quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O MUNDO DA IMAGINAÇÃO EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó





🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA


Dedico aos que sonham na beira do rio,

Que criam canções ao vento macio,

Aos que reinventam o passo do chão,

Tecendo o futuro na palma da mão.

Dedico aos anciãos que guardam memória,

E aos jovens que seguem criando a história.


Às crianças que erguem castelos no ar,

Que pintam estrelas sem medo sonhar,

Às vozes que cantam a vida e a lida,

Ao sonho que pulsa no ciclo da vida.

Dedico ao povo que em versos se ergue,

E à chama ancestral que o tempo não perde.


Ao Kariri-Xocó, raiz verdadeira,

Que é fonte da vida, canção derradeira,

Que guarda no peito a força da mente,

E mostra que o sonho é sempre presente.

Assim minha pena se faz oração,

E a imaginação se torna canção.


📑 ÍNDICE POÉTICO


Capítulo I – Filosofia em Movimento

Capítulo II – Ciência, Razão e Pensamento

Capítulo III – Metodologia em Cinco Caminhos

Capítulo IV – Oralidade e Escrita em Ninhos

Capítulo V – A Imaginação como Força Vital

Encerramento – Síntese Final

Epílogo Poético – Mensagem de Amor

Nota de Fontes – Referência em Louvor


🌟 ABERTURA


Convido o leitor a seguir comigo,

Num mundo encantado, num vasto abrigo,

Onde a imaginação abre a clareira,

Mostrando horizontes de forma inteira.

Aqui cada verso é chave e portal,

E o sonho é caminho do bem e do mal.


Pois todo saber tem limite e muro,

Mas o imaginar não conhece o escuro.

Eleva a pessoa, conduz a ação,

Cria universos de eterna invenção.

Na prosa ou na rima, no rastro e no chão,

O sonho é raiz da libertação.


🎭 PRÓLOGO POÉTICO


Einstein falou com vigor certeiro:

“A imaginação é o dom primeiro.

O saber é finito, tem fim e muralha,

Mas o sonho é fogo que o tempo não abala.”

Assim, meu cordel é ponte e ternura,

Que mostra o sonhar em sua estrutura.


Aqui vou falar de filosofia,

Do campo da ciência, da sabedoria,

Da mente que cria, da voz que conduz,

Do sonho que acende a chama da luz.

Por isso, leitor, se prepare a entrar,

No mundo fecundo que sabe sonhar.



📚 CAPÍTULOS


📖 CAPÍTULO I – FILOSOFIA DA IMAGINAÇÃO


(10 estrofes completas)


1

Na Grécia nasceu o pensar profundo,

E a mente buscou compreender o mundo.

Aristóteles disse: “a phantasia

Traduz sensação em pura poesia.”

Entre o ver e o pensar fez-se ponte sagrada,

E a alma criou sua estrada encantada.


2

Platão já falava do sonho e da arte,

De imagens que vivem em cada parte.

Se o mundo visível é sombra e aparência,

É no imaginar que se vê a essência.

Assim a filosofia em voz ressoava,

Mostrando que a mente no sonho habitava.


3

Kant veio depois, com rigor e razão,

Mostrou transcendência, mostrou direção.

Na mente há poder que organiza o vivido,

Transforma o concreto no ser compreendido.

É força que age além do sentido,

É chave do mundo, é guia do espírito.


4

O filósofo então nos faz perceber,

Que a mente é raiz do próprio saber.

Sem ela não há ciência ou canção,

Pois tudo começa no ato da imaginação.

A ponte da vida se ergue em clarão,

E o ser se constrói na pura invenção.


5

Ricoeur refletiu na seara da história,

Que o sonho constrói a ética e a memória.

Com “tempo e narrativa” teceu seu caminho,

Mostrando que o ser nunca anda sozinho.

Na trama simbólica, o sonho aparece,

E em cada cultura o povo enriquece.


6

Assim a filosofia, em voz ancestral,

Mostrou que sonhar é força vital.

Não é fantasia sem corpo ou raiz,

É trama da mente que torna feliz.

É ponte do ser, é vida, é visão,

É chama que arde em cada coração.


7

Do mito ao conceito, do rito à razão,

O sonho é presente em toda estação.

Seja na aldeia, na praça ou no lar,

É sempre a mente que sabe criar.

Na roda da vida, na lida comum,

O sonho é caminho de todos e algum.


8

Não é devaneio que voa sem chão,

É parte da vida, é pura expressão.

É força que cria, é raiz que conduz,

É chama que acende a vida com luz.

Assim filosofar é também sonhar,

E a imaginação é seu verbo no ar.


9

Aristóteles, Kant, Ricoeur a dizer,

Que a mente é farol do próprio viver.

Do mundo sensível ao mundo interior,

A ponte se faz com sonho e ardor.

Sem ela o pensar seria vazio,

Mas com ela o ser se torna macio.


10

E neste cordel que aqui construí,

Mostrei como o sonho sempre existiu.

Na base da vida, no chão do pensar,

É ele que ensina o ser a criar.

Assim, leitor, siga firme na estrada,

Pois toda razão é também sonhada.



📖 CAPÍTULO II – CIÊNCIA, RAZÃO E PENSAMENTO


1

No campo da ciência o saber despontou,

E a mente humana no mundo estudou.

Os sábios modernos buscaram provar,

Que o sonho na mente começa a pulsar.

Com testes, pesquisas e observação,

Desvendaram segredos da imaginação.


2

Damásio mostrou no seu pensamento,

Que razão e emoção têm cruzamento.

No cérebro unidos, em plena canção,

São laços da vida na criação.

A mente não sonha de forma isolada,

Ela é corpo vivo, é chama encarnada.


3

No campo da mente há fogo aceso,

Hipocampo guarda memória e peso.

O córtex frontal organiza a visão,

Traduz experiências em criação.

Assim o estudo mostrou claramente,

Que o sonho é ciência presente na gente.


4

Varela escreveu com Thompson também,

Rosch completou como sábio convém.

Disseram que a mente é corpo e ação,

Não vive sozinha no mundo em vão.

“A mente corporificada” ensinou,

Que corpo e cultura moldaram quem sou.


5

O cérebro, em parte, refaz o vivido,

E cria o futuro no não conhecido.

Sonhar é simular aquilo que vem,

É ensaiar passos que o tempo contém.

Na mente se esboça o que está por nascer,

E o sonho é o modo do ser se tecer.


6

Ciência confirma o que o povo sabia,

Que a mente inventa o que o corpo guia.

Que a fala e o gesto são fruto do pensar,

E o sonho prepara o agir e o criar.

Assim o estudo moderno revela,

Que o sonho é raiz da vida tão bela.


7

Do campo da arte ao chão da razão,

A mente trabalha em plena união.

Não há separação de frio e calor,

A emoção conduz a força e o ardor.

Por isso a ciência hoje confirma,

Que o sonho é raiz de toda rima.


8

O saber humano é sempre finito,

Mas o imaginar é campo infinito.

Por isso o cientista, no seu labor,

Encontra no sonho a força e o vigor.

O dado concreto precisa de guia,

E o sonho é quem traz essa poesia.


9

Assim descobrimos, com voz verdadeira,

Que a mente é estrada, é fonte primeira.

Sem sonho não há ciência ou cultura,

Pois nele reside a força mais pura.

É laço profundo de vida e saber,

É fogo que nasce no nosso viver.


10

Encerrando este canto da ciência e razão,

Mostro que o sonho é pura invenção.

É ponte que liga futuro e passado,

É força que une o ser encarnado.

Na mente do homem, no povo e no chão,

O sonho é ciência, raiz e canção.



📖 CAPÍTULO III – METODOLOGIA EM CINCO CAMINHOS


1

O sonho começa com simples faísca,

Um som ou palavra, visão que petisca.

Pode ser lembrança, pode ser canção,

Que nasce no peito e acende o clarão.

Assim é o início da imaginação,

Primeira etapa da criação.


2

Do estímulo nasce a imagem guardada,

Que a mente combina de forma encantada.

São cenas e cores que vão se juntar,

Desejos e falas começam dançar.

É tela pintada na mente febril,

Que forma castelos num vasto Brasil.


3

Na etapa segunda o desenho se faz,

A mente organiza, dá forma e paz.

As imagens soltas se unem em trama,

E o sonho do homem em canto se inflama.

São símbolos vivos que pedem ação,

E guiam o rumo da imaginação.


4

Na terceira etapa o pensar estrutura,

E o mundo simbólico vira escritura.

Nasce personagem, conceito ou canção,

Que o povo escuta em plena paixão.

É força do verbo, é mapa da estrada,

É voz organizada de forma ordenada.


5

Depois vem o tempo de comunicação,

De dar corpo e gesto à imaginação.

Em fala, em pintura, em livro ou cordel,

Em dança, em canção ou em papel.

Assim se transforma o pensar interior,

Em obra concreta de vida e vigor.


6

A quarta etapa, portanto, é mostrar,

Ao mundo inteiro o que há de criar.

Seja invenção, seja arte ou poema,

É vida que pulsa, é força suprema.

A mente não guarda só para si,

Mas abre caminho do sonho que vi.


7

Na quinta etapa há retroalimentar,

Pois todo caminho precisa voltar.

A obra criada recebe atenção,

Crítica, resposta, reflexão.

E a mente refaz o que foi sonhado,

Com nova roupagem, melhorado.


8

É ciclo constante que nunca termina,

Do sonho que nasce à vida que ensina.

Pois toda criação precisa revisão,

Que afina a mente e molda a canção.

Assim cada passo é roda que gira,

E a imaginação mais alto se inspira.


9

Cinco são os passos, caminho seguro,

Que fazem do sonho presente e futuro.

Do estímulo vivo à crítica final,

A mente trabalha em ritmo vital.

Assim a cultura, em voz e memória,

Se ergue no povo e cria a história.


10

Concluo este canto mostrando o valor,

De cada caminho do sonho criador.

Que o povo perceba, que o mundo entenda,

Que a mente é roda que nunca se prenda.

Na arte ou na vida, no gesto ou na ação,

São cinco caminhos da imaginação.



📜 Capítulo IV – Oralidade, Escrita e Cotidiano


1

No tempo dos ancestrais,

a palavra era tesouro,

guardada em boca e ouvido,

mais preciosa que o ouro.

Na fogueira da lembrança,

a memória tinha decoro.


2

Era a voz quem narrava

as histórias do viver,

ensinava a tradição,

o plantar e o colher,

e no canto dos mais velhos

se aprendia o saber.


3

Com o correr das idades

a escrita então nasceu,

no barro, couro ou papiro

seu registro floresceu.

O que antes era vento,

em permanência se fez.


4

A oralidade resiste,

mesmo após o pergaminho,

pois a voz tem o calor

de um caminho mais vizinho.

É no gesto e no olhar

que o saber segue o seu trilho.


5

Do cordel ao calendário,

da cantiga ao folheto,

o povo cria memória

com o verso em cada teto.

E no fio da poesia

se eterniza o concreto.


6

A escrita cria distância,

mas também pode unir,

permite ao tempo futuro

os segredos transmitir.

É a ponte que nos leva

a mundos por descobrir.


7

No cotidiano simples

do sertão ou da cidade,

a palavra é ferramenta

de esperança e liberdade.

O falar se faz cultura,

o escrever: identidade.


8

Quem conta, conta a si mesmo,

mesmo em versos de outro irmão.

Na cantiga ou no cordel,

há um reflexo da nação.

É a voz que eterniza

as lutas do coração.


9

Oralidade e escrita

não são rivais, mas irmãs.

Uma sopra os sentimentos,

a outra os guarda nas mãos.

Juntas formam um caminho

com raízes muito sãs.


10

E assim no cotidiano,

seja em livro ou no falar,

a imaginação floresce,

ensina a sonhar e amar.

Pois a voz e a palavra

são sementes do pensar.



📜 Capítulo V – A Imaginação como Força Vital


1

A imaginação é chama

que arde dentro do peito,

não se compra, não se vende,

mas sustenta o nosso jeito.

É raiz da liberdade,

é viver em pleno direito.


2

Com ela o homem constrói

pontes, casas, invenções,

navega mares distantes,

descobre novas nações.

É no sonho que florescem

as mais nobres criações.


3

Foi da mente imaginada

que nasceu o avião,

foi do sonho de um poeta

que brotou a inspiração,

e da fé de um povo inteiro

surgiu festa e tradição.


4

A ciência se alimenta

da centelha do sonhar,

sem ideia não existe

o impulso pra criar.

É no campo do impossível

que o futuro vem brotar.


5

O artista faz do traço

um portal de outro lugar,

o cantor faz da cantiga

um caminho pra voar,

e o povo em seus folguedos

faz cultura germinar.


6

Quem não sonha se entristece,

se acorrenta à solidão,

pois sem asas da esperança

não se move a direção.

A imaginação é força,

é remédio do coração.


7

Mesmo em tempos de opressão

onde a dor quer dominar,

o povo inventa saídas

pra seguir e pra lutar.

Oprimidos sonham mundos

que um dia irão chegar.


8

Da criança até o velho

todo ser traz no olhar

esse sopro criativo

que só sabe libertar.

É no sonho compartilhado

que se aprende a caminhar.


9

Imaginar é resistir,

é plantar vida no chão,

é tecer futuros novos

com as linhas da emoção.

É manter-se sempre erguido

contra a dor e a opressão.


10

E assim fechamos o canto

do poder tão essencial:

sem a luz da fantasia

não há vida universal.

Pois a imaginação, irmãos,

é do homem força vital.



📜 Encerramento


1

Assim finda a caminhada,

nos caminhos da razão,

onde o sonho foi regado

pela voz da tradição.

O cordel virou ponteira,

foi memória e coração.


2

Da filosofia antiga

à ciência em cada andar,

da oralidade ao livro

que insiste em nos guardar,

tudo mostra que o homem

é chamado a imaginar.


3

Entre versos e conceitos,

a cultura se constrói,

na palavra que é memória

e no gesto que não se rói.

Pois o povo que imagina

se renova e não se destrói.


4

E se aqui o fim se escreve,

não é fim, mas continuação,

pois o livro só se fecha

para abrir outra canção.

A semente da leitura

vai brotar noutra estação.


📜 Epílogo Poético


1

Leitor que chegou ao fim,

guarde em si esta centelha:

a imaginação liberta,

é tesouro, é grande estrela.

Ela guia todo o mundo

como mãe, farol e vela.


2

Não se esqueça que o sonho

é raiz de toda ação,

pois sem asas do desejo

não há vida nem canção.

Quem imagina constrói

os alicerces da nação.


3

Seja o verso ou seja o gesto,

seja o riso ou seja a dor,

tudo nasce do poder

dessa força criadora.

A imaginação é rio,

é fonte transformadora.


4

E assim deixo meu cordel,

feito em rima, amor e chão,

como oferenda sagrada

da memória em oração.

Que inspire novos caminhos,

sempre em fé e união.



📜 Nota de Fontes


1

Para firmar este chão,

que em versos aqui se fez,

cito mestres e saberes

que iluminaram talvez.

São raízes do cordel,

memória em sua altivez.


2

Aristóteles tão antigo,

com “Da Alma” a refletir,

mostrou que a imaginação

nos ajuda a construir.

Na ponte entre o pensar

e o sentir a existir.


3

De Kant veio a razão,

na “Crítica” a clarear,

a mente que organiza

tudo o que pode enxergar.

A imaginação transcende,

nos ajuda a interpretar.


4

Com Karel Kosik aprendi

a dialética do viver,

no “Concreto” ele mostrou

o humano em seu saber.

Entre o real e o sonhado,

o sentido vai nascer.


5

Ricoeur trouxe narrativa,

tempo e vida em união,

mostrando que imaginar

é criar interpretação.

Na ética e no relato

há memória e projeção.


6

E Damásio nos falou,

com ciência e emoção,

“Erro de Descartes” lembra

que razão tem coração.

O cérebro não caminha

sem sentir a inspiração.


7

Por fim, Varela e amigos,

Thompson e Rosch no pensar,

com “A Mente Corporificada”

nos convidam a escutar:

o corpo é mente também,

com o mundo a dialogar.


8

Essas fontes são sementes

que florescem no papel.

Sem elas não se faria

tão fecundo este cordel.

São raízes da palavra

que sustenta o nosso céu.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 









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