segunda-feira, 6 de outubro de 2025

COSMOLOGIA, HISTÓRIA E CULTURA DOS NATIVOS AMERICANOS EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





🌾 Dedicatória Poética


Aos povos da Mãe-Terra bendita,

Que dançam no sol e na lua,

Aos anciãos de palavra bonita,

Que guardam a voz que flutua.

Aos Sioux, aos Algonquinos fiéis,

Que veem nos ventos seus papéis,

Ofereço este canto que nasce na rua,

Do espírito livre e da alma nua.


Aos povos da América antiga,

Que vivem no sonho da bruma,

Entrego esta lira amiga,

Com a força da fé que ilumina.

Que o som do tambor e o sopro do vento,

Guie o leitor por todo momento,

Na trilha da história divina.


📜 Índice Poético


Abertura — O Canto dos Quatro Ventos


Prólogo Poético — Vozes do Grande Espírito


Capítulo I — A Teia Sagrada da Criação


Capítulo II — Caminhos Ancestrais e Primeiras Jornadas


Capítulo III — Povos, Clãs e Alianças do Norte


Capítulo IV — O Choque das Caravelas e do Fogo Estrangeiro


Capítulo V — Guerreiros, Sonhos e Resistência


Capítulo VI — A Sabedoria e o Fogo da Tradição


Capítulo VII — Vozes Vivas da América Nativa


Encerramento — O Círculo Retorna à Terra


Epílogo Poético — Canto à Eternidade dos Povos


Nota de Fontes — A Palavra dos Livros Sagrados


🌅 Abertura — O Canto dos Quatro Ventos


Do Norte sopra a memória,

Do Sul o perfume da flor,

Do Leste vem a vitória,

Do Oeste o sopro do amor.

Entre as planícies e rios sagrados,

Os povos falam em tons consagrados,

Unindo tempo, verdade e dor.


O cordel é arco e caminho,

Que lança o verbo no além,

Canta o bisão e o passarinho,

Que dizem: “A Terra é de quem tem

Coração limpo e alma em chama,

Que escuta o vento e a quem ama,

E guarda o mundo também.”


🌠 Prólogo Poético — Vozes do Grande Espírito


Wakan Tanka, mistério profundo,

Gitche Manitou, força maior,

Derramaram-se sobre o mundo,

Em sonho, trovão e suor.

Criaram o sol, o fogo e o rio,

Deram ao homem o desafio,

De viver com respeito e amor.


Cada estrela é um ancestral,

Cada árvore, um espírito irmão,

A Terra é ventre universal,

O homem, semente e canção.

Assim nasceu a sabedoria,

Que no peito dos povos ardia,

Como eterna revelação.



🪶 CAPÍTULO I — A TEIA SAGRADA DA CRIAÇÃO


1️⃣

Antes do tempo dos homens,

Quando o mundo era canção,

Surgiu no sopro dos ventos

O mistério em expansão.

Wakan Tanka, o Infinito,

Teceu o fio bendito

Da vida em comunhão.


2️⃣

Gitche Manitou, em luz,

Nas florestas fez brotar

O espírito que conduz

O rio, a pedra e o mar.

Cada folha tem memória,

Cada som revela a glória

Do eterno despertar.


3️⃣

Os Sioux chamavam “Mistério”,

O poder que não tem fim,

Que no trovão é império

E na brisa é serafim.

Não há forma nem figura,

Mas há força e há ternura

Que faz do nada um jardim.


4️⃣

Os Algonquinos, em reza,

O mesmo sopro sentiam,

E a Mãe-Terra, com leveza,

Os filhos seus envolvia.

Gitche Manitou, divino,

Era o pai, o sol, o destino,

Que o mundo inteiro regia.


5️⃣

Acima, o Grande Espírito;

No meio, o vento e o chão;

Abaixo, o homem contrito

Em sagrada ligação.

Nada é morto, tudo é vivo,

O tempo é cíclico e altivo,

No elo da Criação.


6️⃣

O trovão fala nos céus,

O fogo ensina a coragem,

O rio leva aos anéis

Do sonho em sua viagem.

Cada estrela, um ancião,

Cada noite, uma lição,

No livro da paisagem.


7️⃣

Os xamãs, com o tabaco,

Peiote, salva e tambor,

Entravam no mesmo espaço

Do espírito e do amor.

Em visões viam caminhos,

Falavam com os passarinhos,

E curavam a dor.


8️⃣

Os humanos são apenas

Parte do todo maior,

Guardam missões terrenas

No tempo e no labor.

São guardiões do equilíbrio,

Devem ser, sem desvio,

Servos do Criador.


9️⃣

Assim, entre o céu e o chão,

Entre o fogo e o trovão,

Viviam com devoção

Os povos da imensidão.

O mundo era uma teia,

E a alma, doce aldeia

De amor e contemplação.


⛰️ CAPÍTULO II — CAMINHOS ANCESTRAIS E PRIMEIRAS JORNADAS


1️⃣

Dos gelos da velha Ásia,

Um povo cruzou o frio,

Com coragem, fé e magia,

Seguindo o vento e o rio.

Vieram por Bering, ponte,

De estrela, aurora e monte,

Buscando o novo estio.


2️⃣

Foram caçadores do tempo,

Tecendo em pedra o saber,

Criaram armas, alimento,

E o dom do sobreviver.

Doze milênios de trilhas,

Rituais e maravilhas,

Antes do sol renascer.


3️⃣

No chão de mil geografias,

Surgiram os ancestrais,

Hopewell, Adena e missas,

Cultos e montes cerimoniais.

Construíram pirâmides brandas,

Que o tempo nunca desanda,

E ecoam nos rituais.


4️⃣

Das planícies ao grande lago,

Das florestas ao deserto,

O homem, no rumo vago,

Fez da Terra o lar aberto.

Entre rios e montanhas,

O espírito nas entranhas,

Fez o futuro desperto.


5️⃣

Os Sioux, com seus cavalos,

Do bisão fizeram altar,

E nas danças, nos abalos,

Viam o sol se levantar.

O fogo, o canto e o pó,

Unidos num mesmo nó,

Pra alma se purificar.


6️⃣

Os Algonquinos, guardiões

Das florestas e do vento,

Em suas canções e rezas,

Plantavam contentamento.

Viviam da caça e do milho,

Sob o luar em concílio,

Deus no firmamento.


7️⃣

O cachimbo era palavra,

O fumo, oração sagrada,

Na fumaça que se lavra,

Subia a paz desejada.

Assim selavam alianças,

Prometendo esperanças

De vida renovada.


8️⃣

Viviam em clãs e lares,

Sob a lei do bem comum,

Mulheres, guias e pares,

Guardavam o dom nenhum.

A lua ditava o tempo,

E o amor era fundamento

Da aldeia e de cada um.


9️⃣

O tempo era um círculo vivo,

Sem começo ou fim marcado,

Tudo era santo e cativo,

Do espírito abençoado.

E a cada novo nascer,

O povo voltava a ser

Um só com o sagrado.


10️⃣

Assim começou a história,

Das Américas em flor,

Povos de lenda e memória,

De fé, coragem e valor.

Deus falou no trovão,

E a Terra, mãe e canção,

Acolheu todo o amor.



🌅 CAPÍTULO III – AS VOZES DO VENTO E O CÍRCULO DA VIDA


1️⃣

O vento sopra nos montes,

E fala em língua sagrada,

Traz o eco dos horizontes,

Com a Terra abençoada.

“Tudo é parte do mesmo todo”,

Diz o ancião de fala pausada.


2️⃣

O círculo é lei primeira,

Sem início, sem final,

A morte é porta ligeira,

Pra um nascer espiritual.

Na dança do tempo e da poeira,

O ciclo é o elo vital.


3️⃣

Os Sioux olham as estrelas,

Como espelhos do coração,

Cada luz brilha pra tê-las

Na alma em contemplação.

O céu é morada das tribos

Que vivem na imensidão.


4️⃣

O búfalo é pai e alimento,

Do couro ao sagrado rito,

É sustento e sentimento,

É o pacto mais bonito.

Com respeito ao firmamento,

Seu sangue jamais é maldito.


5️⃣

Quando a fumaça sobe ao alto,

Os espíritos vêm dançar,

No tambor pulsa o assalto

Do trovão a ressoar.

A canção de Tȟaté Wíčha

Faz o céu se iluminar.


6️⃣

Os velhos guardam o mito,

De Iktomi, a aranha sábia,

Que teceu no infinito

A rede que o tempo sabia.

Prendeu sonhos e segredos

Na teia da harmonia.


7️⃣

A lua é irmã das águas,

Que lavam o corpo e a dor,

E as lágrimas são fráguas

De renascer interior.

Na noite clara e tranquila,

Wí simboliza o amor.


8️⃣

O sol, pai do universo,

Em fogo e clarão sagrado,

Ilumina o verso imerso

Do povo consagrado.

Cada aurora é reza viva,

Em círculo renovado.


9️⃣

No conselho de cada aldeia,

A palavra é medicina,

O silêncio tece a teia

Que o espírito ilumina.

Assim o vento aconselha:

“Em tudo, a Verdade ensina.”


10️⃣

E o jovem aprende a escuta,

Do rio, da pedra, do chão,

A natureza é conduta,

E a fé, libertação.

Pois quem honra o Círculo Maior

Escuta o sopro da Criação.


🌄 CAPÍTULO IV – A NAÇÃO DOS GRANDES LAGOS E O ESPÍRITO ANCESTRAL


1️⃣

Nos vales dos Grandes Lagos,

Os Algonquinos se erguem altivos,

Entre pinheiros e arcos,

De lagos tão expressivos.

Ali nasceu Gitche Manitou,

Pai dos sonhos e dos vivos.


2️⃣

Os Ojibwe, povo das margens,

Cantavam à canoa e ao vento,

Guardavam nas suas viagens

Os segredos do firmamento.

O lago é ventre da Mãe Terra,

Reflexo do entendimento.


3️⃣

Do norte ao sul das florestas,

As tribos se entrelaçavam,

Na fumaça das grandes festas,

Os mitos se revelavam.

E em cada fogo sagrado,

Os corações se tocavam.


4️⃣

Gitche Manitou criou o homem

Do barro, da luz e do sopro,

Deu-lhe o dom e o nome,

E o espírito no corpo.

Disse: “Tudo o que fores,

Faz com respeito ao teu próprio rosto.”


5️⃣

Assim nasceu o clã da Águia,

Que guarda a visão do alto,

A força que nunca esfria,

Mesmo no duro asfalto.

Seu voo é reza constante,

Seu olhar, sagrado assalto.


6️⃣

Os clãs da Lince e do Urso

Protegem o chão e o lar,

São guerreiros do esforço

E do sonho de perpetuar.

No totem o símbolo pulsa,

Pra jamais se profanar.


7️⃣

As mulheres tecem os cantos,

Com fibras e voz serena,

Seus fios guardam encantos

Da vida e da cena plena.

Cada cesto é um poema

De amor, silêncio e antena.


8️⃣

Os jovens, junto à fogueira,

Aprendem com os mais velhos,

Que a sabedoria verdadeira

Vem dos céus e dos espelhos.

E que o tempo é o grande rio

Dos passos e dos conselhos.


9️⃣

Em cada aurora dourada,

O povo ergue sua mão,

Saúda a Terra amada

Com canto e invocação.

Gitche Manitou responde

No vento e no trovão.


10️⃣

Assim segue o povo antigo,

Guardando o que é divino,

Na trilha do bom abrigo,

Do caminho cristalino.

Pois quem ama a Mãe Natureza,

Encontra o eterno destino.



⚡ CAPÍTULO V – QUANDO OS NAVIOS RASGARAM O HORIZONTE


1️⃣

Do leste veio o clarão,

Um brilho de ferro e fogo,

Com cruz e canhão na mão,

E o mapa de um novo jogo.

O mar trouxe o presságio,

Do tempo do desafogo.


2️⃣

Os anciãos viram o medo

Nos olhos dos animais,

O vento mudou seu enredo,

Os corvos voaram demais.

“Algo vem quebrar o ciclo”,

Disseram os sinais ancestrais.


3️⃣

Nas praias dos Grandes Lagos,

Chegaram homens estranhos,

Com metais, armas e trapos,

E gestos muitos tamanhos.

Ofereciam contas falsas,

Com sorrisos tão estranhos.


4️⃣

As tribos fizeram conselho,

Chamaram os sábios do chão,

O xamã queimou seu espelho,

E ouviu de Wakan Tanka então:

“Quem não honra a Terra viva,

Traz sombra e destruição.”


5️⃣

Vieram promessas de paz,

E contratos de papel,

Mas o vento dizia: “Jamais,

Confiem no falso cordel!”

Pois o branco tomava terras

Com o toque do seu pincel.


6️⃣

Os búfalos começaram a sumir,

As águas a se turvar,

E o fogo do canhão a ruir

O sonho de cada lugar.

Os espíritos choravam juntos

Sem poder o chão salvar.


7️⃣

Mesmo assim, o tambor ecoa,

Chamando o povo pra união,

A coragem renasce boa

Na força da tradição.

“Resistir é reza viva,

É semente e oração.”


8️⃣

Os guerreiros Sioux cavalgam,

Entre a névoa e o trovão,

E as águias sobrevoavam

O campo da imensidão.

Cada flecha era lembrança

De amor pela criação.


9️⃣

Os anciãos contaram ao vento:

“Eles vêm e vão, mas nós ficamos.

A Terra é o verdadeiro templo,

E dela jamais nos separamos.

Mesmo feridos, somos vida,

Mesmo caídos, nos levantamos.”


10️⃣

Assim, a lua testemunhou,

As chamas da dominação,

Mas também viu quem lutou

Por fé, coragem e visão.

Pois o sangue dos nativos

É raiz da libertação.


🌙 CAPÍTULO VI – A FERIDA E O CANTO DA TERRA


1️⃣

A Terra gemeu baixinho,

Quando o ferro abriu seu ventre,

O rio perdeu seu caminho,

E o bisão ficou ausente.

Mas o espírito da floresta

Resiste silenciosamente.


2️⃣

Os cânticos foram proibidos,

Os nomes, trocados à força,

Os deuses, tidos por perdidos,

A língua, ferida e morta.

Mas o sonho dos antigos

Continuou em cada rocha.


3️⃣

O povo foi confinado,

Em reservas de dor e pó,

Mas o coração sagrado

Não se entrega à perda só.

Pois quem nasce da Mãe Terra

Carrega a força do avó.


4️⃣

As danças voltaram aos montes,

Mesmo sob olho do invasor,

Nas cavernas, nas fontes,

Ecoava o antigo amor.

O tambor batia firme,

Como batia o coração sofredor.


5️⃣

Os xamãs curavam em segredo,

Com ervas e reza contida,

Protegendo do grande medo

A alma ainda ferida.

Cada sopro era remédio

Pra sustentar a vida.


6️⃣

Os jovens ouviam histórias

De quando o mundo era inteiro,

De búfalos, luas e glórias,

De um tempo verdadeiro.

E prometiam em silêncio

Ser o novo mensageiro.


7️⃣

As mulheres ergueram a voz,

Com o canto da resistência,

Guardando o futuro de nós

Na chama da consciência.

São elas as guardiãs

Da semente e da essência.


8️⃣

Mesmo sob a cruz imposta,

O espírito não se dobrou,

A fé nativa, composta,

Na alma sempre ficou.

Pois o fogo dos ancestrais

Jamais se apagou.


9️⃣

O vento então anunciou

Um novo ciclo a chegar,

“Os povos que o mundo feriu

Irão de novo se levantar.

Das cinzas brotarão flores,

E a Terra há de cantar.”


10️⃣

E nas montanhas sagradas,

Ouviu-se um som profundo,

Das águias libertadas

Voando por todo o mundo.

Gitche Manitou sorriu,

Renascendo o Ser fecundo.



🌟 CAPÍTULO VII – RENASCER DA ALMA E IDENTIDADE VIVA


1️⃣

Depois das dores e sombras,

Veio o sol em novo facho,

A alma voltou das trombas

Que o tempo trouxe de cacho.

O coração do nativo

Batendo forte e ativo,

Em cada lar e espaço.


2️⃣

A língua voltou a soar,

Nos cantos, nas rezas, na rua,

Os jovens começaram a lembrar

Do que a história não atua.

E as histórias ancestrais,

Como rios imortais,

Reuniram-se em sua lua.


3️⃣

Os xamãs acenderam o fogo

Em círculos de esperança,

E o tambor fez seu jogo

No passo, no canto, na dança.

A memória renasceu viva,

E a fé antiga cativa

Retomou sua pujança.


4️⃣

As mulheres guardaram a semente,

Dos mitos e da tradição,

No peito e na mente presente,

Nos filhos, no chão da nação.

O futuro se fez raiz,

E a Terra, mãe feliz,

Sorriu em reverência e canção.


5️⃣

Touro Sentado e Gerônimo

Voltaram em lembrança e voz,

Tecumseh brilhou no domínio

Da coragem, do amor e da foz.

A história é chama viva

Que ao novo tempo cativa

O espírito entre nós.


6️⃣

A arte voltou aos rostos,

Pinturas, cantos e tecelagem,

Rituais ancestrais e postos

Na memória e na aprendizagem.

Tudo o que parecia perdido

Foi abraçado e renascido

Com nova luz e coragem.


7️⃣

O equilíbrio é a lei sagrada,

Entre homem, espírito e chão,

Cada gesto, palavra cuidada,

Em profunda meditação.

A vida é eterna teia,

O saber jamais se esgueia

Do abraço da Criação.


8️⃣

E os povos, com renovação,

Olharam o céu e a terra,

Sentindo a antiga conexão

Que a alma da vida encerra.

Gitche Manitou, presente,

Soprou no povo contente

O sopro que nunca emperra.


9️⃣

Assim, renasce a identidade,

Com força, canto e esperança,

Ecoando a eternidade

Na dança, na luta, na dança.

O passado é raiz que ensina,

E o futuro, a luz que ilumina

O caminho da aliança.


🌌 CAPÍTULO VIII – O RETORNO AO COSMOS E A SABEDORIA ETERNA


1️⃣

O céu recebeu de volta

O canto que havia se perdido,

O sol com sua luz revolta

O espírito antigo ferido.

As estrelas escutam em paz

O eco que volta e refaz

O ciclo nunca esquecido.


2️⃣

O Grande Espírito sorri

Sobre cada aldeia e rio,

E a teia do mundo aqui

Se mantém em seu desafio.

O homem aprende humildade,

A Terra, sua eternidade,

E a vida é sempre bravio.


3️⃣

As árvores voltam a falar,

Os rios a dançar e a cantar,

O vento ensina a caminhar

Na lei que nos faz respeitar.

Cada criatura tem valor,

E a Mãe-Terra, em seu amor,

Ensina o modo de amar.


4️⃣

O tempo agora é círculo vivo,

Não mais sombra ou prisão,

Cada gesto, gesto ativo,

Cada passo, oração.

Os sábios do passado vêm,

E em cada sopro refém,

Resplandece a união.


5️⃣

Os jovens com olhos de fogo

Aprendem o saber antigo,

Guardam a história e o jogo

Do tambor, do mito e do abrigo.

E a vida se renova inteira,

Como aurora derradeira,

Na Terra e no espírito amigo.


6️⃣

A sabedoria se espalha,

Entre aldeia, floresta e mar,

E cada rastro de batalha

Serve ao povo para lembrar:

O equilíbrio é mestre e guia,

A fé é força do dia a dia,

E a vida é sagrada em par.


7️⃣

Assim termina a epopeia

Dos Sioux, Algonquinos e irmãos,

Com fé, coragem e teia,

E tambor, dança e canções.

O passado ensina, o futuro guia,

A Mãe Terra é sempre a alegria

Dos filhos de todas nações.


8️⃣

Gitche Manitou permanece

No sopro, no vento, no sol,

E o homem que aprende, cresce,

Pois dele é o novo arrebol.

Que a história seja lembrança,

E a vida eterna esperança

De um mundo que é todo farol.


9️⃣

E o cordel encerra a fala

Dos ancestrais e do saber,

Que a memória nunca se cala,

E a Terra volta a florescer.

Pois quem respeita e caminha,

Encontra na vida a linha

Que leva ao eterno viver.





🌄 Encerramento — O Círculo Retorna à Terra


Nada finda, tudo retorna,

Ao sopro do Grande Mistério,

A chama nunca desorna,

Nem o rio fica estéril.

O homem é parte do Todo,

E deve com santo modo,

Viver o ciclo etéreo.


🌌 Epílogo Poético — Canto à Eternidade dos Povos


O sol dorme, a lua desperta,

E o espírito ronda o chão,

A história, jamais incerta,

É viva recordação.

Sioux e Algonquinos, memória,

Guardam na alma a vitória,

Do amor e da comunhão.


📚 Nota de Fontes — A Palavra dos Livros Sagrados


Deloria, sábio vermelho,

Na obra de grande sinal,

Diz que o sagrado é espelho,

Do espírito universal.

Em “Deus é Vermelho” escreveu,

Que o índio nunca morreu,

Na fé tradicional.


Erdoes e Ortiz cantaram,

Os mitos do Norte ancestral,

Na Cultrix os preservaram,

Com amor e saber imortal.

São lendas que falam o vento,

De um tempo, um sentimento,

E do poder natural.


Haeberlin nos ensinou,

A cura que vem do tambor,

E Callaway documentou,

A luta, a perda e o ardor.

Viola, com voz do passado,

Cantou o legado sagrado,

Do povo que nunca cessou.





✨ Autor: Nhenety Kariri-Xocó

Guardião da Palavra e do Espírito da Terra




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