🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico às mães da aldeia,
Às deusas do coração,
Às guerreiras esquecidas
Que fizeram revolução,
Às vozes que foram caladas
E hoje cantam a canção.
📜 ÍNDICE POÉTICO
Abertura do Cordel
Prólogo Poético
Capítulo I – Das Deusas às Heroínas do Mito Antigo
Capítulo II – Rainhas, Santas e Feiticeiras na História
Capítulo III – O Corpo Feminino e a Arte Literária
Capítulo IV – Cinema, Quadrinhos e Televisão
Capítulo V – Games e a Era Digital
Discussão: Permanências e Rupturas
Encerramento
Epílogo Poético
Nota de Fontes
✨ ABERTURA
Trago em versos a jornada
De mulher, musa e rainha,
Deusa, santa, feiticeira,
Guerreira que não se avinha,
Pois em cada tempo surge
A esperança que caminha.
🎭 PRÓLOGO POÉTICO
Na memória dos antigos,
A mulher sempre brilhou,
Mas também foi subjugada
E sua dor ecoou.
Entre altar e fogueira,
A história se desenhou.
Hoje, a cultura pop
Reinventa a tradição,
Na TV, nos quadrinhos,
No cinema e na canção,
E até no mundo dos games
Ela assume posição.
📖 CAPÍTULOS
🌺 CAPÍTULO I – Das Deusas às Heroínas do Mito Antigo
(10 estrofes)
1
Ísis, rainha do Egito,
Protegia o lar e o filho,
Era a guardiã da vida
E do saber, seu trilho.
Representa a maternidade,
E o afeto em cada brilho.
2
Atena, a deusa grega,
Com a lança e com a mente,
Mostrava que a sabedoria
Também podia ser valente.
Era a razão encarnada,
De coragem persistente.
3
Ártemis caçava livre,
Não queria se prender,
Defendia sua essência,
Escolhia seu viver.
Era o mito da mulher
Que não se deixa deter.
4
Afrodite, do desejo,
Do prazer e da paixão,
Mostrava como o feminino
Movia o mundo em canção.
Era a força do amor,
E também da tentação.
5
No terreiro de Oxum,
Orixá de doce rio,
A fertilidade brota,
E o coração fica frio.
Pois seu poder de mulher
É sagrado desafio.
6
Iansã, senhora dos ventos,
Do trovão e do trovador,
Mostrava no céu aberto
Sua fúria e seu vigor.
Era guerreira altiva,
Era fogo, era furor.
7
Na tradição ameríndia,
Jaci brilha no luar,
É senhora da lua cheia,
Dos ciclos que vêm passar.
Mostra o tempo e a vida
Na maré do seu olhar.
8
Iara canta nos rios,
Encantando pescador,
Sua voz doce é perigo,
É beleza e é ardor.
Representa o poder
Do desejo sedutor.
9
Do mito até os altares,
A mulher foi celebrada,
Mas entre bênção e medo
Foi também aprisionada.
Se ora era venerada,
Noutra era condenada.
10
Esse é o começo da história,
Da deusa até a vilã,
Entre glória e sofrimento,
Entre afeto e exclusão.
Do mito brota o caminho
Da eterna contradição.
👑 CAPÍTULO II – Rainhas, Santas e Feiticeiras na História
1
Na Idade Média sombria,
O destino era dividido,
Ou santa pura e sagrada,
Ou bruxa já perseguido.
A mulher era marcada,
Seu papel sempre ferido.
2
As rainhas tinham tronos,
Mas nem sempre autonomia,
Governavam lado a lado,
Com poder que se perdia.
O olhar do rei e da corte
Limitava sua ousadia.
3
Nos altares mais dourados,
Santas eram veneradas,
Vozes cheias de milagre,
Almas puras consagradas.
Mas por trás da devoção,
Seguiam sendo vigiadas.
4
No entanto, muitas mulheres
Que estudaram medicina,
Que sabiam das ervas
E da cura cristalina,
Foram vistas como bruxas
E queimadas na rotina.
5
O fogo das inquisições
Consumiu sabedoria,
Transformou curandeiras
Em símbolos de heresia.
E a ciência que traziam
Se perdeu em agonia.
6
Mas no seio das memórias,
Persistiu a rebeldia,
Pois em cada fogueira acesa
Uma chama renascia.
Era o grito das mulheres
Que a História não calaria.
7
Nos castelos e conventos,
No mercado e na prisão,
A mulher foi controlada
Pelo corpo e pela mão.
Mas também semeou força
Que germinou na nação.
8
Entre coroas douradas
E correntes de opressão,
Entre os altares da fé
E a fogueira de punição,
Nasceu a dupla imagem:
Do poder e da exclusão.
9
Assim a História revela,
Com dureza e claridade,
Que a mulher foi dividida
Entre mito e realidade.
Mas sempre guardou no peito
A semente da liberdade.
🌹 CAPÍTULO III – O CORPO FEMININO E A ARTE LITERÁRIA
1
No tecido da palavra,
Surge o corpo da mulher,
Revelado em poesia,
Como força que reveste.
É o sopro da memória
Que resiste e que se tece.
2
Desde as musas da epopeia,
Até vozes do cordel,
A mulher é fonte viva,
É poesia feita mel.
Na escrita deixa marcas,
Na história deixa o papel.
3
Nos romances, nos sonetos,
E também na tradição,
O corpo é visto e descrito
Com desejo e devoção.
Mas também como bandeira
De justiça e condição.
4
Cada verso que a exalta
Pode ser libertador,
Ou prisão de estereótipos
Que lhe roubam seu valor.
Entre as linhas do livro
Brilha a chama do amor.
5
Na pena das escritoras
Ecoa voz resistida,
Mulheres que se afirmaram
Contra a ordem instituída.
No silêncio e nas letras
Foram sempre a guarida.
6
Do cordel ao modernismo,
O corpo foi inspiração,
Símbolo de liberdade,
Ou de dominação.
Mas na arte literária
Reinventa-se a paixão.
7
A mulher não é objeto,
É sujeito criador,
Que na carne e na palavra
Tece o mundo e seu sabor.
É matriz de todo mito,
É da vida o fulgor.
8
Assim na arte escrita
O corpo é território,
Lugar de luta e memória,
De dor, prazer e de glória.
A mulher se faz presente,
No futuro e na história.
9
E a literatura guarda
Esse corpo em seu cantar,
Não como prisão de forma,
Mas como luz a brilhar.
O feminino se ergue,
Com poder de transformar.
10
No cordel fica inscrito
Esse corpo em poesia,
Entre luta e resistência,
Entre dor e alegria.
É raiz que nos sustenta,
É o canto que irradia.
🎬 CAPÍTULO IV – CINEMA, QUADRINHOS E TELEVISÃO
1
Da imagem em movimento
Nasceu novo coração,
O cinema iluminou
Os caminhos da invenção.
Fez do povo espectador
De um mundo em projeção.
2
Na tela grande surgiram
Heróis, lutas e amores,
Histórias que emocionaram
Diversas gerações e cores.
O cinema foi escola,
Revelando seus valores.
3
Os quadrinhos, por seu lado,
Com traços vivos falaram,
Criando mundos fantásticos
Que os jovens admiraram.
Heróis de capa e coragem
Sonhos novos semearam.
4
Na revista ilustrada
O herói ganha expressão,
Mas também o anti-herói
Com seus dramas de paixão.
Entre desenhos e falas,
Se constrói imaginação.
5
A televisão despontou
Com a força do cotidiano,
Levando ao lar do povo
O teatro e o humano.
Novelas e telejornais
Se tornaram soberanos.
6
Entre programas e séries,
A cultura se espalhou,
Mitos novos se criaram,
Velhas vozes se calou.
Mas também trouxe saberes
Que o mundo iluminou.
7
Cinema, TV e quadrinhos
São memória coletiva,
São espelho da cultura,
São raiz sempre ativa.
Guardam sonhos do presente
E a lembrança mais viva.
8
Na fusão dessas linguagens
O povo passa a aprender,
A rir, chorar e sonhar,
A lembrar e a esquecer.
Entre a arte e a indústria
O mundo pode crescer.
9
Mas também há resistência
Nos quadrinhos regionais,
No cinema independente
E na TV dos locais.
É o povo reinterpretando
Seus destinos imortais.
10
Assim se fecha o capítulo
Desta tríplice invenção,
Cinema, quadrinhos, telinha
São da arte expressão.
E no cordel se registram
Como fios da criação.
🎮 CAPÍTULO V – GAMES E A ERA DIGITAL
1
No tempo da modernidade,
Surge o jogo eletrônico,
Um mundo dentro da tela
Com poder quase hipnótico.
Entre lazer e trabalho,
Tornou-se fenômeno histórico.
2
Os primeiros jogos simples,
De pixels bem limitados,
Foram sonho e novidade
Nos lares recém-chegados.
De “Pong” até os consoles,
Todos logo encantados.
3
Na década oitenta em diante,
A febre se espalhou,
O arcade nas esquinas
Muitos jovens conquistou.
Cada ficha era aventura
Que jamais se apagou.
4
Vieram mundos fantásticos,
Personagens imortais,
Encarnados nos consoles,
Entre quedas e vitais.
O herói luta e renasce
Nos caminhos virtuais.
5
Mas o game não é só jogo,
É linguagem e expressão,
Com histórias elaboradas,
Com cultura e emoção.
É memória compartilhada,
É do tempo tradução.
6
A internet transformou
O jogar em comunhão,
De um só quarto o jovem fala
Com o mundo em conexão.
O digital se tornou
Novo espaço de união.
7
Nas escolas já se usa
Como meio de ensinar,
Entre mapas e missões
O saber pode avançar.
É a lúdica ponte aberta
Entre o jogar e o pensar.
8
Mas também há desafios
Que o futuro nos revela:
O excesso que aprisiona,
A violência da novela.
É preciso crítica firme
Para não ser só uma cela.
9
Os games criam cultura,
Universos infinitos,
De esportes eletrônicos
A torneios tão bonitos.
São palcos de juventude,
De talentos e de mitos.
10
Assim se fecha este canto
Da era digital presente,
Onde o jogo vira arte,
Onde o povo é resistente.
Games são nova linguagem
De um tempo surpreendente.
📖 Discussão: Permanências e Rupturas
1
Do mito à era moderna,
A mulher foi dividida,
Entre musa e prisioneira,
Entre santa e perseguida.
Mas também mostrou coragem,
Transformando a própria vida.
2
A permanência resiste
No olhar que a aprisionou,
Na cultura que por séculos
Seu corpo silenciou.
Mas a ruptura cresce
No espaço que conquistou.
3
Seja em quadros ou poemas,
Nas telas ou na canção,
A mulher passa de objeto
A sujeito da nação.
Rompendo as velhas correntes,
Reescrevendo a tradição.
4
A ruptura é a palavra
Que define este caminho:
De serva vira guerreira,
De sombra, traça o destino.
Entre quedas e vitórias,
Nunca andou sozinha, ao vinho.
🌺 Encerramento
1
Aqui se fecha este canto
De lutas e inspiração,
Onde a mulher fez história,
Coração da criação.
Na cultura e na memória,
É raiz da tradição.
2
Do passado às novas telas,
Seu retrato se refaz,
Com coragem, voz e sonho,
Com justiça que se faz.
Seu futuro está na luta,
Na igualdade e na paz.
🌙 Epílogo Poético
1
Quem folheia estas estrofes
Carrega uma revelação:
Que a mulher é patrimônio,
É do mundo a fundação.
Na mitologia e na arte,
É do povo a pulsação.
2
Que este cordel seja ponte,
Entre passado e amanhã,
Entre a musa e a heroína,
Entre a dor e a manhã.
Que na voz de cada filha
Haja sempre voz irmã.
📚 Nota de Fontes (em Cordel)
1
Para firmar minha rima,
Cito mestres com respeito,
Que nas trilhas do estudo
Me ensinaram o conceito.
Aqui trago em poesia
Cada fonte por direito.
2
De Beauvoir, a francesa,
Fez do “Outro” revelação,
Mostrando o peso histórico
Que aprisiona a mulher, então.
No “Segundo Sexo” deixou
A luta em afirmação.
3
Butler falou de gênero,
De identidade e poder,
Na “Subversão da forma”
Novos rumos fez nascer.
Sua crítica feminista
Dá voz a quem quer viver.
4
Eliade trouxe os mitos,
Campbell, o herói viajante,
Marina Warner contou
A donzela e o gigante.
Cada símbolo revela
O temor sempre constante.
5
Bell hooks foi militante,
Com amor revolucionário,
Na luta pela igualdade,
Deu sentido necessário.
E no “Feminismo é pra todos”
Fez o chamado solidário.
6
Verger cantou os Orixás,
Das águas de Oxum, poder,
Das tempestades de Iansã,
Do axé que faz renascer.
Com Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí,
Outro mundo pôde haver.
7
Mulvey falou do cinema,
Do olhar masculino a julgar,
Enquanto Gilbert e Gubar
Fizeram a chama brilhar.
Na crítica literária,
A mulher pôde falar.
8
Das telas e dos quadrinhos,
Cito a Mulher-Maravilha,
De Marston, com utopia,
Na justiça foi centelha.
Ripley e suas batalhas,
Cada uma é nossa trilha.
9
Nos games, Tomb Raider surge,
Com Croft que se transformou,
De objeto a protagonista,
Seu caminho caminhou.
E em “The Last of Us II”,
Abby e Ellie brilhou.
10
Assim termino as “Fontes”,
Em cordel de coração,
Honrando as mestras e mestres
Que guiaram a inspiração.
Pois sem eles não se ergue
Este livro em tradição.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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