🌹 Dedicatória Poética
Dedico ao chão nordestino,
De poeira e coração,
Ao povo que faz da dor
Um hino, uma canção.
Ao Gonzagão rei dos sons,
Que elevou nossa nação.
Dedico aos velhos sanfoneiros,
Aos poetas do sertão,
A quem pisa o terreiro
E faz festa de oração.
Ao povo Kariri-Xocó,
Herança, força e paixão!
📜 Índice Poético
Capítulo I: Das Origens Lusitanas ao Fogo do Arraial
Capítulo II: Da Quadrilha Francesa ao Forrobodó Nordestino
Capítulo III: Do Império à República: A Dança do Sertão e o Som do Povo
Capítulo IV: O Reinado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
Capítulo V: O Sertão Consagrado e a Fé do Povo Nordestino
Capítulo VI: Reis e Rainhas do Forró: Vozes que Encantam o Brasil
Capítulo VII: Asa Branca e a Eternidade do Rei do Baião
Capítulo VIII: O Forró Moderno e a Eternização da Cultura Nordestina
🌅 Abertura
Entre o som da zabumba,
E o sopro do velho pífano,
Ergue-se o reino do forró
Num compasso tão magnífico!
Da serra ao pé do sertão,
Sobe a voz do povo místico.
É festa, é fé, é coragem,
É suor de cada artista.
No rastro da tradição
A sanfona é catequista!
Canta o chão nordestino
Nessa obra realista.
🌾 Prólogo Poético
Nas veredas da memória,
Luiz Gonzaga é farol.
Deu voz à história do povo,
Fez do sertão um arrebol.
Do chão árido e sofrido
Surgiu o seu girassol.
O forró é mais que festa,
É vida, é fé, é união,
É canto que cura a alma,
É hino do coração.
Quem dança no seu compasso,
Entende a alma do chão.
Capítulo I: Das Origens Lusitanas ao Fogo do Arraial
Nossa música junina chegou
Desde este período colonial
Os festejos do mês de junho
Celebradas com o cerimonial
Santo Antônio, São João e o
São Pedro fogueira no arraial.
A Galiza e norte de Portugal
Num elo semântico forbodó
Na dança o golpe de bumbo
Para o nordestino forrobodó
Origem da Península Ibérica
Que nesse Brasil virou xodó.
Surgiram desde século XVI
Com jesuítas na celebração
Essas escolas os indígenas
Para seguir a comemoração
Música espalhou pelo Brasil
Houve uma grande aceitação.
Na sanfona, triângulo como
Reco-reco base portuguesa
Foram trazidos para o Brasil
Mas seria a classe burguesa
As roupas caipira ou saloias
No foguetório com luz acesa.
O ano de 1603 como falou
Segundo Frei São Salvador
Índio amigo das novidades
Que amavam no esplendor
Com foguetes estrondosos
Trazidos pelo conquistador.
Elevação Brasil a Vice-Reino
Em 1763 mudando da capital
De Salvador ao Rio de Janeiro
A nomeação Capitão-General
Conde Antônio Alves da Cunha
Término do Governador-Geral.
Portugueses trazem da Ásia
Papéis coloridos a decoração
Dos enfeites com bandeirolas
Para animar a comemoração
Belos balões subindo ao céu
Por aqui tiveram a adequação.
Um Brasil agora era um reino
Está chegando Família Real
Da Europa veio com requinte
Por no costume internacional
Passado o momento novidade
Modificando todo tradicional.
Temos a quadrilha brasileira
Originada no salão de dança
Chegando da França o voga
Quatro os pares a confiança
De seu nome seria quadrille
Tornando-se essa festança.
Capítulo II: Da Quadrilha Francesa ao Forrobodó Nordestino
A quadrilha se popularizou
Contudo danças brasileiras
Aumentou número de pares
Expostas entre duas fileiras
Nesses ritmos os franceses
Iluminadas pelas fogueiras.
Pernambuco com forrobodó
Conhecidos bailes populares
Forrobodão ou forrobodança
Chegando por todos os lares
Foi nesse final do século XIX
Dançando agarrado aos pares.
Já iniciando todo século XX
Britânicos com engenheiros
Na ferrovia do Great Western
Promovendo bailes primeiros
Nordestinos chamam “forró”
Com zabumba e sanfoneiros.
Esta a língua inglesa for all
Para todos num significado
Originado o seu nome forró
Esse jeitinho tão modificado
Por todo o sertão nordestino
Recebendo assim certificado.
Quando falamos em forró
Animação que lembramos
Período das festas juninas
São João que celebramos
São Pedro reino da alegria
Apaixonados nós ficamos.
Acontece todo mês de junho
Recebendo o nome de junina
De Portugal chega ao Brasil
Inicialmente entedia joanina
Na causa festejava São João
Dançando mulher e menina.
Cultura do forró nordestino
No “pé de serra” conhecido
Das belas festas do Interior
São João fica adormecido
Assim diz a lenda do santo
Que não sabe do acontecido.
Na época propícia do milho
Da comida típica da tradição
Canjica, pamonha e munguzá
Quem tem a maior condição
Com pipoca, bolo na culinária
Até pode comer sem restrição.
Fogos artifício na celebração
Acendendo tição na fogueira
Começando na boca da noite
Traques, bombas e roqueira
Fumaça no cheiro da pólvora
Vem da mulher bacamarteira.
Capítulo III: Do Império à República: A Dança do Sertão e o Som do Povo
O Reino Monástico passou
Agora a República Brasileira
Nascem outras magestades
No mundo cultura forrozeira
Por todo o sertão nordestino
Do som xaxado da cabroeira.
Nesse nordeste brasileiro
Forró gêneros e categorias
Com xote, baião e xaxado
Compondo suas alegorias
Trajes típicos do sertanejo
Apresenta várias cantorias.
Tantos os que apareceram
Luiz Gonzaga o seu reinado
Conquistando Brasil inteiro
Com seu bom baião afinado
Tocava a sanfona e cantava
Desse forró melhor arretado.
Na Fazenda Caiçara em Exu
Nesse sertão Pernambucano
Onde nasceu o Luiz Gonzaga
Foi dezembro de 1912 o ano
Nesse dia 13 de Santa Luzia
Portanto era um sagitariano.
Igreja de São João Batista
Menino portanto batizado
Nesta bela Fazenda Araripe
Onde tudo seria oficializado
Nas terras do Barão de Exu
Com fato mais concretizado.
Nesse São João do Araripe
O único com a sua tradição
A festa do padroeiro junino
Mobiliza toda a vasta região
Na Igrejinha desta fazenda
Em noite da comemoração.
Este Luiz Gonzaga cresceu
Arredores das propriedades
Pertencentes ao antigo Barão
Trabalhando com dificuldades
Seus pais Januário e Santana
Bem distantes outras cidades.
O Luiz Gonzaga toca sanfona
Substitui Januário sanfoneiro
Seu pai não pode comparecer
Nascendo o grande forrozeiro
Ano 1920 conhecido na região
Cantando e ganhando dinheiro.
Luiz Gonzagão no ano 1926
Primeira sanfona comprada
Atuou na cidade de Ouricuri
A sua arte profissionalizada
Com seu instrumento na mão
Enfrentando qualquer parada.
Capítulo IV: O Reinado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
O Gonzaga como sanfoneiro
Cantou religiosidade popular
Alegrando as festas juninas
Fazendo todo o mundo pular
Sempre os forrós pé-de-serra
Música deste artista circular.
Luiz Gonzaga foge de casa
Correndo chegando o Crato
Isso ocorreu o ano de 1929
Parece está saindo do mato
Conhecendo o mundo todo
Jamais temer este puro ato.
Cantou tristezas e injustiças
Das terras áridas o nordeste
Mostrando ao resto do país
O sertão do cabra da peste
Seus costumes e tradições
No Brasil vai lá ao sudeste.
Na Rádio Tupi o ano 1940
Programa de Ary Barroso
Gonzagão toca e compõe
Na música todo fervoroso
Canta o sertão nordestino
Porque ele foi tão teimoso.
A certa gravação da Victor
Chamado maior sanfoneiro
Do nordeste o ano de 1941
No Brasil sendo o primeiro
Fama começando espalhar
Vestia roupa de cangaceiro.
Dança Mariquinha em 1945
Grava o 25º disco da carreira
Ele era cantor e o sanfoneiro
Alguns artistas teve ciumeira
Luiz Gonzaga seria predileto
Tocando muito na gemedeira.
O Lula visita sua terra Natal
Após uns 16 anos ausente
Chegando na casa dos pais
Agora que estava presente
Foi tocado um forró danado
Acordou toda aquela gente.
Luiz Gonzaga o ano 1947
Adotou o chapéu de couro
Assemelha ao de Lampião
Alegorias brilha como ouro
Gibão o vaqueiro do sertão
Promessa do ano vindouro.
Na origem de seu reinado
O ano 1951 a consagração
Por todo mundo aclamado
Luiz Gonzaga Rei do Baião
Humberto Teixeira o Doutor
Por sua arte e composição.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Nenhum comentário:
Postar um comentário