Dedicatória Poética
Aos ancestrais e pajés da terra,
Que guardaram histórias, lendas e guerra,
Aos rios, serras e chão do Opará,
Que ensinam o povo a nunca se dobrar.
E a todos os jovens que irão lembrar,
Das raízes fortes que devem preservar.
Índice Poético
Capítulo I — As Raízes Ancestrais e o Tronco Macro-Jê
Capítulo II — O Encontro dos Povos e a Formação Colonial
Capítulo III — As Conquistas Coloniais e o Martírio dos Povos da Costa
Capítulo IV — O Penedo Ancestral e a Missão dos Kariri-Xocó
Capítulo V — O Colégio dos Jesuítas e a Resistência do Povo da Serra
Capítulo VI — A Expulsão dos Jesuítas e o Retorno ao Ouricuri Sagrado
Capítulo VII — O Diretório dos Índios e a Ordem do Império
Capítulo VIII — Guerreiros do Opará e o Tempo da Discriminação
Capítulo IX — O Fim das Aldeias e o Nascimento da Resistência
Capítulo X — A Vila, O Intendente do Espírito do Povo
Capítulo XI — O Territorio e o Sonho Adormecido
Capítulo XII — As Terras Tomadas e o Grito Silencioso
Capítulo XIII — O Pajé Suíra e a Luz do Ouricuri
Capítulo XIV — A Descoberta e a Expressão Cultural
Capítulo XV — O Posto Padre Alfredo Damaso (1944–1952)
Capítulo XVI — O Tempo das Mudanças e Transições (1953–1969)
Capítulo XVII — O Tempo da Cerâmica e do Trabalho ( 1950 - 1970 )
Capítulo XXVIII — Terra e Resistência ( 1974 - 1979 )
Capítulo XIX — Redescoberta do Ouricuri e a Identidade ( 1980 - 1990 )
Capítulo XX — A Visibilidade Política e Social
Capítulo XXI — Avanços, Conquistas e Preservação Cultural (1981–2021)
Encerramento Poético
Epílogo Poético
Referências Bibliográficas Rimadas
Abertura Poética
Escutem irmãos de perto e distante,
A história do povo que é tão resistente,
Dos Kariri-Xocó do São Francisco amado,
Do Opará sagrado, por Deus abençoado.
Em cordel rimado, contarei com fervor,
As lutas, tradições e a vida com amor.
Prólogo Poético
No tempo antigo, antes da colonização,
Viviam indígenas com sabedoria e ação,
Nas aldeias do Colégio, nossa nação,
Guardava a cultura, fé e tradição.
Entre rios e matas, com força e coração,
Foram-se fazendo história em cada geração.
I CAPÍTULO — As Raízes Ancestrais e o Tronco Macro-Jê
Nas origens de um povo
Tem as raízes geneológica
Vem o começo do tempo
Numa idade pré-histórica
Vamos adiantando o ritmo,
Para não ficar metafórica.
Chegada dos portugueses,
Já existia os povos nativos
Movimento das migrações
Existiam os grandes motivos
Na luta pela a mata atlântica,
Porém os mais combativos.
Kariri-Xocó muita história
Pluriétnico por excelência
Formado nações indígenas
Tribos com sua resistência
São aldeados na civilização
Fusão para a sobrevivência.
Segundo Aryon Rodrigues
O Macro-jê é tronco antigo
Do qual pertence os Kariris
No que diz por o seu artigo
Família linguística sertaneja
Que passou grande perigo.
Neste o Brasil Pré-Cabralino
Antigos habitantes da costa
Os Povos do tronco Macro-jê
Tupis expulsa sem resposta
Empurrando-os para o interior
Na vida as privações imposta.
O Macro-jê surgiu no leste
Brasil 4000 antes de Cristo
Tupis vieram do Amazonas
No ano 900 d.C., pouco visto
Derrotando as tribos Tapuias
No seu passado bem revisto.
Foi seguindo o São Francisco
Os tupis chegaram lá no litoral
Ocupando Nordeste brasileiro
Numa força com luta corporal
A faixa da parte sul americana
Com toda a dominação moral.
Nesta mata atlântica o litoral
Sendo a mais rica do mundo
Com fartura de caça e pesca
Tinha o azul do mar no fundo
O clima agradável numa brisa
Que dava um sono profundo.
Nesse panorama costeiro
Tupís ocuparam o território
Os portugueses chegaram
Pensavam era tudo ilusório
Mas estes povos ali viviam
No grande fluxo migratório.
II CAPÍTULO — O Encontro dos Povos e a Formação Colonial
Portugueses no Brasil 1500
Nesta Bahia de Porto Seguro
Não demorou muito o tempo
Deixou povo nativo em apuro
Trocando coisas e espelhos
Ficar com as terras do futuro.
A expedição reconhecimento
Que descia na costa brasileira
Navegador Américo Vespúcio
Chegou na foz a grande ribeira
Foi o ano de 1501 no rio Opará
Encontrando ali tribo costeira.
No dia 4 de outubro porém
Que rio Opará foi batizado
Com o nome São Francisco
Porque era santo civilizado
Para ficar nos documentos
Mas também o mentalizado.
No mapa etnico-histórico
Etnólogo Curt Nimuendajú
Tarobá encontrou Vespúcio
Na taba no Opará dos Natú
A região verdejante e farta
Com muitas frutas de cajú.
No baixo do São Francisco
Ou nesta margem alagoana
Que existia as tribos ferozes
Também na faixa sergipana
Caeté, Tupinambá, Tabajara
Numa parte pernambucana.
Nisso na Coroa Portuguesa
Com pouco recurso limitado
Delegou tarefa colonização
Do Brasil para ser explorado
Divide território as capitanias
Nestas ordens atual reinado.
As capitanias 1534 criadas
No sistema dos donatários
Evitar o tráfico de pau-brasil
Dos franceses e corsários
Principalmente nesse litoral
Onde eram os mandatários.
Estes beneficiários da nobreza
Com os tais elementos feudais
Num capitalismo o exploratório
Documentos das Cartas Florais
Podendo construir até o castelo
Assim os palácios descomunais.
A Capitania de Pernambuco
Para o Duarte Coelho Pereira
Com 12 mil léguas quadradas
Do sertão até a faixa costeira
Era chamada Nova Lusitânia
Nesta riqueza era a primeira.
III CAPÍTULO — As Conquistas Coloniais e o Martírio dos Povos da Costa
Com Duarte Coelho Pereira
Constrói Castelo de Olinda
No cimo da colina em 1536
Torre uma coisa mais linda
Casa-forte estilo manuelino
Feita de pedra, cal ele finda.
O vasto território Nordestino
Capitania que tanto abrangia
Quase toda região Nordeste
Chegando até Oeste da Bahia
Colonos do Norte de Portugal
Duarte Coelho sua companhia.
O dia 16 de julho ano 1556
Nos baixios de D. Rodrigo
Junto à foz do rio Coruripe
Houve aquele grande perigo
Onde o 1º bispo do Brasil
Pelos Caeté seria o inimigo.
O Pedro Fernandes Sardinha
Junto a ele os companheiros
De Nossa Senhora da Ajuda
Navio afundou e prisioneiros
Seis léguas do São Francisco
Comidos por índios costeiros.
Numa história mal contada
Essa não seria tal realidade
Mas o bispo morreu afogado
Junto com toda a irmandade
Esta nau naufragou no mar
Causando esta calamidade.
Tudo poderia ser inventado
Pelos colonizadores tiranos
Queria roubar-lhes as terras
Uma base seria nos planos
Acusando aqueles indígenas
Foi ato cruel dos desumanos.
Nisso Caeté foram caçados
Nas matas, na terra e no rio
As crueldades deste invasor
Causando remorso e calafrio
Massacrou as tribos inteiras
Ao São Francisco a Cabo Frio.
Outras tribos tão afetadas
Naquela terrível dizimação
Os povos fugiram da costa
Buscam no refúgio salvação
Subiram os rios e afluentes
Foge daquela exterminação.
Duarte Coelho Albuquerque
Filho do donatário logo cedo
Organizou um bandeira ao sul
São Francisco fundou Penedo
Alagoas ocorrido no ano 1565
Sobre um majestoso rochedo.
IV CAPÍTULO — O Penedo Ancestral e a Missão dos Kariri-Xocó
Logo todas tribos da região
Esta totalidade combatidas
Dzubukuá, Romaris, o Kariri
Como tupinambás, temidas
Aramurú, Natús e Karapotós
Aldeias mais reconhecidas.
Nativos habitantes da região
Como o Porto Real do Colégio
Nas ocupações os indígenas
A história de grande privilégio
Aconãs, Karapotó e os Kariris
Sob influência do poder régio.
O Gaspar Lourenço e outros
João Salônio nessa a região
Em 1575 jesuítas na floresta
Chegando uma nova religião
Construíram a capela rústica
Nossa Senhora da Conceição.
As coisas não é tão simples
Para que possamos aprender
No caso são várias tentativas
Assim estes indígenas render
Passando os 86 anos fugindo
Finalmente tiveram que ceder.
Em 12 de abril no ano 1636
Penedo a categoria elevada
Nome Vila de São Francisco
Centro povoador fortificada
Abrangendo todas fazendas
Aglomeração tribo aldeada.
No ano 1637 os holandeses
Que invadiram nosso Penedo
Junto à foz do São Francisco
Com as vantagens no enredo
Construindo o Forte Maurício
Nessas paragens em segredo.
Porém na Guerra Holandesa
Os indígenas estão divididos
Kariris ao lado neerlandeses
Assim imune não ser punidos
Mas Aramurú os portugueses
Com senhores a ser servidos.
No dia 04 de maio de 1661
Os jesuítas teria concessão
Duas léguas de terras no rio
Fundando esta bela missão
Kariri, Karapotó e os Aconãs
Vem das matas na procissão.
Nossa Senhora da Conceição
A aldeia indígena foi chamada
Porque na invocação da santa
Missão de Colégio lá fundada
Com essa igreja da padroeira
Onde por todos será venerada.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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