sexta-feira, 3 de outubro de 2025

UNIVERSO POLITEÍSTA DO XINTOÍSMO JAPONÊS EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





✨ DEDICATÓRIA POÉTICA


Ofereço esta cantoria,

À memória oriental,

Ao Japão e seus caminhos,

Do sagrado e do ritual.

E dedico aos meus irmãos,

Que preservam tradição,

Na palavra e na lembrança,

Do cordel e da oração.


📖 ÍNDICE POÉTICO


Abertura do Cordel


Prólogo Poético


Capítulo I – O Caos e a Criação


Capítulo II – Izanagi e Izanami


Capítulo III – Os Três Grandes Kami


Capítulo IV – A Estrutura do Universo


Capítulo V – A História e os Períodos


Capítulo VI – O Sincretismo e o Estado


Capítulo VII – O Xintoísmo no Japão Moderno


Capítulo VIII – Harmonia e Tradição


Encerramento


Epílogo Poético


Nota de Fontes


🌸 ABERTURA


Com respeito e devoção,

Vou cantar neste papel,

Os caminhos do Japão,

No formato de cordel.

Entre mitos e memórias,

Entre deuses e energia,

Sinto o sopro do oriente,

Que no verso se irradia.


🌿 PRÓLOGO POÉTICO


Quando o caos era silêncio,

Surgia a primeira luz,

E dos mitos ancestrais,

Cada história se conduz.

O Japão guardou no peito,

A lembrança do divino,

Que nos textos do passado,

Permanece cristalino.



🌀 CAPÍTULO I – O CAOS E A CRIAÇÃO


1

No princípio era o vazio,

Nem o tempo existia,

Só silêncio e o escuro,

No nada que se estendia.


2

Do caos surge Ame-no,

O primeiro a se anunciar,

Minakanushi sagrado,

A vida fez despertar.


3

Logo outros kami vieram,

Seres de pura energia,

Cada um guardando o sopro,

Que moldava a harmonia.


4

Sem montanhas, sem o rio,

Sem estrelas a brilhar,

A terra era um deserto,

Esperando germinar.


5

Foi da lança criadora,

Agitada sobre o mar,

Que a gota cristalina,

Virou ilha a despontar.


6

O Japão nascia então,

No oceano em movimento,

Ilhas brotam uma a uma,

Feito parto do momento.


7

O sagrado se mistura,

Com o sopro natural,

Pois o caos virou caminho,

Para o mundo material.


8

E o povo que desse mito,

Herdaria inspiração,

Guardou firme na memória,

Esse canto da criação.


🌊 CAPÍTULO II – IZANAGI E IZANAMI


1

Eis que surgem no vazio,

Um casal de criadores,

Izanagi, Izanami,

Geradores de amores.


2

Com a lança mergulharam,

Na água pura e sem fim,

Agitaram o oceano,

E nasceu a terra enfim.


3

Foram moldando montanhas,

Rios, árvores, a flor,

Cada ilha do Japão,

Nasce envolta em esplendor.


4

Mas da união do casal,

Vieram deuses sem conta,

Kami do vento, das águas,

De cada força que desponta.


5

Izanami deu à vida,

Com coragem sem igual,

Mas da chama de Kagutsuchi,

Veio a dor fatal.


6

Consumida pelo fogo,

Desceu ao mundo de Yomi,

Onde a sombra é morada,

E o silêncio é que se dome.


7

Izanagi, inconformado,

Foi buscá-la nesse além,

Mas ao ver sua aparência,

Não a trouxe para o bem.


8

Chorou tanto o criador,

Com tristeza e agonia,

Que do pranto derramado,

Novos deuses nasciam.


9

Do regresso ao mundo vivo,

Fez a purificação,

E do banho ritual,

Outros kami se formaram.


10

Foi do rosto iluminado,

Que a beleza então nasceu:

O sol, a lua, a tormenta,

Trindade que se ascendeu.



☀️ CAPÍTULO III – OS TRÊS GRANDES KAMI


1

Da tristeza do adeus,

Surgiu força luminosa,

Izanagi em purificação,

Fez nascer beleza formosa.


2

De seus olhos e seu rosto,

Do banho sagrado ao fim,

Três divindades brotaram,

Que regem o eterno sem fim.


3

Amaterasu, a brilhante,

Deusa-mãe do sol radiante,

Ilumina o Japão inteiro,

Com seu fogo deslumbrante.


4

Da noite surgiu Tsukuyomi,

Deus da lua reluzente,

Seu domínio é o mistério,

O silêncio do poente.


5

E Susanoo, tempestuoso,

Dos mares grande guardião,

Protegia com bravura,

Mas causava aflição.


6

Cada um tomou seu posto,

Entre o céu e o mundano,

Equilibrando a existência,

Num destino soberano.


7

A luz, a noite e a tormenta,

Unidos em harmonia,

Mostram que os deuses vivem,

No ciclo do todo-dia.


8

E o Japão reverenciava,

Com oferenda e oração,

Pois nos três grandes kami,

Se sustentava a nação.


9

Do sol a linhagem sagrada,

Ao imperador deu poder,

Pois da deusa Amaterasu,

A realeza foi nascer.


10

Assim o mito se fez,

Entre história e tradição,

Um Japão cheio de luz,

Na memória e devoção.


🌏 CAPÍTULO IV – A ESTRUTURA DO UNIVERSO


1

Na cosmovisão do povo,

Três mundos foram traçados,

São camadas da existência,

Por deuses organizados.


2

No alto está Takamagahara,

O palácio celestial,

Morada dos grandes kami,

Do divino sem igual.


3

Abaixo fica a terra,

Ashihara em plenitude,

Onde vivem os humanos,

Com seus ritos e virtude.


4

E no fundo está Yomi,

O lugar da escuridão,

Onde as almas repousavam,

Num silêncio sem perdão.


5

Esses três mundos unidos,

Formam o todo sagrado,

Entre o céu, a terra e a morte,

O destino é entrelaçado.


6

Não há fronteira absoluta,

Entre o humano e o divino,

Pois os kami se manifestam,

Na montanha e no menino.


7

Cada árvore, cada rio,

Cada pedra, cada vento,

É morada do sagrado,

É divino fundamento.


8

Assim a vida japonesa,

Se desenha em união,

Entre o físico e o eterno,

Entre o rito e a ação.


9

Na oferenda cotidiana,

Se mantém o equilíbrio,

Pois honrar cada espírito,

É viver no próprio livro.


10

E o cordel aqui registra,

Com respeito e emoção,

Essa estrutura do mundo,

Que é raiz da tradição.



📜 CAPÍTULO V – A HISTÓRIA E OS PERÍODOS


1

Muito antes da escrita,

Quando o homem cultivava,

Já o sopro dos espíritos,

O Japão venerava.


2

No Período Pré-Histórico,

Tudo era animista e natural,

A montanha tinha vida,

O trovão, poder real.


3

Com a era Yayoi em cena,

Veio o arroz e a colheita,

E os ritos de fertilidade,

Faziam a terra perfeita.


4

O xamã com sua dança,

Purificava o ambiente,

E os kami recebiam

O louvor de muita gente.


5

No Período Kofun erguem,

Monumentos funerários,

Túmulos em forma de chave,

Guardando símbolos vários.


6

Ali o culto crescia,

Já mostrava organização,

O Japão unia os clãs,

Na fé e na devoção.


7

Veio o tempo de Asuka,

E também a era Nara,

Quando o Budismo chegou,

Com doutrina tão clara.


8

Foi então que se escreveram,

O Kojiki e o Nihon Shoki,

Textos que guardaram mitos,

Como um tesouro no cofre.


9

Do sol nasce o imperador,

Filho direto da deusa,

E a linhagem se consagra,

Com força e grandeza.


10

Assim a história caminha,

Entre o mito e a razão,

O Japão se fez sagrado,

Na memória da nação.



🏯 CAPÍTULO VI – O SINCRETISMO E O ESTADO


1

Com o passar dos séculos,

Eram muitos os caminhos,

O Xintoísmo se unia,

Aos budistas peregrinos.


2

Na era Heian surgiram,

Ritos de corte e oração,

E a fusão das duas crenças,

Virou forte tradição.


3

Chamaram Shinbutsu-shūgō,

Esse encontro cultural,

Que misturava o sagrado,

No Japão feudal.


4

Veio a idade dos guerreiros,

Kamakura e Muromachi,

Onde os kami protetores,

Ao samurai davam o arte.


5

Deuses fortes de batalha,

E templos nas montanhas,

Protegiam os combatentes,

Com coragem e façanhas.


6

No Período Edo então,

A pureza se buscava,

Santuários se erigiam,

E o rito se restaurava.


7

O xintoísmo renascia,

Em templos de devoção,

Jinja tornaram-se marcos,

Da cultura e da nação.


8

Chega a era Meiji forte,

Com a modernidade em mão,

E o Estado se declara,

Guardião da tradição.


9

O imperador divinizado,

Era visto como sol,

Ligação do povo ao sagrado,

No mais alto arrebol.


10

Mas a política moldava,

Esse culto sem igual,

E o Xintoísmo passava,

A ser religião oficial.




⚔️ CAPÍTULO VII – O XINTOÍSMO NO JAPÃO MODERNO


1

No Período Edo floresce,

A pureza do ritual,

Com os templos restaurados,

Num Japão tradicional.


2

Mas no século seguinte,

O país se transformou,

Com o Império Meiji em força,

Um novo tempo chegou.


3

O Xintoísmo, então,

Foi tomado pelo Estado,

E a fé se converteu,

Num poder institucionalizado.


4

O imperador divinizado,

Era visto como deus,

E o povo reverenciava,

Com respeito e com seus.


5

No século vinte a guerra,

Fez do culto instrumento,

De nacionalismo forte,

Num sombrio movimento.


6

Bandeiras e exércitos,

Clamavam pelo divino,

Mas o fim do grande conflito,

Mudou o destino.


7

Após a Segunda Guerra,

Veio nova direção,

O Estado e Religião,

Separaram-se então.


8

E o Xintoísmo voltou,

À prática original,

Com ritos, matsuri e preces,

No seu jeito natural.


9

Não possui dogma fixo,

Nem fundador no passado,

Mas na vida cotidiana,

Segue firme e sagrado.


10

Hoje no Japão moderno,

Entre o urbano e o rural,

O Xintoísmo se mantém,

Como ponte espiritual.


🌸 CAPÍTULO VIII – HARMONIA E TRADIÇÃO


1

O Japão do século vinte e um,

Entre ciência e progresso,

Ainda guarda no coração,

Esse legado expresso.


2

Os santuários espalhados,

São espaços de união,

Onde o povo reverencia,

Com respeito e devoção.


3

Cada matsuri é festa,

De alegria e tradição,

Misturando o cotidiano,

Com o sopro da oração.


4

Os kami estão presentes,

Na árvore e na montanha,

No rio que corta o vale,

Na colheita que acompanha.


5

Não é fé de imposição,

Mas de gesto harmonioso,

Onde o homem e a natureza,

São parte do mesmo gozo.


6

A pureza é celebrada,

No ato de se banhar,

Pois o rito da limpeza,

É caminho pra rezar.


7

O respeito aos ancestrais,

Mantém viva a memória,

Pois a linhagem familiar,

É raiz da própria história.


8

O Japão que se moderniza,

Não esquece o seu altar,

Entre o trem e a tecnologia,

O sagrado vem brilhar.


9

Assim o Xintoísmo ensina,

Com brandura e tradição,

Que viver em harmonia,

É ter paz no coração.


10

E no verso deste cordel,

Ecoa essa lição:

O divino está presente,

Na vida e na criação.



Encerramento


Assim fecho esta jornada,

De Natal e tradição,

Da memória encantada,

Do cordel em devoção.

A cultura é viva chama,

Que o tempo nunca derrama,

Fica na recordação.


Entre presépio e canção,

A estrela segue a brilhar,

O povo com emoção,

Não cessa de celebrar.

O Natal é poesia,

É do mundo a alegria,

Que só faz o bem reinar.


Epílogo Poético


Se alguém ler estas rimas,

Que guardem no coração,

A mensagem que aproxima,

De ternura e comunhão.

Pois no cordel ecoado,

O Natal é recontado,

Como luz da criação.


Que o amor seja o caminho,

De Natal até além,

Que o leitor nunca sozinho,

Siga a estrada do bem.

Que esta obra permaneça,

Com memória que enriqueça,

E traga paz também.


Nota de Fontes (em cordel)


Para firmar a memória,

Das leituras que busquei,

Deixo em versos a história,

Das fontes que consultei.

Na escrita, toda trilha,

Seguiu regra e partilha,

Do saber que respeitei.


Do Cascudo, Câmara amado,

“História da Alimentação”,

Traz o povo registrado,

E o folclore em tradição.

Fonte firme e brasileira,

De raiz tão verdadeira,

De cultura e devoção.


Também Mário Souto Maior,

Com pesquisa no cordel,

Deixou rastro e esplendor,

Na cultura tão fiel.

Entre livros e memórias,

Revivendo tantas glórias,

Transformou-se em menestrel.


De José Ramos Tinhorão,

A cultura popular,

Registra em verso e canção,

O costume do lugar.

Com olhar sempre agudo,

Mostra ao leitor, sem escudo,

O que o tempo quer guardar.


E dos mestres do passado,

Que escreveram tradição,

Cada verso consultado,

Reforçou esta canção.

Minha pena aqui se inspira,

Na memória que delira,

Na grande celebração.


Assim fecho o cordel,

Com as notas em poesia,

Pois citar também é mel,

É memória e cortesia.

Que o leitor saiba a fonte,

Que sustenta este horizonte,

De cultura e de harmonia.



🔔 ENCERRAMENTO


Neste cordel descrevi,

Um Japão cheio de luz,

Onde o mito e a cultura,

Têm no sagrado a sua cruz.

Do caos à modernidade,

Segue firme a tradição,

Ecoando nos santuários,

A memória e a oração.


🌺 EPÍLOGO POÉTICO


Se o sol nasce primeiro,

No Japão tão ancestral,

É porque guarda em si,

Uma herança imortal.

Que meu canto seja ponte,

Entre o Oriente e o Brasil,

Na poesia do cordel,

A tradição se faz sutil.


📚 NOTA DE FONTES (REFERÊNCIAS EM CORDEL)


Do Kojiki vêm memórias,

Crônicas do mundo antigo,

Que Heldt traduziu ao Ocidente,

Compartilhando o pergaminho.


Do Nihon Shoki tão vasto,

Aston fez a tradução,

Dos deuses e dos impérios,

Que guiam a tradição.


Matsumoto em sua obra,

Da mitologia tratou,

Aos leitores brasileiros,

Os caminhos revelou.


E Joseph Kitagawa,

Com saber tão singular,

Mostrou religiões do Japão,

Que o mundo pôde estudar.


✨ Autor: Nhenety Kariri-Xocó ✨




🌸 UNIVERSO POLITEÍSTA DO XINTOÍSMO JAPONÊS EM CORDEL SEPTILHAS 


✍️ Por Nhenety Kariri-Xocó


Dedicatória Poética


Dedico este cordel simples,

Ao leitor de coração,

Que busca em versos e símbolos,

A memória e a tradição.

Ao Japão e à sua crença,

Que na alma é recompensa,

De cultura e devoção.


Índice Poético


I – O Japão em Tradição

II – O Cosmo e a Criação

III – Izanagi e Izanami

IV – Os Três Grandes Kami

V – Cronologia dos Tempos

VI – Ritos, Cultos e Momentos

VII – Xintoísmo e Esperança

VIII – Futuro, Cultura e Andança

Encerramento

Epílogo Poético

Nota de Fontes


Abertura


Aqui começo a contar,

Com respeito e poesia,

O Japão a desvendar,

Em sua mitologia.

O Xintoísmo é raiz,

Que o povo guarda feliz,

Como chama e harmonia.


Prólogo Poético


Quando o caos se fez silêncio,

Espiral do Criador,

Veio o mito em seu condenso,

Revelando seu valor.

É no Xintoísmo a ponte,

Que liga céu, terra e fonte,

Na memória e no amor.


Capítulo I – O Japão em Tradição (8 estrofes)


Nas terras do sol nascente,

Antes do tempo contar,

O povo já reverente,

Aos kami veio louvar.

No sopro da natureza,

Vivia a pura beleza,

Do sagrado a se manifestar.


Sem doutrina nem cartilha,

Mas com ritos ancestrais,

A cultura era a trilha,

Que os ligava aos seus pais.

Montes, rios e florestas,

Eram templos e festas,

De valores tão reais.


Assim nasceu o caminho,

Que o Japão veio a seguir,

Entre o velho e o novinho,

A memória a florir.

E no vento, a oração,

Era ponte e comunhão,

Com o mundo a se unir.


Capítulo II – O Cosmo e a Criação (8 estrofes)


Do caos surgiu a centelha,

No vazio Ame-no-Minakanushi,

O primeiro que desponta e espelha,

O princípio que não se esconde ou se esguisse.

Logo os primeiros kami,

Povoaram o espaço assim,

No mistério que resplandece.


O casal criador então,

Izanagi e Izanami,

Com a lança em espiral no chão,

Formaram as ilhas do kami.

No giro do universo,

Escrevendo o seu verso,

Deram ao mundo o nome e a vida.


Três mundos foram traçados,

No mito a se revelar,

O celeste dos encantados,

O terrestre a habitar,

E o Yomi, submundo escuro,

Destino último e seguro,

Que a alma há de passar.


Capítulo III – Izanagi e Izanami (8 estrofes)


Na ponte celestial,

Os dois criadores pararam,

Com a lança ritual,

O oceano revolveram.

Das gotas nasceu a terra,

Que o Japão hoje encerra,

Nos mitos que o inspiraram.


Izanami gera a vida,

Mas também conhece a morte,

E no Yomi recolhida,

Transforma o próprio norte.

Izanagi em purificação,

Cria em nova consagração,

Os deuses de maior sorte.


Desta purificação sagrada,

Nasce a tríade maior:

Amaterasu, luz dourada,

Tsukuyomi, lua sem dor,

Susanoo, vento e mar,

Que vêm todos governar,

Do universo o fulgor.


Capítulo IV – Os Três Grandes Kami (8 estrofes)


Amaterasu, sol brilhante,

Guia o povo imperial,

Sua luz é o estandarte,

Do Japão espiritual.

No santuário de Ise mora,

E até hoje a gente adora,

Sua presença sem igual.


Tsukuyomi, deus da lua,

Equilibra a noite e o dia,

Entre o silêncio e a rua,

É beleza e poesia.

Susanoo, força do mar,

Tempestade a se formar,

No Japão sua energia.


A tríade é fundamento,

Da cultura e tradição,

Equilíbrio e movimento,

Entre morte e criação.

Assim o mito orienta,

E a história representa,

O Japão em devoção.


Capítulo V – Cronologia dos Tempos (8 estrofes)


No período pré-histórico,

Antes do budismo chegar,

Os ritos eram simbólicos,

E o kami a se louvar.

Na colheita e no chão,

Era ali a devoção,

Que o povo ia guardar.


No Yayoi agricultura,

Os kami da fertilidade,

Recebem rito e ternura,

Nas aldeias de humildade.

No Kofun os túmulos surgem,

Os santuários convergem,

Para a fé em dignidade.


No Asuka e no Nara,

O budismo vem somar,

E no Kojiki se declara,

O mito a se registrar.

Imperador descendente,

De Amaterasu reluzente,

No Japão a governar.


Capítulo VI – Ritos, Cultos e Momentos (8 estrofes)


Nos períodos posteriores,

Do Heian ao Kamakura,

Misturam-se os valores,

Shinbutsu-shūgō perdura.

Xintoísmo e budismo em união,

Geram ritos em fusão,

De uma fé que não se apura.


No Edo a restauração,

Dos ritos puros xintoístas,

Refazendo a tradição,

Dos caminhos animistas.

No Meiji, Estado e religião,

Imperador como a visão,

Do divino entre os artistas.


Após a guerra mundial,

Separou-se Estado e fé,

Mas no Japão atual,

O Xintoísmo de pé.

Santuários, purificação,

Matsuri, celebração,

Kami em cada maré.


Capítulo VII – Xintoísmo e Esperança (8 estrofes)


O Xintoísmo é corrente,

Que atravessa gerações,

Liga o passado ao presente,

Nos ritos e orações.

Purificação constante,

Respeito no instante,

Das mais puras tradições.


Nos kami da natureza,

A cultura se refaz,

Cada rito é fortaleza,

De um povo em sua paz.

Entre mito e realidade,

O Japão na eternidade,

Sua essência sempre traz.


Capítulo VIII – Futuro, Cultura e Andança (8 estrofes)


Hoje o Xintoísmo vive,

No Japão secular,

Entre templos e matizes,

Nos costumes a pulsar.

Não tem dogma nem fundador,

Mas conserva seu valor,

De harmonia a ensinar.


Para o futuro se projeta,

Como prática de viver,

Na natureza é poeta,

No cotidiano é saber.

Assim termina esta viagem,

De cultura e de paisagem,

Que o cordel quis trazer.


Encerramento


Neste cordel encerrei,

O Japão e seu altar,

Do Xintoísmo contei,

O que pude registrar.

Que a leitura seja ponte,

Para um novo horizonte,

De saber e de sonhar.


Epílogo Poético


Se o leitor guardou na mente,

O que o verso aqui falou,

Que siga serenamente,

Com respeito e com louvor.

O Xintoísmo é caminho,

Que não deixa um só sozinho,

Na natureza e no amor.


Nota de Fontes (rimada)


Para dar justa lembrança,

Das fontes que consultei,

Faço em verso a confiança,

De quem nelas me baseei.

Kojiki em tradução,

Heldt fez consagração,

No inglês que respeitei.


Nihon Shoki, tradição,

Aston fez publicar,

Tuttle deu divulgação,

Pra história iluminar.

Matsumoto em mitologia,

Trouxe ao Brasil poesia,

Do Japão pra nos guiar.


Kitagawa em prática,

Mostra religião no chão,

Princeton é didática,

Desse mundo em oração.

Assim fecho em partilha,

Cada fonte é uma trilha,

Do cordel e do Japão.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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