quarta-feira, 8 de outubro de 2025

O REINO DO FORRÓ, Literatura de Cordel, Por Nhenety Kariri-Xocó, Capítulos I - IV





🌹 Dedicatória Poética


Dedico ao chão nordestino,

De poeira e coração,

Ao povo que faz da dor

Um hino, uma canção.

Ao Gonzagão rei dos sons,

Que elevou nossa nação.


Dedico aos velhos sanfoneiros,

Aos poetas do sertão,

A quem pisa o terreiro

E faz festa de oração.

Ao povo Kariri-Xocó,

Herança, força e paixão!



📜 Índice Poético


Capítulo I: Das Origens Lusitanas ao Fogo do Arraial


Capítulo II: Da Quadrilha Francesa ao Forrobodó Nordestino


Capítulo III: Do Império à República: A Dança do Sertão e o Som do Povo


Capítulo IV: O Reinado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião


Capítulo V: O Sertão Consagrado e a Fé do Povo Nordestino


Capítulo VI: Reis e Rainhas do Forró: Vozes que Encantam o Brasil


Capítulo VII: Asa Branca e a Eternidade do Rei do Baião


Capítulo VIII: O Forró Moderno e a Eternização da Cultura Nordestina



🌅 Abertura


Entre o som da zabumba,

E o sopro do velho pífano,

Ergue-se o reino do forró

Num compasso tão magnífico!

Da serra ao pé do sertão,

Sobe a voz do povo místico.


É festa, é fé, é coragem,

É suor de cada artista.

No rastro da tradição

A sanfona é catequista!

Canta o chão nordestino

Nessa obra realista.


🌾 Prólogo Poético


Nas veredas da memória,

Luiz Gonzaga é farol.

Deu voz à história do povo,

Fez do sertão um arrebol.

Do chão árido e sofrido

Surgiu o seu girassol.


O forró é mais que festa,

É vida, é fé, é união,

É canto que cura a alma,

É hino do coração.

Quem dança no seu compasso,

Entende a alma do chão.



Capítulo I: Das Origens Lusitanas ao Fogo do Arraial



Nossa música junina chegou

Desde este período colonial

Os festejos do mês de junho

Celebradas com o cerimonial

Santo Antônio, São João e o

São Pedro fogueira no arraial.


A Galiza e norte de Portugal

Num elo semântico forbodó

Na dança o golpe de bumbo

Para o nordestino forrobodó

Origem da Península Ibérica

Que nesse Brasil virou xodó.


Surgiram desde século XVI

Com jesuítas na celebração

Essas escolas os indígenas

Para seguir a comemoração

Música espalhou pelo Brasil

Houve uma grande aceitação.


Na sanfona, triângulo como

Reco-reco base portuguesa

Foram trazidos para o Brasil

Mas seria a classe burguesa

As roupas caipira ou saloias

No foguetório com luz acesa.


O ano de 1603 como falou

Segundo Frei São Salvador

Índio amigo das novidades

Que amavam no esplendor

Com foguetes estrondosos

Trazidos pelo conquistador.


Elevação Brasil a Vice-Reino

Em 1763 mudando da capital

De Salvador ao Rio de Janeiro

A nomeação Capitão-General

Conde Antônio Alves da Cunha

Término do Governador-Geral.


Portugueses trazem da Ásia

Papéis coloridos a decoração

Dos enfeites com bandeirolas

Para animar a comemoração

Belos balões subindo ao céu

Por aqui tiveram a adequação.


Um Brasil agora era um reino

Está chegando Família Real

Da Europa veio com requinte

Por no costume internacional

Passado o momento novidade

Modificando todo tradicional.


Temos a quadrilha brasileira

Originada no salão de dança

Chegando da França o voga

Quatro os pares a confiança

De seu nome seria quadrille

Tornando-se essa festança.



Capítulo II: Da Quadrilha Francesa ao Forrobodó Nordestino



A quadrilha se popularizou

Contudo danças brasileiras

Aumentou número de pares

Expostas entre duas fileiras

Nesses ritmos os franceses

Iluminadas pelas fogueiras.


Pernambuco com forrobodó

Conhecidos bailes populares

Forrobodão ou forrobodança

Chegando por todos os lares

Foi nesse final do século XIX

Dançando agarrado aos pares.


Já iniciando todo século XX

Britânicos com engenheiros

Na ferrovia do Great Western

Promovendo bailes primeiros

Nordestinos chamam “forró”

Com zabumba e sanfoneiros.


Esta a língua inglesa for all

Para todos num significado

Originado o seu nome forró

Esse jeitinho tão modificado

Por todo o sertão nordestino

Recebendo assim certificado.


Quando falamos em forró

Animação que lembramos

Período das festas juninas

São João que celebramos

São Pedro reino da alegria

Apaixonados nós ficamos.


Acontece todo mês de junho

Recebendo o nome de junina

De Portugal chega ao Brasil

Inicialmente entedia joanina

Na causa festejava São João

Dançando mulher e menina.


Cultura do forró nordestino

No “pé de serra” conhecido

Das belas festas do Interior

São João fica adormecido

Assim diz a lenda do santo

Que não sabe do acontecido.


Na época propícia do milho

Da comida típica da tradição

Canjica, pamonha e munguzá

Quem tem a maior condição

Com pipoca, bolo na culinária

Até pode comer sem restrição.


Fogos artifício na celebração

Acendendo tição na fogueira

Começando na boca da noite

Traques, bombas e roqueira

Fumaça no cheiro da pólvora

Vem da mulher bacamarteira.



Capítulo III: Do Império à República: A Dança do Sertão e o Som do Povo



O Reino Monástico passou

Agora a República Brasileira

Nascem outras magestades

No mundo cultura forrozeira

Por todo o sertão nordestino

Do som xaxado da cabroeira.


Nesse nordeste brasileiro

Forró gêneros e categorias

Com xote, baião e xaxado

Compondo suas alegorias

Trajes típicos do sertanejo

Apresenta várias cantorias.


Tantos os que apareceram

Luiz Gonzaga o seu reinado

Conquistando Brasil inteiro

Com seu bom baião afinado

Tocava a sanfona e cantava

Desse forró melhor arretado.


Na Fazenda Caiçara em Exu

Nesse sertão Pernambucano

Onde nasceu o Luiz Gonzaga

Foi dezembro de 1912 o ano

Nesse dia 13 de Santa Luzia

Portanto era um sagitariano.


Igreja de São João Batista

Menino portanto batizado

Nesta bela Fazenda Araripe

Onde tudo seria oficializado

Nas terras do Barão de Exu

Com fato mais concretizado.


Nesse São João do Araripe

O único com a sua tradição

A festa do padroeiro junino

Mobiliza toda a vasta região

Na Igrejinha desta fazenda

Em noite da comemoração.


Este Luiz Gonzaga cresceu

Arredores das propriedades

Pertencentes ao antigo Barão

Trabalhando com dificuldades

Seus pais Januário e Santana

Bem distantes outras cidades.


O Luiz Gonzaga toca sanfona

Substitui Januário sanfoneiro

Seu pai não pode comparecer

Nascendo o grande forrozeiro

Ano 1920 conhecido na região

Cantando e ganhando dinheiro.


Luiz Gonzagão no ano 1926

Primeira sanfona comprada

Atuou na cidade de Ouricuri

A sua arte profissionalizada

Com seu instrumento na mão

Enfrentando qualquer parada.



Capítulo IV: O Reinado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião



O Gonzaga como sanfoneiro

Cantou religiosidade popular

Alegrando as festas juninas

Fazendo todo o mundo pular

Sempre os forrós pé-de-serra

Música deste artista circular.


Luiz Gonzaga foge de casa

Correndo chegando o Crato

Isso ocorreu o ano de 1929

Parece está saindo do mato

Conhecendo o mundo todo

Jamais temer este puro ato.


Cantou tristezas e injustiças

Das terras áridas o nordeste

Mostrando ao resto do país

O sertão do cabra da peste

Seus costumes e tradições

No Brasil vai lá ao sudeste.


Na Rádio Tupi o ano 1940

Programa de Ary Barroso

Gonzagão toca e compõe

Na música todo fervoroso

Canta o sertão nordestino

Porque ele foi tão teimoso.


A certa gravação da Victor

Chamado maior sanfoneiro

Do nordeste o ano de 1941

No Brasil sendo o primeiro

Fama começando espalhar

Vestia roupa de cangaceiro.


Dança Mariquinha em 1945

Grava o 25º disco da carreira

Ele era cantor e o sanfoneiro

Alguns artistas teve ciumeira

Luiz Gonzaga seria predileto

Tocando muito na gemedeira.


O Lula visita sua terra Natal

Após uns 16 anos ausente

Chegando na casa dos pais

Agora que estava presente

Foi tocado um forró danado

Acordou toda aquela gente.


Luiz Gonzaga o ano 1947

Adotou o chapéu de couro

Assemelha ao de Lampião

Alegorias brilha como ouro

Gibão o vaqueiro do sertão

Promessa do ano vindouro.


Na origem de seu reinado

O ano 1951 a consagração

Por todo mundo aclamado

Luiz Gonzaga Rei do Baião

Humberto Teixeira o Doutor

Por sua arte e composição.



Autor: Nhenety Kariri-Xocó 




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