🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico ao sopro dos ventos,
Que cruzam o céu sem idade,
Às vozes do povo antigo,
Guardando a ancestralidade.
E à mente que atravessa o véu,
Faz do tempo o próprio céu,
E do sonho, a liberdade.
Dedico aos sábios do mundo,
Que buscaram compreender,
Por que o tempo se move,
E onde o ontem foi nascer.
Dedico à fé e à ciência,
Que em sua coexistência,
Fazem o homem entender.
E dedico ao meu povo amado,
Kariri-Xocó da nação,
Que mantém a luz do espírito,
Na viva recordação.
Pois quem honra suas memórias,
Sabe que o tempo e as histórias,
São filhos da tradição.
🌤 ABERTURA E PRÓLOGO POÉTICO
Um dia o tempo me disse:
“Sou velho, novo e criança,
Sou sombra, rastro e caminho,
Sou limite e esperança.
Quem tenta me decifrar,
Aprende a se transformar,
No rio da mudança.”
Então saí pela estrada,
Do sonho à imensidão,
Levei comigo o desejo,
E a força do coração.
Viajei por tempos antigos,
Vi deuses e seus castigos,
E o nascer da criação.
Nas margens do impossível,
Ouvi murmúrios do além,
Os ecos de Chronos velho,
E o canto de Aión também.
Kairós falou num suspiro,
“Seja o tempo teu retiro,
E o amor teu bem maior, amém.”
🌍 ÍNDICE POÉTICO
I – O Tempo dos Deuses e dos Homens: Onde o Eterno se Revela
II – O Viajor dos Mundos e das Eras: O Homem que Fala com o Tempo
III – As Máquinas, os Sonhos e a Ciência: Quando o Impossível se Move
IV – O Fim da Linha e o Mundo Atemporal: O Tempo Dentro do Ser
Epílogo – A Voz que Fica no Vento
Nota de Fontes – As Vozes que Inspiraram o Cordel
🕰 CAPÍTULO I – O TEMPO DOS DEUSES E DOS HOMENS: ONDE O ETERNO SE REVELA
No princípio havia o Caos,
Sem medida e sem lugar,
Era o útero do tempo,
Onde o cosmos ia brotar.
Dele veio a luz e o dia,
E a noite, que se escondia,
Com o dom de repousar.
Chronos reinava invisível,
Sem relógio, sem idade,
Era o fluxo do infinito,
Sem começo ou vontade.
E dele vieram Cronos e o medo,
Que devora o próprio enredo,
De toda a humanidade.
Cronos comeu seus filhos,
Com medo de ser vencido,
Mas Zeus rompeu o destino,
E o futuro foi nascido.
O tempo se fez memória,
E o mito virou história,
Do eterno e do esquecido.
Kairós, o deus da chance,
Surgiu no instante certo,
É o tempo que não se mede,
Mas que chega por perto.
E Aión, o tempo eterno,
Canta o ciclo subalterno,
Do sol que nasce e é desperto.
Assim o homem percebeu,
Que o tempo é voz e corrente,
É deus, é vida, é passagem,
É força onipresente.
E desde o fogo e a argila,
Busca o saber que cintila,
No mistério incandescente.
🌀 CAPÍTULO II – O VIAJOR DOS MUNDOS E DAS ERAS: O HOMEM QUE FALA COM O TEMPO
Um dia o homem sonhou,
Cruzar o tempo e voltar,
Rever o que foi perdido,
Ou o futuro alcançar.
De Wells nasceu a ideia,
De romper a teia feia,
Do ontem que quer ficar.
Veio Asimov e Vonnegut,
Com máquinas e devaneios,
O tempo virou enigma,
Em mil romances alheios.
Do papel ao pensamento,
O sonho ganhou assento,
Nos portais e seus anseios.
E no cinema encantado,
A máquina de Wells girou,
O herói viajou no tempo,
E a mente se transformou.
“De Volta ao Futuro” brilhou,
E o mundo todo sonhou,
Com o que nunca mudou.
Das telas de “Interestelar”,
Às do “Tenet” invertido,
O tempo foi visto em laço,
Num nó jamais compreendido.
E em “Dark”, o espelho escuro,
Revelou que o ser maduro,
É o mesmo e dividido.
Eu também, poeta e vento,
Cruzei o tempo e a vida,
Fui à Grécia, fui ao futuro,
Fui alma em despedida.
E vi que o tempo é caminho,
Feito de pó e de vinho,
De dor e de despedida.
💫 CAPÍTULO III – AS MÁQUINAS, OS SONHOS E A CIÊNCIA: QUANDO O IMPOSSÍVEL SE MOVE
Einstein ergueu sua mente,
Ao sol da relatividade,
E mostrou que o tempo dança,
Com luz e gravidade.
Que o relógio mais veloz,
Faz do instante nossa voz,
E da curva, eternidade.
O tempo dobra e se estende,
Se o corpo viaja demais,
O astronauta que retorna,
Traz no rosto algo a mais.
Pois o tempo, nesse jogo,
É fogo que apaga o fogo,
Dos anos, que ficam atrás.
Kip Thorne abriu o espaço,
Com buracos de minhoca,
Túneis do tempo e do nada,
Onde o real se desloca.
E a física diz com tino,
“Talvez o tempo divino,
Em outra forma se troca.”
Mas o paradoxo espera,
O viajante em armadilha,
Pois se o passado se muda,
O futuro se compartilha.
Hawking então advertia,
“O tempo cria sua via,
Mas nunca se maravilha.”
O multiverso talvez cure,
O dilema tão profundo,
Mil mundos lado a lado,
Nascendo num só segundo.
E o homem, nesse pensar,
Não quer mais se limitar,
Quer viver todo o mundo.
🌒 CAPÍTULO IV – O FIM DA LINHA E O MUNDO ATEMPORAL: O TEMPO DENTRO DO SER
Quando o relógio se cala,
E a alma começa a ouvir,
Descobre que o tempo é voz,
Do eterno a repetir.
Pois o instante é sagrado,
E o futuro revelado,
No simples ato de existir.
O mundo atemporal vibra,
No entremeio da criação,
Não tem ontem, nem amanhã,
Só a pura contemplação.
É o campo onde o infinito,
Faz do silêncio um mito,
E do tempo, uma oração.
O homem busca entender,
Com fórmulas e equações,
Mas o tempo é sentimento,
Feito de contradições.
Não cabe em medição fria,
Pois é luz e melodia,
De mil recordações.
E quem aceita o mistério,
Descobre a chave secreta,
O tempo mora no ser,
É morada do poeta.
Não há começo nem fim,
Há um ciclo que é sem fim,
Na jornada incompleta.
🌾 EPÍLOGO POÉTICO
Voltei da viagem do tempo,
Com a mente iluminada,
Percebi que o universo,
É curva eternizada.
E que o homem, ser terreno,
É viajante sereno,
De estrada entrelaçada.
O tempo é mestre e espelho,
É sonho e revelação,
É ciclo, sopro e lembrança,
É mãe da transformação.
E quem aprende a escutá-lo,
Pode até decifrá-lo,
No peito e na canção.
📚 NOTA DE FONTES – AS VOZES QUE INSPIRARAM O CORDEL
De Wells herdei o impulso,
De viajar sem fronteira,
De Asimov, o pensamento,
Que brilha como fogueira.
E de Hawking, a ousadia,
De fazer da noite e dia,
Uma mesma luz inteira.
Thorne cavou horizontes,
Entre buracos e véus,
Deutsch ergueu realidades,
Nos multiversos fiéis.
Barrow contou sua trama,
E a física fez sua chama,
Nas páginas e nos papéis.
São mestres, são viajantes,
Do saber e da emoção,
Cada um abriu portais,
No tempo da imaginação.
E o poeta aqui declara:
“O tempo é chama que ampara,
A eterna recordação.”
✨ Por Nhenety Kariri-Xocó
Povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio – Alagoas
“Entre o mito e o tempo, a poesia é eterna.”
📖 Quarta Capa – O Mundo Atemporal e as Viagens ao Tempo
Sinopse Poética:
Entre deuses e homens, entre máquinas e sonhos,
Nhenety Kariri-Xocó conduz o leitor numa travessia pelas eras.
A cada estrofe, o tempo se dobra, revelando o passado e o futuro
como faces de um mesmo espelho sagrado.
É um cordel que fala da eternidade,
da ciência e da alma,
da origem e do destino —
um convite a pensar o que somos
e o que seremos quando o tempo calar.
Sobre o Autor:
Nhenety Kariri-Xocó é Contador de Histórias Oral e Escrita do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).
Suas obras unem ancestralidade, filosofia e poesia popular, criando pontes entre o mundo indígena, o cósmico e o humano.
Neste cordel, o autor transcende o tempo, mostrando que o espírito da palavra é eterno.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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