⭐️DEDICATÓRIA POÉTICA
Ofereço esta cantoria,
À memória oriental,
Ao Japão e seus caminhos,
Do sagrado e do ritual.
E dedico aos meus irmãos,
Que preservam tradição,
Na palavra e na lembrança,
Do cordel e da oração.
📖 ÍNDICE POÉTICO
Abertura do Cordel
Prólogo Poético
Capítulo I – O Caos e a Criação
Capítulo II – Izanagi e Izanami
Capítulo III – Os Três Grandes Kami
Capítulo IV – A Estrutura do Universo
Capítulo V – A História e os Períodos
Capítulo VI – O Sincretismo e o Estado
Capítulo VII – O Xintoísmo no Japão Moderno
Capítulo VIII – Harmonia e Tradição
Encerramento
Epílogo Poético
Nota de Fontes
🌸 ABERTURA
Com respeito e devoção,
Vou cantar neste papel,
Os caminhos do Japão,
No formato de cordel.
Entre mitos e memórias,
Entre deuses e energia,
Sinto o sopro do oriente,
Que no verso se irradia.
🌿 PRÓLOGO POÉTICO
Quando o caos era silêncio,
Surgia a primeira luz,
E dos mitos ancestrais,
Cada história se conduz.
O Japão guardou no peito,
A lembrança do divino,
Que nos textos do passado,
Permanece cristalino.
🌀 CAPÍTULO I – O CAOS E A CRIAÇÃO
1
No princípio era o vazio,
Nem o tempo existia,
Só silêncio e o escuro,
No nada que se estendia.
2
Do caos surge Ame-no,
O primeiro a se anunciar,
Minakanushi sagrado,
A vida fez despertar.
3
Logo outros kami vieram,
Seres de pura energia,
Cada um guardando o sopro,
Que moldava a harmonia.
4
Sem montanhas, sem o rio,
Sem estrelas a brilhar,
A terra era um deserto,
Esperando germinar.
5
Foi da lança criadora,
Agitada sobre o mar,
Que a gota cristalina,
Virou ilha a despontar.
6
O Japão nascia então,
No oceano em movimento,
Ilhas brotam uma a uma,
Feito parto do momento.
7
O sagrado se mistura,
Com o sopro natural,
Pois o caos virou caminho,
Para o mundo material.
8
E o povo que desse mito,
Herdaria inspiração,
Guardou firme na memória,
Esse canto da criação.
🌊 CAPÍTULO II – IZANAGI E IZANAMI
1
Eis que surgem no vazio,
Um casal de criadores,
Izanagi, Izanami,
Geradores de amores.
2
Com a lança mergulharam,
Na água pura e sem fim,
Agitaram o oceano,
E nasceu a terra enfim.
3
Foram moldando montanhas,
Rios, árvores, a flor,
Cada ilha do Japão,
Nasce envolta em esplendor.
4
Mas da união do casal,
Vieram deuses sem conta,
Kami do vento, das águas,
De cada força que desponta.
5
Izanami deu à vida,
Com coragem sem igual,
Mas da chama de Kagutsuchi,
Veio a dor fatal.
6
Consumida pelo fogo,
Desceu ao mundo de Yomi,
Onde a sombra é morada,
E o silêncio é que se dome.
7
Izanagi, inconformado,
Foi buscá-la nesse além,
Mas ao ver sua aparência,
Não a trouxe para o bem.
8
Chorou tanto o criador,
Com tristeza e agonia,
Que do pranto derramado,
Novos deuses nasciam.
9
Do regresso ao mundo vivo,
Fez a purificação,
E do banho ritual,
Outros kami se formaram.
10
Foi do rosto iluminado,
Que a beleza então nasceu:
O sol, a lua, a tormenta,
Trindade que se ascendeu.
☀️ CAPÍTULO III – OS TRÊS GRANDES KAMI
1
Da tristeza do adeus,
Surgiu força luminosa,
Izanagi em purificação,
Fez nascer beleza formosa.
2
De seus olhos e seu rosto,
Do banho sagrado ao fim,
Três divindades brotaram,
Que regem o eterno sem fim.
3
Amaterasu, a brilhante,
Deusa-mãe do sol radiante,
Ilumina o Japão inteiro,
Com seu fogo deslumbrante.
4
Da noite surgiu Tsukuyomi,
Deus da lua reluzente,
Seu domínio é o mistério,
O silêncio do poente.
5
E Susanoo, tempestuoso,
Dos mares grande guardião,
Protegia com bravura,
Mas causava aflição.
6
Cada um tomou seu posto,
Entre o céu e o mundano,
Equilibrando a existência,
Num destino soberano.
7
A luz, a noite e a tormenta,
Unidos em harmonia,
Mostram que os deuses vivem,
No ciclo do todo-dia.
8
E o Japão reverenciava,
Com oferenda e oração,
Pois nos três grandes kami,
Se sustentava a nação.
9
Do sol a linhagem sagrada,
Ao imperador deu poder,
Pois da deusa Amaterasu,
A realeza foi nascer.
10
Assim o mito se fez,
Entre história e tradição,
Um Japão cheio de luz,
Na memória e devoção.
🌏 CAPÍTULO IV – A ESTRUTURA DO UNIVERSO
1
Na cosmovisão do povo,
Três mundos foram traçados,
São camadas da existência,
Por deuses organizados.
2
No alto está Takamagahara,
O palácio celestial,
Morada dos grandes kami,
Do divino sem igual.
3
Abaixo fica a terra,
Ashihara em plenitude,
Onde vivem os humanos,
Com seus ritos e virtude.
4
E no fundo está Yomi,
O lugar da escuridão,
Onde as almas repousavam,
Num silêncio sem perdão.
5
Esses três mundos unidos,
Formam o todo sagrado,
Entre o céu, a terra e a morte,
O destino é entrelaçado.
6
Não há fronteira absoluta,
Entre o humano e o divino,
Pois os kami se manifestam,
Na montanha e no menino.
7
Cada árvore, cada rio,
Cada pedra, cada vento,
É morada do sagrado,
É divino fundamento.
8
Assim a vida japonesa,
Se desenha em união,
Entre o físico e o eterno,
Entre o rito e a ação.
9
Na oferenda cotidiana,
Se mantém o equilíbrio,
Pois honrar cada espírito,
É viver no próprio livro.
10
E o cordel aqui registra,
Com respeito e emoção,
Essa estrutura do mundo,
Que é raiz da tradição.
📜 CAPÍTULO V – A HISTÓRIA E OS PERÍODOS
1
Muito antes da escrita,
Quando o homem cultivava,
Já o sopro dos espíritos,
O Japão venerava.
2
No Período Pré-Histórico,
Tudo era animista e natural,
A montanha tinha vida,
O trovão, poder real.
3
Com a era Yayoi em cena,
Veio o arroz e a colheita,
E os ritos de fertilidade,
Faziam a terra perfeita.
4
O xamã com sua dança,
Purificava o ambiente,
E os kami recebiam
O louvor de muita gente.
5
No Período Kofun erguem,
Monumentos funerários,
Túmulos em forma de chave,
Guardando símbolos vários.
6
Ali o culto crescia,
Já mostrava organização,
O Japão unia os clãs,
Na fé e na devoção.
7
Veio o tempo de Asuka,
E também a era Nara,
Quando o Budismo chegou,
Com doutrina tão clara.
8
Foi então que se escreveram,
O Kojiki e o Nihon Shoki,
Textos que guardaram mitos,
Como um tesouro no cofre.
9
Do sol nasce o imperador,
Filho direto da deusa,
E a linhagem se consagra,
Com força e grandeza.
10
Assim a história caminha,
Entre o mito e a razão,
O Japão se fez sagrado,
Na memória da nação.
🏯 CAPÍTULO VI – O SINCRETISMO E O ESTADO
1
Com o passar dos séculos,
Eram muitos os caminhos,
O Xintoísmo se unia,
Aos budistas peregrinos.
2
Na era Heian surgiram,
Ritos de corte e oração,
E a fusão das duas crenças,
Virou forte tradição.
3
Chamaram Shinbutsu-shūgō,
Esse encontro cultural,
Que misturava o sagrado,
No Japão feudal.
4
Veio a idade dos guerreiros,
Kamakura e Muromachi,
Onde os kami protetores,
Ao samurai davam o arte.
5
Deuses fortes de batalha,
E templos nas montanhas,
Protegiam os combatentes,
Com coragem e façanhas.
6
No Período Edo então,
A pureza se buscava,
Santuários se erigiam,
E o rito se restaurava.
7
O xintoísmo renascia,
Em templos de devoção,
Jinja tornaram-se marcos,
Da cultura e da nação.
8
Chega a era Meiji forte,
Com a modernidade em mão,
E o Estado se declara,
Guardião da tradição.
9
O imperador divinizado,
Era visto como sol,
Ligação do povo ao sagrado,
No mais alto arrebol.
10
Mas a política moldava,
Esse culto sem igual,
E o Xintoísmo passava,
A ser religião oficial.
⚔️ CAPÍTULO VII – O XINTOÍSMO NO JAPÃO MODERNO
1
No Período Edo floresce,
A pureza do ritual,
Com os templos restaurados,
Num Japão tradicional.
2
Mas no século seguinte,
O país se transformou,
Com o Império Meiji em força,
Um novo tempo chegou.
3
O Xintoísmo, então,
Foi tomado pelo Estado,
E a fé se converteu,
Num poder institucionalizado.
4
O imperador divinizado,
Era visto como deus,
E o povo reverenciava,
Com respeito e com seus.
5
No século vinte a guerra,
Fez do culto instrumento,
De nacionalismo forte,
Num sombrio movimento.
6
Bandeiras e exércitos,
Clamavam pelo divino,
Mas o fim do grande conflito,
Mudou o destino.
7
Após a Segunda Guerra,
Veio nova direção,
O Estado e Religião,
Separaram-se então.
8
E o Xintoísmo voltou,
À prática original,
Com ritos, matsuri e preces,
No seu jeito natural.
9
Não possui dogma fixo,
Nem fundador no passado,
Mas na vida cotidiana,
Segue firme e sagrado.
10
Hoje no Japão moderno,
Entre o urbano e o rural,
O Xintoísmo se mantém,
Como ponte espiritual.
🌸 CAPÍTULO VIII – HARMONIA E TRADIÇÃO
1
O Japão do século vinte e um,
Entre ciência e progresso,
Ainda guarda no coração,
Esse legado expresso.
2
Os santuários espalhados,
São espaços de união,
Onde o povo reverencia,
Com respeito e devoção.
3
Cada matsuri é festa,
De alegria e tradição,
Misturando o cotidiano,
Com o sopro da oração.
4
Os kami estão presentes,
Na árvore e na montanha,
No rio que corta o vale,
Na colheita que acompanha.
5
Não é fé de imposição,
Mas de gesto harmonioso,
Onde o homem e a natureza,
São parte do mesmo gozo.
6
A pureza é celebrada,
No ato de se banhar,
Pois o rito da limpeza,
É caminho pra rezar.
7
O respeito aos ancestrais,
Mantém viva a memória,
Pois a linhagem familiar,
É raiz da própria história.
8
O Japão que se moderniza,
Não esquece o seu altar,
Entre o trem e a tecnologia,
O sagrado vem brilhar.
9
Assim o Xintoísmo ensina,
Com brandura e tradição,
Que viver em harmonia,
É ter paz no coração.
10
E no verso deste cordel,
Ecoa essa lição:
O divino está presente,
Na vida e na criação.
🔔 ENCERRAMENTO
Neste cordel descrevi,
Um Japão cheio de luz,
Onde o mito e a cultura,
Têm no sagrado a sua cruz.
Do caos à modernidade,
Segue firme a tradição,
Ecoando nos santuários,
A memória e a oração.
🌺 EPÍLOGO POÉTICO
Se o sol nasce primeiro,
No Japão tão ancestral,
É porque guarda em si,
Uma herança imortal.
Que meu canto seja ponte,
Entre o Oriente e o Brasil,
Na poesia do cordel,
A tradição se faz sutil.
📚Nota de Fontes Rimada
Para dar justa lembrança,
Das fontes que consultei,
Faço em verso a confiança,
De quem nelas me baseei.
Kojiki em tradução,
Heldt fez consagração,
No inglês que respeitei.
Nihon Shoki, tradição,
Aston fez publicar,
Tuttle deu divulgação,
Pra história iluminar.
Matsumoto em mitologia,
Trouxe ao Brasil poesia,
Do Japão pra nos guiar.
Kitagawa em prática,
Mostra religião no chão,
Princeton é didática,
Desse mundo em oração.
Assim fecho em partilha,
Cada fonte é uma trilha,
Do cordel e do Japão.
🪶 FICHA TÉCNICA
Título: Universo Politeísta do Xintoísmo Japonês em Cordel
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Gênero: Cordel Mitológico e Cultural
Edição: Primeira Edição Digital Ilustrada
Ano: 2025
Formato: A5 – Edição Digital Poética
Produção Editorial: Nhenety Kariri-Xocó & ChatGPT (OpenAI – GPT-5)
Diagramação: Estilo Cordel Tradicional Brasileiro
Revisão Poética e Histórica: Autor
Ilustração 3D e Capa Digital: ChatGPT (Imagem simbólica 3D com luz dourada e textura antiga)
Local: Porto Real do Colégio – Alagoas – Brasil
Publicação Digital: KXNHENETY.BLOGSPOT.COM
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados.
Reprodução permitida apenas com citação da fonte.
🌅 EPÍLOGO FINAL
No encontro entre o oriente
E o sertão do meu lugar,
Brota a ponte da palavra
Que não deixa o tempo apagar.
Pois se o Japão tem seus deuses,
E o Brasil seu ancestral,
Ambos falam da essência
Do divino universal.
Cada mito é uma estrela,
Que no céu vem ensinar:
Respeitar o que é sagrado,
É saber também amar.
Que o cordel siga adiante,
Entre o templo e o luar,
Levando paz e sabedoria
A quem quiser escutar.
🌸 QUARTA CAPA POÉTICA
Este cordel é travessia
De um mar espiritual,
Onde o sopro japonês
Encontra o verso ancestral.
Fala dos deuses do sol,
Da lua e da montanha,
Mas também da alma livre,
Que na poesia se entranha.
Quem lê verá o sagrado
No vento e no coração,
Pois a fé que une os povos
É a mesma em sua canção.
Do Japão ao meu Nordeste,
Ecoa o mesmo sinal:
O sagrado vive em todos,
Num amor universal.
🖋️ SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é poeta, contador de histórias e guardião da tradição oral de seu povo, nascido em Porto Real do Colégio (AL), território do povo Kariri-Xocó.
Dedica sua vida à preservação da memória indígena e à união entre saberes antigos e linguagens modernas.
No cordel, encontra um caminho de resistência, espiritualidade e arte — transformando o verso em ponte entre culturas.
Autor de obras que unem mitologia, filosofia e poesia, Nhenety revela o poder da palavra como instrumento sagrado de transmissão dos mundos visíveis e invisíveis.
📜 SOBRE A OBRA
O cordel “Universo Politeísta do Xintoísmo Japonês” é uma jornada poética pelas origens, divindades e valores do Xintoísmo, religião ancestral do Japão.
Por meio de versos rimados, o autor recria a cosmogonia oriental com o olhar sensível do poeta indígena brasileiro, traçando paralelos entre a espiritualidade nipônica e a sabedoria das tradições nativas.
A obra propõe o diálogo entre culturas, mostrando que o sagrado habita tanto nas montanhas do Japão quanto nas margens do São Francisco — e que o respeito à natureza é a raiz comum de todas as crenças que celebram a vida.
Esta obra foi inspirada e fundamentada com estudo do autor no artigo publicado no seu blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM"
disponível em: https://kxnhenety.blogspot.com/2025/04/universo-politeista-do-xintoismo-japones.html?m=0 , seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó


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