🌹 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico aos que sonham na beira do rio,
Que criam canções ao vento macio,
Aos que reinventam o passo do chão,
Tecendo o futuro na palma da mão.
Dedico aos anciãos que guardam memória,
E aos jovens que seguem criando a história.
Às crianças que erguem castelos no ar,
Que pintam estrelas sem medo sonhar,
Às vozes que cantam a vida e a lida,
Ao sonho que pulsa no ciclo da vida.
Dedico ao povo que em versos se ergue,
E à chama ancestral que o tempo não perde.
Ao Kariri-Xocó, raiz verdadeira,
Que é fonte da vida, canção derradeira,
Que guarda no peito a força da mente,
E mostra que o sonho é sempre presente.
Assim minha pena se faz oração,
E a imaginação se torna canção.
📑 ÍNDICE POÉTICO
Capítulo I – Filosofia em Movimento
Capítulo II – Ciência, Razão e Pensamento
Capítulo III – Metodologia em Cinco Caminhos
Capítulo IV – Oralidade e Escrita em Ninhos
Capítulo V – A Imaginação como Força Vital
Encerramento – Síntese Final
Epílogo Poético – Mensagem de Amor
Nota de Fontes – Referência em Louvor
🌟 ABERTURA
Convido o leitor a seguir comigo,
Num mundo encantado, num vasto abrigo,
Onde a imaginação abre a clareira,
Mostrando horizontes de forma inteira.
Aqui cada verso é chave e portal,
E o sonho é caminho do bem e do mal.
Pois todo saber tem limite e muro,
Mas o imaginar não conhece o escuro.
Eleva a pessoa, conduz a ação,
Cria universos de eterna invenção.
Na prosa ou na rima, no rastro e no chão,
O sonho é raiz da libertação.
🎭 PRÓLOGO POÉTICO
Einstein falou com vigor certeiro:
“A imaginação é o dom primeiro.
O saber é finito, tem fim e muralha,
Mas o sonho é fogo que o tempo não abala.”
Assim, meu cordel é ponte e ternura,
Que mostra o sonhar em sua estrutura.
Aqui vou falar de filosofia,
Do campo da ciência, da sabedoria,
Da mente que cria, da voz que conduz,
Do sonho que acende a chama da luz.
Por isso, leitor, se prepare a entrar,
No mundo fecundo que sabe sonhar.
📚 CAPÍTULOS
📖 CAPÍTULO I – FILOSOFIA DA IMAGINAÇÃO
(10 estrofes completas)
1
Na Grécia nasceu o pensar profundo,
E a mente buscou compreender o mundo.
Aristóteles disse: “a phantasia
Traduz sensação em pura poesia.”
Entre o ver e o pensar fez-se ponte sagrada,
E a alma criou sua estrada encantada.
2
Platão já falava do sonho e da arte,
De imagens que vivem em cada parte.
Se o mundo visível é sombra e aparência,
É no imaginar que se vê a essência.
Assim a filosofia em voz ressoava,
Mostrando que a mente no sonho habitava.
3
Kant veio depois, com rigor e razão,
Mostrou transcendência, mostrou direção.
Na mente há poder que organiza o vivido,
Transforma o concreto no ser compreendido.
É força que age além do sentido,
É chave do mundo, é guia do espírito.
4
O filósofo então nos faz perceber,
Que a mente é raiz do próprio saber.
Sem ela não há ciência ou canção,
Pois tudo começa no ato da imaginação.
A ponte da vida se ergue em clarão,
E o ser se constrói na pura invenção.
5
Ricoeur refletiu na seara da história,
Que o sonho constrói a ética e a memória.
Com “tempo e narrativa” teceu seu caminho,
Mostrando que o ser nunca anda sozinho.
Na trama simbólica, o sonho aparece,
E em cada cultura o povo enriquece.
6
Assim a filosofia, em voz ancestral,
Mostrou que sonhar é força vital.
Não é fantasia sem corpo ou raiz,
É trama da mente que torna feliz.
É ponte do ser, é vida, é visão,
É chama que arde em cada coração.
7
Do mito ao conceito, do rito à razão,
O sonho é presente em toda estação.
Seja na aldeia, na praça ou no lar,
É sempre a mente que sabe criar.
Na roda da vida, na lida comum,
O sonho é caminho de todos e algum.
8
Não é devaneio que voa sem chão,
É parte da vida, é pura expressão.
É força que cria, é raiz que conduz,
É chama que acende a vida com luz.
Assim filosofar é também sonhar,
E a imaginação é seu verbo no ar.
9
Aristóteles, Kant, Ricoeur a dizer,
Que a mente é farol do próprio viver.
Do mundo sensível ao mundo interior,
A ponte se faz com sonho e ardor.
Sem ela o pensar seria vazio,
Mas com ela o ser se torna macio.
10
E neste cordel que aqui construí,
Mostrei como o sonho sempre existiu.
Na base da vida, no chão do pensar,
É ele que ensina o ser a criar.
Assim, leitor, siga firme na estrada,
Pois toda razão é também sonhada.
📖 CAPÍTULO II – CIÊNCIA, RAZÃO E PENSAMENTO
1
No campo da ciência o saber despontou,
E a mente humana no mundo estudou.
Os sábios modernos buscaram provar,
Que o sonho na mente começa a pulsar.
Com testes, pesquisas e observação,
Desvendaram segredos da imaginação.
2
Damásio mostrou no seu pensamento,
Que razão e emoção têm cruzamento.
No cérebro unidos, em plena canção,
São laços da vida na criação.
A mente não sonha de forma isolada,
Ela é corpo vivo, é chama encarnada.
3
No campo da mente há fogo aceso,
Hipocampo guarda memória e peso.
O córtex frontal organiza a visão,
Traduz experiências em criação.
Assim o estudo mostrou claramente,
Que o sonho é ciência presente na gente.
4
Varela escreveu com Thompson também,
Rosch completou como sábio convém.
Disseram que a mente é corpo e ação,
Não vive sozinha no mundo em vão.
“A mente corporificada” ensinou,
Que corpo e cultura moldaram quem sou.
5
O cérebro, em parte, refaz o vivido,
E cria o futuro no não conhecido.
Sonhar é simular aquilo que vem,
É ensaiar passos que o tempo contém.
Na mente se esboça o que está por nascer,
E o sonho é o modo do ser se tecer.
6
Ciência confirma o que o povo sabia,
Que a mente inventa o que o corpo guia.
Que a fala e o gesto são fruto do pensar,
E o sonho prepara o agir e o criar.
Assim o estudo moderno revela,
Que o sonho é raiz da vida tão bela.
7
Do campo da arte ao chão da razão,
A mente trabalha em plena união.
Não há separação de frio e calor,
A emoção conduz a força e o ardor.
Por isso a ciência hoje confirma,
Que o sonho é raiz de toda rima.
8
O saber humano é sempre finito,
Mas o imaginar é campo infinito.
Por isso o cientista, no seu labor,
Encontra no sonho a força e o vigor.
O dado concreto precisa de guia,
E o sonho é quem traz essa poesia.
9
Assim descobrimos, com voz verdadeira,
Que a mente é estrada, é fonte primeira.
Sem sonho não há ciência ou cultura,
Pois nele reside a força mais pura.
É laço profundo de vida e saber,
É fogo que nasce no nosso viver.
10
Encerrando este canto da ciência e razão,
Mostro que o sonho é pura invenção.
É ponte que liga futuro e passado,
É força que une o ser encarnado.
Na mente do homem, no povo e no chão,
O sonho é ciência, raiz e canção.
📖 CAPÍTULO III – METODOLOGIA EM CINCO CAMINHOS
1
O sonho começa com simples faísca,
Um som ou palavra, visão que petisca.
Pode ser lembrança, pode ser canção,
Que nasce no peito e acende o clarão.
Assim é o início da imaginação,
Primeira etapa da criação.
2
Do estímulo nasce a imagem guardada,
Que a mente combina de forma encantada.
São cenas e cores que vão se juntar,
Desejos e falas começam dançar.
É tela pintada na mente febril,
Que forma castelos num vasto Brasil.
3
Na etapa segunda o desenho se faz,
A mente organiza, dá forma e paz.
As imagens soltas se unem em trama,
E o sonho do homem em canto se inflama.
São símbolos vivos que pedem ação,
E guiam o rumo da imaginação.
4
Na terceira etapa o pensar estrutura,
E o mundo simbólico vira escritura.
Nasce personagem, conceito ou canção,
Que o povo escuta em plena paixão.
É força do verbo, é mapa da estrada,
É voz organizada de forma ordenada.
5
Depois vem o tempo de comunicação,
De dar corpo e gesto à imaginação.
Em fala, em pintura, em livro ou cordel,
Em dança, em canção ou em papel.
Assim se transforma o pensar interior,
Em obra concreta de vida e vigor.
6
A quarta etapa, portanto, é mostrar,
Ao mundo inteiro o que há de criar.
Seja invenção, seja arte ou poema,
É vida que pulsa, é força suprema.
A mente não guarda só para si,
Mas abre caminho do sonho que vi.
7
Na quinta etapa há retroalimentar,
Pois todo caminho precisa voltar.
A obra criada recebe atenção,
Crítica, resposta, reflexão.
E a mente refaz o que foi sonhado,
Com nova roupagem, melhorado.
8
É ciclo constante que nunca termina,
Do sonho que nasce à vida que ensina.
Pois toda criação precisa revisão,
Que afina a mente e molda a canção.
Assim cada passo é roda que gira,
E a imaginação mais alto se inspira.
9
Cinco são os passos, caminho seguro,
Que fazem do sonho presente e futuro.
Do estímulo vivo à crítica final,
A mente trabalha em ritmo vital.
Assim a cultura, em voz e memória,
Se ergue no povo e cria a história.
10
Concluo este canto mostrando o valor,
De cada caminho do sonho criador.
Que o povo perceba, que o mundo entenda,
Que a mente é roda que nunca se prenda.
Na arte ou na vida, no gesto ou na ação,
São cinco caminhos da imaginação.
📜 Capítulo IV – Oralidade, Escrita e Cotidiano
1
No tempo dos ancestrais,
a palavra era tesouro,
guardada em boca e ouvido,
mais preciosa que o ouro.
Na fogueira da lembrança,
a memória tinha decoro.
2
Era a voz quem narrava
as histórias do viver,
ensinava a tradição,
o plantar e o colher,
e no canto dos mais velhos
se aprendia o saber.
3
Com o correr das idades
a escrita então nasceu,
no barro, couro ou papiro
seu registro floresceu.
O que antes era vento,
em permanência se fez.
4
A oralidade resiste,
mesmo após o pergaminho,
pois a voz tem o calor
de um caminho mais vizinho.
É no gesto e no olhar
que o saber segue o seu trilho.
5
Do cordel ao calendário,
da cantiga ao folheto,
o povo cria memória
com o verso em cada teto.
E no fio da poesia
se eterniza o concreto.
6
A escrita cria distância,
mas também pode unir,
permite ao tempo futuro
os segredos transmitir.
É a ponte que nos leva
a mundos por descobrir.
7
No cotidiano simples
do sertão ou da cidade,
a palavra é ferramenta
de esperança e liberdade.
O falar se faz cultura,
o escrever: identidade.
8
Quem conta, conta a si mesmo,
mesmo em versos de outro irmão.
Na cantiga ou no cordel,
há um reflexo da nação.
É a voz que eterniza
as lutas do coração.
9
Oralidade e escrita
não são rivais, mas irmãs.
Uma sopra os sentimentos,
a outra os guarda nas mãos.
Juntas formam um caminho
com raízes muito sãs.
10
E assim no cotidiano,
seja em livro ou no falar,
a imaginação floresce,
ensina a sonhar e amar.
Pois a voz e a palavra
são sementes do pensar.
📜 Capítulo V – A Imaginação como Força Vital
1
A imaginação é chama
que arde dentro do peito,
não se compra, não se vende,
mas sustenta o nosso jeito.
É raiz da liberdade,
é viver em pleno direito.
2
Com ela o homem constrói
pontes, casas, invenções,
navega mares distantes,
descobre novas nações.
É no sonho que florescem
as mais nobres criações.
3
Foi da mente imaginada
que nasceu o avião,
foi do sonho de um poeta
que brotou a inspiração,
e da fé de um povo inteiro
surgiu festa e tradição.
4
A ciência se alimenta
da centelha do sonhar,
sem ideia não existe
o impulso pra criar.
É no campo do impossível
que o futuro vem brotar.
5
O artista faz do traço
um portal de outro lugar,
o cantor faz da cantiga
um caminho pra voar,
e o povo em seus folguedos
faz cultura germinar.
6
Quem não sonha se entristece,
se acorrenta à solidão,
pois sem asas da esperança
não se move a direção.
A imaginação é força,
é remédio do coração.
7
Mesmo em tempos de opressão
onde a dor quer dominar,
o povo inventa saídas
pra seguir e pra lutar.
Oprimidos sonham mundos
que um dia irão chegar.
8
Da criança até o velho
todo ser traz no olhar
esse sopro criativo
que só sabe libertar.
É no sonho compartilhado
que se aprende a caminhar.
9
Imaginar é resistir,
é plantar vida no chão,
é tecer futuros novos
com as linhas da emoção.
É manter-se sempre erguido
contra a dor e a opressão.
10
E assim fechamos o canto
do poder tão essencial:
sem a luz da fantasia
não há vida universal.
Pois a imaginação, irmãos,
é do homem força vital.
📜 Encerramento
1
Assim finda a caminhada,
nos caminhos da razão,
onde o sonho foi regado
pela voz da tradição.
O cordel virou ponteira,
foi memória e coração.
2
Da filosofia antiga
à ciência em cada andar,
da oralidade ao livro
que insiste em nos guardar,
tudo mostra que o homem
é chamado a imaginar.
3
Entre versos e conceitos,
a cultura se constrói,
na palavra que é memória
e no gesto que não se rói.
Pois o povo que imagina
se renova e não se destrói.
4
E se aqui o fim se escreve,
não é fim, mas continuação,
pois o livro só se fecha
para abrir outra canção.
A semente da leitura
vai brotar noutra estação.
📜 Epílogo Poético
1
Leitor que chegou ao fim,
guarde em si esta centelha:
a imaginação liberta,
é tesouro, é grande estrela.
Ela guia todo o mundo
como mãe, farol e vela.
2
Não se esqueça que o sonho
é raiz de toda ação,
pois sem asas do desejo
não há vida nem canção.
Quem imagina constrói
os alicerces da nação.
3
Seja o verso ou seja o gesto,
seja o riso ou seja a dor,
tudo nasce do poder
dessa força criadora.
A imaginação é rio,
é fonte transformadora.
4
E assim deixo meu cordel,
feito em rima, amor e chão,
como oferenda sagrada
da memória em oração.
Que inspire novos caminhos,
sempre em fé e união.
📜 Nota de Fontes
1
Para firmar este chão,
que em versos aqui se fez,
cito mestres e saberes
que iluminaram talvez.
São raízes do cordel,
memória em sua altivez.
2
Aristóteles tão antigo,
com “Da Alma” a refletir,
mostrou que a imaginação
nos ajuda a construir.
Na ponte entre o pensar
e o sentir a existir.
3
De Kant veio a razão,
na “Crítica” a clarear,
a mente que organiza
tudo o que pode enxergar.
A imaginação transcende,
nos ajuda a interpretar.
4
Com Karel Kosik aprendi
a dialética do viver,
no “Concreto” ele mostrou
o humano em seu saber.
Entre o real e o sonhado,
o sentido vai nascer.
5
Ricoeur trouxe narrativa,
tempo e vida em união,
mostrando que imaginar
é criar interpretação.
Na ética e no relato
há memória e projeção.
6
E Damásio nos falou,
com ciência e emoção,
“Erro de Descartes” lembra
que razão tem coração.
O cérebro não caminha
sem sentir a inspiração.
7
Por fim, Varela e amigos,
Thompson e Rosch no pensar,
com “A Mente Corporificada”
nos convidam a escutar:
o corpo é mente também,
com o mundo a dialogar.
8
Essas fontes são sementes
que florescem no papel.
Sem elas não se faria
tão fecundo este cordel.
São raízes da palavra
que sustenta o nosso céu.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
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