quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A MULHER NA MITOLOGIA, ARTE E CULTURA POP EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico às mães da aldeia,

Às deusas do coração,

Às guerreiras esquecidas

Que fizeram revolução,

Às vozes que foram caladas

E hoje cantam a canção.


📜 ÍNDICE POÉTICO


Abertura do Cordel


Prólogo Poético


Capítulo I – Das Deusas às Heroínas do Mito Antigo


Capítulo II – Rainhas, Santas e Feiticeiras na História


Capítulo III – O Corpo Feminino e a Arte Literária


Capítulo IV – Cinema, Quadrinhos e Televisão


Capítulo V – Games e a Era Digital


Discussão: Permanências e Rupturas


Encerramento


Epílogo Poético


Nota de Fontes


✨ ABERTURA


Trago em versos a jornada

De mulher, musa e rainha,

Deusa, santa, feiticeira,

Guerreira que não se avinha,

Pois em cada tempo surge

A esperança que caminha.


🎭 PRÓLOGO POÉTICO


Na memória dos antigos,

A mulher sempre brilhou,

Mas também foi subjugada

E sua dor ecoou.

Entre altar e fogueira,

A história se desenhou.


Hoje, a cultura pop

Reinventa a tradição,

Na TV, nos quadrinhos,

No cinema e na canção,

E até no mundo dos games

Ela assume posição.


📖 CAPÍTULOS


🌺 CAPÍTULO I – Das Deusas às Heroínas do Mito Antigo


(10 estrofes)


1

Ísis, rainha do Egito,

Protegia o lar e o filho,

Era a guardiã da vida

E do saber, seu trilho.

Representa a maternidade,

E o afeto em cada brilho.


2

Atena, a deusa grega,

Com a lança e com a mente,

Mostrava que a sabedoria

Também podia ser valente.

Era a razão encarnada,

De coragem persistente.


3

Ártemis caçava livre,

Não queria se prender,

Defendia sua essência,

Escolhia seu viver.

Era o mito da mulher

Que não se deixa deter.


4

Afrodite, do desejo,

Do prazer e da paixão,

Mostrava como o feminino

Movia o mundo em canção.

Era a força do amor,

E também da tentação.


5

No terreiro de Oxum,

Orixá de doce rio,

A fertilidade brota,

E o coração fica frio.

Pois seu poder de mulher

É sagrado desafio.


6

Iansã, senhora dos ventos,

Do trovão e do trovador,

Mostrava no céu aberto

Sua fúria e seu vigor.

Era guerreira altiva,

Era fogo, era furor.


7

Na tradição ameríndia,

Jaci brilha no luar,

É senhora da lua cheia,

Dos ciclos que vêm passar.

Mostra o tempo e a vida

Na maré do seu olhar.


8

Iara canta nos rios,

Encantando pescador,

Sua voz doce é perigo,

É beleza e é ardor.

Representa o poder

Do desejo sedutor.


9

Do mito até os altares,

A mulher foi celebrada,

Mas entre bênção e medo

Foi também aprisionada.

Se ora era venerada,

Noutra era condenada.


10

Esse é o começo da história,

Da deusa até a vilã,

Entre glória e sofrimento,

Entre afeto e exclusão.

Do mito brota o caminho

Da eterna contradição.



👑 CAPÍTULO II – Rainhas, Santas e Feiticeiras na História


1

Na Idade Média sombria,

O destino era dividido,

Ou santa pura e sagrada,

Ou bruxa já perseguido.

A mulher era marcada,

Seu papel sempre ferido.


2

As rainhas tinham tronos,

Mas nem sempre autonomia,

Governavam lado a lado,

Com poder que se perdia.

O olhar do rei e da corte

Limitava sua ousadia.


3

Nos altares mais dourados,

Santas eram veneradas,

Vozes cheias de milagre,

Almas puras consagradas.

Mas por trás da devoção,

Seguiam sendo vigiadas.


4

No entanto, muitas mulheres

Que estudaram medicina,

Que sabiam das ervas

E da cura cristalina,

Foram vistas como bruxas

E queimadas na rotina.


5

O fogo das inquisições

Consumiu sabedoria,

Transformou curandeiras

Em símbolos de heresia.

E a ciência que traziam

Se perdeu em agonia.


6

Mas no seio das memórias,

Persistiu a rebeldia,

Pois em cada fogueira acesa

Uma chama renascia.

Era o grito das mulheres

Que a História não calaria.


7

Nos castelos e conventos,

No mercado e na prisão,

A mulher foi controlada

Pelo corpo e pela mão.

Mas também semeou força

Que germinou na nação.


8

Entre coroas douradas

E correntes de opressão,

Entre os altares da fé

E a fogueira de punição,

Nasceu a dupla imagem:

Do poder e da exclusão.


9

Assim a História revela,

Com dureza e claridade,

Que a mulher foi dividida

Entre mito e realidade.

Mas sempre guardou no peito

A semente da liberdade.



🌹 CAPÍTULO III – O CORPO FEMININO E A ARTE LITERÁRIA


1

No tecido da palavra,

Surge o corpo da mulher,

Revelado em poesia,

Como força que reveste.

É o sopro da memória

Que resiste e que se tece.


2

Desde as musas da epopeia,

Até vozes do cordel,

A mulher é fonte viva,

É poesia feita mel.

Na escrita deixa marcas,

Na história deixa o papel.


3

Nos romances, nos sonetos,

E também na tradição,

O corpo é visto e descrito

Com desejo e devoção.

Mas também como bandeira

De justiça e condição.


4

Cada verso que a exalta

Pode ser libertador,

Ou prisão de estereótipos

Que lhe roubam seu valor.

Entre as linhas do livro

Brilha a chama do amor.


5

Na pena das escritoras

Ecoa voz resistida,

Mulheres que se afirmaram

Contra a ordem instituída.

No silêncio e nas letras

Foram sempre a guarida.


6

Do cordel ao modernismo,

O corpo foi inspiração,

Símbolo de liberdade,

Ou de dominação.

Mas na arte literária

Reinventa-se a paixão.


7

A mulher não é objeto,

É sujeito criador,

Que na carne e na palavra

Tece o mundo e seu sabor.

É matriz de todo mito,

É da vida o fulgor.


8

Assim na arte escrita

O corpo é território,

Lugar de luta e memória,

De dor, prazer e de glória.

A mulher se faz presente,

No futuro e na história.


9

E a literatura guarda

Esse corpo em seu cantar,

Não como prisão de forma,

Mas como luz a brilhar.

O feminino se ergue,

Com poder de transformar.


10

No cordel fica inscrito

Esse corpo em poesia,

Entre luta e resistência,

Entre dor e alegria.

É raiz que nos sustenta,

É o canto que irradia.



🎬 CAPÍTULO IV – CINEMA, QUADRINHOS E TELEVISÃO


1

Da imagem em movimento

Nasceu novo coração,

O cinema iluminou

Os caminhos da invenção.

Fez do povo espectador

De um mundo em projeção.


2

Na tela grande surgiram

Heróis, lutas e amores,

Histórias que emocionaram

Diversas gerações e cores.

O cinema foi escola,

Revelando seus valores.


3

Os quadrinhos, por seu lado,

Com traços vivos falaram,

Criando mundos fantásticos

Que os jovens admiraram.

Heróis de capa e coragem

Sonhos novos semearam.


4

Na revista ilustrada

O herói ganha expressão,

Mas também o anti-herói

Com seus dramas de paixão.

Entre desenhos e falas,

Se constrói imaginação.


5

A televisão despontou

Com a força do cotidiano,

Levando ao lar do povo

O teatro e o humano.

Novelas e telejornais

Se tornaram soberanos.


6

Entre programas e séries,

A cultura se espalhou,

Mitos novos se criaram,

Velhas vozes se calou.

Mas também trouxe saberes

Que o mundo iluminou.


7

Cinema, TV e quadrinhos

São memória coletiva,

São espelho da cultura,

São raiz sempre ativa.

Guardam sonhos do presente

E a lembrança mais viva.


8

Na fusão dessas linguagens

O povo passa a aprender,

A rir, chorar e sonhar,

A lembrar e a esquecer.

Entre a arte e a indústria

O mundo pode crescer.


9

Mas também há resistência

Nos quadrinhos regionais,

No cinema independente

E na TV dos locais.

É o povo reinterpretando

Seus destinos imortais.


10

Assim se fecha o capítulo

Desta tríplice invenção,

Cinema, quadrinhos, telinha

São da arte expressão.

E no cordel se registram

Como fios da criação.



🎮 CAPÍTULO V – GAMES E A ERA DIGITAL


1

No tempo da modernidade,

Surge o jogo eletrônico,

Um mundo dentro da tela

Com poder quase hipnótico.

Entre lazer e trabalho,

Tornou-se fenômeno histórico.


2

Os primeiros jogos simples,

De pixels bem limitados,

Foram sonho e novidade

Nos lares recém-chegados.

De “Pong” até os consoles,

Todos logo encantados.


3

Na década oitenta em diante,

A febre se espalhou,

O arcade nas esquinas

Muitos jovens conquistou.

Cada ficha era aventura

Que jamais se apagou.


4

Vieram mundos fantásticos,

Personagens imortais,

Encarnados nos consoles,

Entre quedas e vitais.

O herói luta e renasce

Nos caminhos virtuais.


5

Mas o game não é só jogo,

É linguagem e expressão,

Com histórias elaboradas,

Com cultura e emoção.

É memória compartilhada,

É do tempo tradução.


6

A internet transformou

O jogar em comunhão,

De um só quarto o jovem fala

Com o mundo em conexão.

O digital se tornou

Novo espaço de união.


7

Nas escolas já se usa

Como meio de ensinar,

Entre mapas e missões

O saber pode avançar.

É a lúdica ponte aberta

Entre o jogar e o pensar.


8

Mas também há desafios

Que o futuro nos revela:

O excesso que aprisiona,

A violência da novela.

É preciso crítica firme

Para não ser só uma cela.


9

Os games criam cultura,

Universos infinitos,

De esportes eletrônicos

A torneios tão bonitos.

São palcos de juventude,

De talentos e de mitos.


10

Assim se fecha este canto

Da era digital presente,

Onde o jogo vira arte,

Onde o povo é resistente.

Games são nova linguagem

De um tempo surpreendente.



📖 Discussão: Permanências e Rupturas


1

Do mito à era moderna,

A mulher foi dividida,

Entre musa e prisioneira,

Entre santa e perseguida.

Mas também mostrou coragem,

Transformando a própria vida.


2

A permanência resiste

No olhar que a aprisionou,

Na cultura que por séculos

Seu corpo silenciou.

Mas a ruptura cresce

No espaço que conquistou.


3

Seja em quadros ou poemas,

Nas telas ou na canção,

A mulher passa de objeto

A sujeito da nação.

Rompendo as velhas correntes,

Reescrevendo a tradição.


4

A ruptura é a palavra

Que define este caminho:

De serva vira guerreira,

De sombra, traça o destino.

Entre quedas e vitórias,

Nunca andou sozinha, ao vinho.


🌺 Encerramento


1

Aqui se fecha este canto

De lutas e inspiração,

Onde a mulher fez história,

Coração da criação.

Na cultura e na memória,

É raiz da tradição.


2

Do passado às novas telas,

Seu retrato se refaz,

Com coragem, voz e sonho,

Com justiça que se faz.

Seu futuro está na luta,

Na igualdade e na paz.


🌙 Epílogo Poético


1

Quem folheia estas estrofes

Carrega uma revelação:

Que a mulher é patrimônio,

É do mundo a fundação.

Na mitologia e na arte,

É do povo a pulsação.


2

Que este cordel seja ponte,

Entre passado e amanhã,

Entre a musa e a heroína,

Entre a dor e a manhã.

Que na voz de cada filha

Haja sempre voz irmã.


📚 Nota de Fontes (em Cordel)


1

Para firmar minha rima,

Cito mestres com respeito,

Que nas trilhas do estudo

Me ensinaram o conceito.

Aqui trago em poesia

Cada fonte por direito.


2

De Beauvoir, a francesa,

Fez do “Outro” revelação,

Mostrando o peso histórico

Que aprisiona a mulher, então.

No “Segundo Sexo” deixou

A luta em afirmação.


3

Butler falou de gênero,

De identidade e poder,

Na “Subversão da forma”

Novos rumos fez nascer.

Sua crítica feminista

Dá voz a quem quer viver.


4

Eliade trouxe os mitos,

Campbell, o herói viajante,

Marina Warner contou

A donzela e o gigante.

Cada símbolo revela

O temor sempre constante.


5

Bell hooks foi militante,

Com amor revolucionário,

Na luta pela igualdade,

Deu sentido necessário.

E no “Feminismo é pra todos”

Fez o chamado solidário.


6

Verger cantou os Orixás,

Das águas de Oxum, poder,

Das tempestades de Iansã,

Do axé que faz renascer.

Com Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí,

Outro mundo pôde haver.


7

Mulvey falou do cinema,

Do olhar masculino a julgar,

Enquanto Gilbert e Gubar

Fizeram a chama brilhar.

Na crítica literária,

A mulher pôde falar.


8

Das telas e dos quadrinhos,

Cito a Mulher-Maravilha,

De Marston, com utopia,

Na justiça foi centelha.

Ripley e suas batalhas,

Cada uma é nossa trilha.


9

Nos games, Tomb Raider surge,

Com Croft que se transformou,

De objeto a protagonista,

Seu caminho caminhou.

E em “The Last of Us II”,

Abby e Ellie brilhou.


10

Assim termino as “Fontes”,

Em cordel de coração,

Honrando as mestras e mestres

Que guiaram a inspiração.

Pois sem eles não se ergue

Este livro em tradição.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 







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