segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O MUNDO DOS KARIRI-XOCÓ: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó - Capítulos I- IV





Dedicatória Poética


Aos ancestrais e pajés da terra,

Que guardaram histórias, lendas e guerra,

Aos rios, serras e chão do Opará,

Que ensinam o povo a nunca se dobrar.

E a todos os jovens que irão lembrar,

Das raízes fortes que devem preservar.


Índice Poético


Capítulo I — As Raízes Ancestrais e o Tronco Macro-Jê

Capítulo II — O Encontro dos Povos e a Formação Colonial

Capítulo III — As Conquistas Coloniais e o Martírio dos Povos da Costa

Capítulo IV — O Penedo Ancestral e a Missão dos Kariri-Xocó

Capítulo V — O Colégio dos Jesuítas e a Resistência do Povo da Serra

Capítulo VI — A Expulsão dos Jesuítas e o Retorno ao Ouricuri Sagrado

Capítulo VII — O Diretório dos Índios e a Ordem do Império

Capítulo VIII — Guerreiros do Opará e o Tempo da Discriminação

Capítulo IX — O Fim das Aldeias e o Nascimento da Resistência 

Capítulo X — A Vila, O Intendente do Espírito do Povo

Capítulo XI — O Territorio e o Sonho Adormecido 

Capítulo XII — As Terras Tomadas e o Grito Silencioso 

Capítulo XIII — O Pajé Suíra e a Luz do Ouricuri 

Capítulo XIV — A Descoberta e a Expressão Cultural 

Capítulo XV — O Posto Padre Alfredo Damaso (1944–1952)

Capítulo XVI — O Tempo das Mudanças e Transições (1953–1969)

Capítulo XVII — O Tempo da Cerâmica e do Trabalho ( 1950 - 1970 )

Capítulo XXVIII — Terra e Resistência ( 1974 - 1979 )

Capítulo XIX — Redescoberta do Ouricuri e a Identidade  ( 1980 - 1990 )

Capítulo XX — A Visibilidade Política e Social 

Capítulo XXI — Avanços, Conquistas e Preservação Cultural (1981–2021)


Encerramento Poético

Epílogo Poético

Referências Bibliográficas Rimadas


Abertura Poética


Escutem irmãos de perto e distante,

A história do povo que é tão resistente,

Dos Kariri-Xocó do São Francisco amado,

Do Opará sagrado, por Deus abençoado.

Em cordel rimado, contarei com fervor,

As lutas, tradições e a vida com amor.


Prólogo Poético


No tempo antigo, antes da colonização,

Viviam indígenas com sabedoria e ação,

Nas aldeias do Colégio, nossa nação,

Guardava a cultura, fé e tradição.

Entre rios e matas, com força e coração,

Foram-se fazendo história em cada geração.



I CAPÍTULO — As Raízes Ancestrais e o Tronco Macro-Jê


Nas origens de um povo

Tem as raízes geneológica

Vem o começo do tempo

Numa idade pré-histórica

Vamos adiantando o ritmo,

Para não ficar metafórica.


Chegada dos portugueses,

Já existia os povos nativos

Movimento das migrações

Existiam os grandes motivos

Na luta pela a mata atlântica,

Porém os mais combativos.


Kariri-Xocó muita história

Pluriétnico por excelência

Formado nações indígenas

Tribos com sua resistência

São aldeados na civilização

Fusão para a sobrevivência.


Segundo Aryon Rodrigues

O Macro-jê é tronco antigo

Do qual pertence os Kariris

No que diz por o seu artigo

Família linguística sertaneja

Que passou grande perigo.


Neste o Brasil Pré-Cabralino

Antigos habitantes da costa

Os Povos do tronco Macro-jê

Tupis expulsa sem resposta

Empurrando-os para o interior

Na vida as privações imposta.


O Macro-jê surgiu no leste

Brasil 4000 antes de Cristo

Tupis vieram do Amazonas

No ano 900 d.C., pouco visto

Derrotando as tribos Tapuias

No seu passado bem revisto.


Foi seguindo o São Francisco

Os tupis chegaram lá no litoral

Ocupando Nordeste brasileiro

Numa força com luta corporal

A faixa da parte sul americana

Com toda a dominação moral.


Nesta mata atlântica o litoral

Sendo a mais rica do mundo

Com fartura de caça e pesca

Tinha o azul do mar no fundo

O clima agradável numa brisa

Que dava um sono profundo.


Nesse panorama costeiro

Tupís ocuparam o território

Os portugueses chegaram

Pensavam era tudo ilusório

Mas estes povos ali viviam

No grande fluxo migratório.


II CAPÍTULO — O Encontro dos Povos e a Formação Colonial


Portugueses no Brasil 1500

Nesta Bahia de Porto Seguro

Não demorou muito o tempo

Deixou povo nativo em apuro

Trocando coisas e espelhos

Ficar com as terras do futuro.


A expedição reconhecimento

Que descia na costa brasileira

Navegador Américo Vespúcio

Chegou na foz a grande ribeira

Foi o ano de 1501 no rio Opará

Encontrando ali tribo costeira.


No dia 4 de outubro porém

Que rio Opará foi batizado

Com o nome São Francisco

Porque era santo civilizado

Para ficar nos documentos

Mas também o mentalizado.


No mapa etnico-histórico

Etnólogo Curt Nimuendajú

Tarobá encontrou Vespúcio

Na taba no Opará dos Natú

A região verdejante e farta

Com muitas frutas de cajú.


No baixo do São Francisco

Ou nesta margem alagoana

Que existia as tribos ferozes

Também na faixa sergipana

Caeté, Tupinambá, Tabajara

Numa parte pernambucana.


Nisso na Coroa Portuguesa

Com pouco recurso limitado

Delegou tarefa colonização

Do Brasil para ser explorado

Divide território as capitanias

Nestas ordens atual reinado.


As capitanias 1534 criadas

No sistema dos donatários

Evitar o tráfico de pau-brasil

Dos franceses e corsários

Principalmente nesse litoral

Onde eram os mandatários.


Estes beneficiários da nobreza

Com os tais elementos feudais

Num capitalismo o exploratório

Documentos das Cartas Florais

Podendo construir até o castelo

Assim os palácios descomunais.


A Capitania de Pernambuco

Para o Duarte Coelho Pereira

Com 12 mil léguas quadradas

Do sertão até a faixa costeira

Era chamada Nova Lusitânia

Nesta riqueza era a primeira.


III CAPÍTULO — As Conquistas Coloniais e o Martírio dos Povos da Costa


Com Duarte Coelho Pereira

Constrói Castelo de Olinda

No cimo da colina em 1536

Torre uma coisa mais linda

Casa-forte estilo manuelino

Feita de pedra, cal ele finda.


O vasto território Nordestino

Capitania que tanto abrangia

Quase toda região Nordeste

Chegando até Oeste da Bahia

Colonos do Norte de Portugal

Duarte Coelho sua companhia.


O dia 16 de julho ano 1556

Nos baixios de D. Rodrigo

Junto à foz do rio Coruripe

Houve aquele grande perigo

Onde o 1º bispo do Brasil

Pelos Caeté seria o inimigo.


O Pedro Fernandes Sardinha

Junto a ele os companheiros

De Nossa Senhora da Ajuda

Navio afundou e prisioneiros

Seis léguas do São Francisco

Comidos por índios costeiros.


Numa história mal contada

Essa não seria tal realidade

Mas o bispo morreu afogado

Junto com toda a irmandade

Esta nau naufragou no mar

Causando esta calamidade.


Tudo poderia ser inventado

Pelos colonizadores tiranos

Queria roubar-lhes as terras

Uma base seria nos planos

Acusando aqueles indígenas

Foi ato cruel dos desumanos.


Nisso Caeté foram caçados

Nas matas, na terra e no rio

As crueldades deste invasor

Causando remorso e calafrio

Massacrou as tribos inteiras

Ao São Francisco a Cabo Frio.


Outras tribos tão afetadas

Naquela terrível dizimação

Os povos fugiram da costa

Buscam no refúgio salvação

Subiram os rios e afluentes

Foge daquela exterminação.


Duarte Coelho Albuquerque

Filho do donatário logo cedo

Organizou um bandeira ao sul

São Francisco fundou Penedo

Alagoas ocorrido no ano 1565

Sobre um majestoso rochedo.


IV CAPÍTULO — O Penedo Ancestral e a Missão dos Kariri-Xocó


Logo todas tribos da região

Esta totalidade combatidas

Dzubukuá, Romaris, o Kariri

Como tupinambás, temidas

Aramurú, Natús e Karapotós

Aldeias mais reconhecidas.


Nativos habitantes da região

Como o Porto Real do Colégio

Nas ocupações os indígenas

A história de grande privilégio

Aconãs, Karapotó e os Kariris

Sob influência do poder régio.


O Gaspar Lourenço e outros

João Salônio nessa a região

Em 1575 jesuítas na floresta

Chegando uma nova religião

Construíram a capela rústica

Nossa Senhora da Conceição.


As coisas não é tão simples

Para que possamos aprender

No caso são várias tentativas

Assim estes indígenas render

Passando os 86 anos fugindo

Finalmente tiveram que ceder.


Em 12 de abril no ano 1636

Penedo a categoria elevada

Nome Vila de São Francisco

Centro povoador fortificada

Abrangendo todas fazendas

Aglomeração tribo aldeada.


No ano 1637 os holandeses

Que invadiram nosso Penedo

Junto à foz do São Francisco

Com as vantagens no enredo

Construindo o Forte Maurício

Nessas paragens em segredo.


Porém na Guerra Holandesa

Os indígenas estão divididos

Kariris ao lado neerlandeses

Assim imune não ser punidos

Mas Aramurú os portugueses

Com senhores a ser servidos.


No dia 04 de maio de 1661

Os jesuítas teria concessão

Duas léguas de terras no rio

Fundando esta bela missão

Kariri, Karapotó e os Aconãs

Vem das matas na procissão.


Nossa Senhora da Conceição

A aldeia indígena foi chamada

Porque na invocação da santa

Missão de Colégio lá fundada

Com essa igreja da padroeira

Onde por todos será venerada.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 



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