho,

Do que o povo cultivou.


Entre o céu e o inferno,

Entre a terra e a razão,

Se constrói o mundo eterno

Da fé e da tradição.

É viagem sem medida,

É memória que convida

À cultura e à canção.


A Idade Média é raiz

De cultura universal,

É memória que se diz

No cordel tradicional.

É passado e é futuro,

É tesouro mais seguro

Do legado cultural.


O cordel guarda a toada

Que o tempo não apagou,

É memória consagrada

Que no povo se firmou.

E na rima nordestina,

A memória se destina

A quem sempre a cultivou.



NOTA DE FONTES


No caminho da jornada

Que narrei com devoção,

Não caminhei solitário,

Busquei sábia inspiração.

Das letras de antigos mestres

Floresceu minha canção.


Ferdowsi, o persa eterno,

Guardião dos reis valentes,

No Shāhnameh revelou

Os combates incandescentes,

Onde Rostam e seus feitos

Ecoam nos continentes.


Dante, em sua Comédia,

Do Céu ao Inferno guiou,

Pelas sendas do Purgatório

Com poesia nos levou,

Mostrando a ordem do mundo

Que a Idade Média forjou.


Também ouvi os irmãos Grimm

Com seus contos tão singelos,

De florestas encantadas,

De monstros, reis e castelos,

Guardando a alma do povo

Em relatos tão belos.


John Milton, com sua pena,

Fez o Paraíso Perdido,

E no embate cósmico

Lúcifer foi destemido;

Mas a vitória da luz

Ficou para o Céu erguido.


George Martin, mais recente,

Com dragões e grandes tronos,

Mostrou reinos em disputa,

Sangue, fogo, duros donos,

Trazendo ao tempo moderno

Os medievais abonos.


Tolkien, mestre encantado,

Com a Terra-Média escreveu

A saga de um anel mágico

Que o mundo inteiro leu;

No sopro dos nórdicos mitos

Sua lenda floresceu.


E Chrétien de Troyes, outrora,

Com cavaleiro e Graal,

Plantou na alma da Europa

A esperança triunfal,

Que em Camelot se expandia

No sonho cavaleiral.


José Manuel Arias trouxe

Mitos e lendas medievais,

Em páginas tão certeiras,

Mostrou símbolos ancestrais,

Guardando o peso da História

E seus ecos imortais.


Assim fiz meu caminhar,

Do passado até o presente,

Das fontes brotou a seiva

Que corre forte e corrente,

Para erguer esta cantiga

Que entrego a todo leitor crente.



QUARTA CAPA POÉTICA 





Quarta Capa Poética


No castelo da memória,

Onde a lenda se acendeu,

Dragões cruzam o horizonte,

Com coragem de quem leu.

Na Idade Média encantada

O mito nunca morreu.


Heróis de espada erguida,

Contra o mal em desafio,

Bruxas tecem seus segredos,

Na neblina e no frio.

Cada verso deste livro

É um portal aberto ao rio.


Do Oriente ao Ocidente,

A jornada aqui se traça,

Cavaleiros, reis e povos,

De esperança e de desgraça.

Na cosmologia mítica

Todo tempo se entrelaça.


Quem folhear estas páginas

Verá mundos em expansão,

Com poetas e cronistas

Guardando a inspiração.

É cordel que abre as portas

Da eterna imaginação.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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