segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O MUNDO DOS KARIRI-XOCÓ: HISTÓRIA, CULTURA E RESISTÊNCIA EM CORDEL, Por Nhenety Kariri-Xocó - Capítulos V - VIII

 




V CAPÍTULO — O Colégio dos Jesuítas e a Resistência do Povo da Serra


Antônio Souto de Macedo

Foi o poderoso fazendeiro

Deu a N. Srª da Conceição

Algo além do ouro dinheiro

Fazenda Urubumirim 1675

Foi entregue pelo romeiro.


A Residência Urubumirim

Anexa ao colégio inaciano

O centro da evangelização

Índio bravo seria cotidiano

Pelos costumes europeus

Em dezembro festa do ano.


O Kariri residente da colina

Na aldeia antiga tradicional

Neste o Morro Alto do Bode

Uma Lagoa Comprida vicinal

Floresta do Ouricuri Sagrado

Atravessou o tempo original.


A comunidade foi levada

De seu lar nativo querido

Para a Missão do Colégio

O índio fugiam escondido

Dentro a Floresta Sagrada

Ritual em segredo mantido.


Com as tribos reunidas

Centro da catequização

No colégio dos jesuítas

Ensinava ofício e oração

Apagar a cultura do índio

Como também a tradição.


Os índios ficaram morando

Ao redor da Igreja da santa

Sob vigilância dos jesuítas

Rezava com direito a janta

Para obrigar eles trabalhar

As vantagens não era tanta.


Aldeia tradicional redonda

Por eles logo abandonada

As ocas coletivas de palha

Agora seria casa separada

Cada família recebeu uma

Por esta forma organizada.


A língua nativa substituída

Pelo idioma do português

Índio deixaria os costumes

Para tornar-se um burguês

Morar ao redor da paróquia

Pois o nativo já era freguês.


Governador de Pernambuco

Sebastião de Castro Caldas

No dia 1º de janeiro de 1708

Doou as terras demarcadas

Aldeias Colégio e o São Brás

Seriam as duas beneficiadas.


VI CAPÍTULO — A Expulsão dos Jesuítas e o Retorno ao Ouricuri Sagrado


Mas as terras era dos índios

Destas duas aldeias secular

Com os jesuítas arrendando

Os colonizadores após pagar

Todo dinheiro foi arrecadado

A igreja sua fortuna aumentar.


Passando quase 200 anos

Que os jesuítas aqui chegou

Igreja com mais 11 fazendas

Colégio Urubumirim enricou

Foi diante de tantas riquezas

No ano 1759 tudo terminou.


Este 1º Ministro Português

Seria o Marquês de Pombal

Um chefe da administração

Certa forma Coroa Imperial

Que expulsa padres jesuítas

Por todo esse Brasil Colonial.


Com este Colégio jesuítico

Diante seria muita pressão

Padres João Batista como

O Nicolau Botelho na prisão

Foram escoltados a Olinda

Deixaram Colégio a missão.


Em 1760 criada a Freguesia

No poder local portugueses

O índio saiu da praça central

Colonizadores os interesses

Os nativos ficou na periferia

Depois desses longos meses.


Em 1795 criado o Distrito

Quando seria denominado

Para Porto Real do Colégio

Aldeamento transformado

Chegando os portugueses

Transformado no povoado.


O Pajé Luduvico dos Kariris

No período de conturbação

Que mudou o local do ritual

Por causa dessa civilização

A Taba do Ouricuri Sagrado

Bem longe de toda ambição.


Na colina entre florestas

Neste Alto do Bode antigo

A aldeia tradicional mudou

Para longe de todo o perigo

Num pé de angico frondoso

Distante ao norte do inimigo.


VII CAPÍTULO — O Diretório dos Índios e a Ordem do Império


Marquês de Pombal 1798

Com nativos emancipados

Criou o Diretório dos Índios

Elevando vila de civilizados

Administração de um diretor

Aqueles os povos aldeados.


A Vila de Penedo abrangia

Uma vasta região alagoana

Do litoral Sul ao rio Moxotó

Na margem Sanfranciscana

Os povoados e aldeamentos

A sua administração urbana.


Em Porto Real do Colégio

No distrito foi militarizado

O povoado capitães mores

Com indígenas e civilizado

Índio Capitão Pedro Lolaço

Foi nativo bem hierarquizado.


Ele chefiava várias aldeias

Segundo alegava a tradição

Acalmou as várias revoltas

Pelos Kariri com sua nação

Ainda assim seria lembrado

Nos arredores e população.


Englobava as localidades

O território do aldeamento

Incluindo os rios e serras

Por um certo ordenamento

Administrada pelo Distrito

Em nome do povoamento.


Cada povoado um capitão

Por toda a região adjacente

Em 1817 Alagoas Província

Passando a ter um presidente

Que pertencia a Pernambuco

Mas agora ser independente.


A administração dos índios

Estava a cargo de um diretor

Aqui o José de Santana Reis

Para os nativos seu protetor

Aldeia Porto Real do Colégio

No ano 1822 a história relator.


Um fato muito importante

Contada pela tradição oral

Chegando com D. Pedro II

O Colégio vem família real

O dia 16 de outubro de 1859

Visita da Majestade Imperial.


No maracá Manoel Baltazar

O pajé da Aldeia de Colégio

Teve a festa e toré na praça

Com toda honra do privilégio

Concedida doação o dinheiro

Pelo rei no seu tesouro régio.


VIII CAPÍTULO — Guerreiros do Opará e o Tempo da Discriminação


Em viagem a Paulo Afonso

Imperador deixou povoação

Logo subiu no navio a vapor

No rio iniciando continuação

Visitando outros ribeirinhos

Como o chefe dessa nação.


As coisas não estavam boas

Terras destes aldeamentos

Toda Província de Alagoas

Discriminações e lamentos

Por Assembleia Legislativa

Com índios os sofrimentos.


Nesta capital da Província

Os índios com Diretor Geral

Que administrava oito aldeias

Em cada uma diretor parcial

O dinheiro dos aldeamentos

Guardava tesouro provincial.


Acontece Guerra Paraguaia

Pelo Brasil então declarada

D. Pedro II e o Solano López

No Paraguai 1864 deflagrada

Alagoas também participou

Com essa luta desesperada.


Índios Voluntários da Pátria

Nos Batalhões incorporados

Convocados pelos diretores

Nesta guerra como soldados

Muitos até morreram lutando

Outros ficaram abandonados.


O dia 1º de março de 1870

Guerra Paraguaia terminou

Brasil sai como o vitorioso

Alguns índios assim voltou

Aldeias ficam abandonadas

Mas na esperança retornou.


O Firmino José dos Santos

Seria um alferes respeitado

Era o índio da Aldeia Colégio

Na valentia fez ele afamado

Lutou na Guerra do Paraguai

Para os Kariris muito amado.


No dia 17 de julho de 1873

Os aldeamentos alagoanos

Foi declarada sua extinção

Discriminados durante anos

Por Presidente da Província

Nos seus atos desumanos.


Na política discriminatória

Por ponto de vista jurídico

Mas os índios ainda vivem

Os caboclos do Velho Chico

Ficariam na rua e periferia

Desde o tempo de Ludovico.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 





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