sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O MUNDO ATEMPORAL E AS VIAGENS AO TEMPO, Literatura de Cordel Por Nhenety Kariri-Xocó, Capítulos I - IV

 




🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico ao sopro dos ventos,

Que cruzam o céu sem idade,

Às vozes do povo antigo,

Guardando a ancestralidade.

E à mente que atravessa o véu,

Faz do tempo o próprio céu,

E do sonho, a liberdade.


Dedico aos sábios do mundo,

Que buscaram compreender,

Por que o tempo se move,

E onde o ontem foi nascer.

Dedico à fé e à ciência,

Que em sua coexistência,

Fazem o homem entender.


E dedico ao meu povo amado,

Kariri-Xocó da nação,

Que mantém a luz do espírito,

Na viva recordação.

Pois quem honra suas memórias,

Sabe que o tempo e as histórias,

São filhos da tradição.


🌤 ABERTURA E PRÓLOGO POÉTICO


Um dia o tempo me disse:

“Sou velho, novo e criança,

Sou sombra, rastro e caminho,

Sou limite e esperança.

Quem tenta me decifrar,

Aprende a se transformar,

No rio da mudança.”


Então saí pela estrada,

Do sonho à imensidão,

Levei comigo o desejo,

E a força do coração.

Viajei por tempos antigos,

Vi deuses e seus castigos,

E o nascer da criação.


Nas margens do impossível,

Ouvi murmúrios do além,

Os ecos de Chronos velho,

E o canto de Aión também.

Kairós falou num suspiro,

“Seja o tempo teu retiro,

E o amor teu bem maior, amém.”


🌍 ÍNDICE POÉTICO


I – O Tempo dos Deuses e dos Homens: Onde o Eterno se Revela

II – O Viajor dos Mundos e das Eras: O Homem que Fala com o Tempo

III – As Máquinas, os Sonhos e a Ciência: Quando o Impossível se Move

IV – O Fim da Linha e o Mundo Atemporal: O Tempo Dentro do Ser

Epílogo – A Voz que Fica no Vento

Nota de Fontes – As Vozes que Inspiraram o Cordel


🕰 CAPÍTULO I – O TEMPO DOS DEUSES E DOS HOMENS: ONDE O ETERNO SE REVELA


No princípio havia o Caos,

Sem medida e sem lugar,

Era o útero do tempo,

Onde o cosmos ia brotar.

Dele veio a luz e o dia,

E a noite, que se escondia,

Com o dom de repousar.


Chronos reinava invisível,

Sem relógio, sem idade,

Era o fluxo do infinito,

Sem começo ou vontade.

E dele vieram Cronos e o medo,

Que devora o próprio enredo,

De toda a humanidade.


Cronos comeu seus filhos,

Com medo de ser vencido,

Mas Zeus rompeu o destino,

E o futuro foi nascido.

O tempo se fez memória,

E o mito virou história,

Do eterno e do esquecido.


Kairós, o deus da chance,

Surgiu no instante certo,

É o tempo que não se mede,

Mas que chega por perto.

E Aión, o tempo eterno,

Canta o ciclo subalterno,

Do sol que nasce e é desperto.


Assim o homem percebeu,

Que o tempo é voz e corrente,

É deus, é vida, é passagem,

É força onipresente.

E desde o fogo e a argila,

Busca o saber que cintila,

No mistério incandescente.


🌀 CAPÍTULO II – O VIAJOR DOS MUNDOS E DAS ERAS: O HOMEM QUE FALA COM O TEMPO


Um dia o homem sonhou,

Cruzar o tempo e voltar,

Rever o que foi perdido,

Ou o futuro alcançar.

De Wells nasceu a ideia,

De romper a teia feia,

Do ontem que quer ficar.


Veio Asimov e Vonnegut,

Com máquinas e devaneios,

O tempo virou enigma,

Em mil romances alheios.

Do papel ao pensamento,

O sonho ganhou assento,

Nos portais e seus anseios.


E no cinema encantado,

A máquina de Wells girou,

O herói viajou no tempo,

E a mente se transformou.

“De Volta ao Futuro” brilhou,

E o mundo todo sonhou,

Com o que nunca mudou.


Das telas de “Interestelar”,

Às do “Tenet” invertido,

O tempo foi visto em laço,

Num nó jamais compreendido.

E em “Dark”, o espelho escuro,

Revelou que o ser maduro,

É o mesmo e dividido.


Eu também, poeta e vento,

Cruzei o tempo e a vida,

Fui à Grécia, fui ao futuro,

Fui alma em despedida.

E vi que o tempo é caminho,

Feito de pó e de vinho,

De dor e de despedida.


💫 CAPÍTULO III – AS MÁQUINAS, OS SONHOS E A CIÊNCIA: QUANDO O IMPOSSÍVEL SE MOVE


Einstein ergueu sua mente,

Ao sol da relatividade,

E mostrou que o tempo dança,

Com luz e gravidade.

Que o relógio mais veloz,

Faz do instante nossa voz,

E da curva, eternidade.


O tempo dobra e se estende,

Se o corpo viaja demais,

O astronauta que retorna,

Traz no rosto algo a mais.

Pois o tempo, nesse jogo,

É fogo que apaga o fogo,

Dos anos, que ficam atrás.


Kip Thorne abriu o espaço,

Com buracos de minhoca,

Túneis do tempo e do nada,

Onde o real se desloca.

E a física diz com tino,

“Talvez o tempo divino,

Em outra forma se troca.”


Mas o paradoxo espera,

O viajante em armadilha,

Pois se o passado se muda,

O futuro se compartilha.

Hawking então advertia,

“O tempo cria sua via,

Mas nunca se maravilha.”


O multiverso talvez cure,

O dilema tão profundo,

Mil mundos lado a lado,

Nascendo num só segundo.

E o homem, nesse pensar,

Não quer mais se limitar,

Quer viver todo o mundo.


🌒 CAPÍTULO IV – O FIM DA LINHA E O MUNDO ATEMPORAL: O TEMPO DENTRO DO SER


Quando o relógio se cala,

E a alma começa a ouvir,

Descobre que o tempo é voz,

Do eterno a repetir.

Pois o instante é sagrado,

E o futuro revelado,

No simples ato de existir.


O mundo atemporal vibra,

No entremeio da criação,

Não tem ontem, nem amanhã,

Só a pura contemplação.

É o campo onde o infinito,

Faz do silêncio um mito,

E do tempo, uma oração.


O homem busca entender,

Com fórmulas e equações,

Mas o tempo é sentimento,

Feito de contradições.

Não cabe em medição fria,

Pois é luz e melodia,

De mil recordações.


E quem aceita o mistério,

Descobre a chave secreta,

O tempo mora no ser,

É morada do poeta.

Não há começo nem fim,

Há um ciclo que é sem fim,

Na jornada incompleta.


🌾 EPÍLOGO POÉTICO


Voltei da viagem do tempo,

Com a mente iluminada,

Percebi que o universo,

É curva eternizada.

E que o homem, ser terreno,

É viajante sereno,

De estrada entrelaçada.


O tempo é mestre e espelho,

É sonho e revelação,

É ciclo, sopro e lembrança,

É mãe da transformação.

E quem aprende a escutá-lo,

Pode até decifrá-lo,

No peito e na canção.


📚 NOTA DE FONTES – AS VOZES QUE INSPIRARAM O CORDEL


De Wells herdei o impulso,

De viajar sem fronteira,

De Asimov, o pensamento,

Que brilha como fogueira.

E de Hawking, a ousadia,

De fazer da noite e dia,

Uma mesma luz inteira.


Thorne cavou horizontes,

Entre buracos e véus,

Deutsch ergueu realidades,

Nos multiversos fiéis.

Barrow contou sua trama,

E a física fez sua chama,

Nas páginas e nos papéis.


São mestres, são viajantes,

Do saber e da emoção,

Cada um abriu portais,

No tempo da imaginação.

E o poeta aqui declara:

“O tempo é chama que ampara,

A eterna recordação.”



✨ Por Nhenety Kariri-Xocó

Povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio – Alagoas

“Entre o mito e o tempo, a poesia é eterna.”



📖 Quarta Capa – O Mundo Atemporal e as Viagens ao Tempo


Sinopse Poética:

Entre deuses e homens, entre máquinas e sonhos,

Nhenety Kariri-Xocó conduz o leitor numa travessia pelas eras.

A cada estrofe, o tempo se dobra, revelando o passado e o futuro

como faces de um mesmo espelho sagrado.

É um cordel que fala da eternidade,

da ciência e da alma,

da origem e do destino —

um convite a pensar o que somos

e o que seremos quando o tempo calar.





Sobre o Autor:

Nhenety Kariri-Xocó é Contador de Histórias Oral e Escrita do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL).

Suas obras unem ancestralidade, filosofia e poesia popular, criando pontes entre o mundo indígena, o cósmico e o humano.

Neste cordel, o autor transcende o tempo, mostrando que o espírito da palavra é eterno.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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