CONTRACAPA
🌺 DEDICATÓRIA POÉTICA
Dedico ao Sol da verdade,
E à Lua, fonte da calma,
Aos povos de antiguidade
Que escutam com fé na alma.
À aldeia, que é poesia,
E à voz da sabedoria!
📖 ÍNDICE POÉTICO
Abertura – O Canto da Criação
Prólogo Poético – A Luz que Desce dos Céus
Capítulo I – Os Sete Anciãos Celestes
Capítulo II – O Envio de Tupãmirim
Capítulo III – Os Mestres da Natureza
Capítulo IV – Os Espíritos da Terra
Capítulo V – A Criação da Maraca
Capítulo VI – As Sementes Viram Crianças
Capítulo VII – O Surgimento de Kunhã Yacy
Capítulo VIII – O Encontro do Sol e da Lua
Capítulo IX – O Canto da Harmonia
Capítulo X – O Legado dos Primeiros
Encerramento – A Voz da Terra
Epílogo Poético – O Retorno ao Céu
Nota de Fontes – Fontes em Versos
🌅 ABERTURA – O CANTO DA CRIAÇÃO
Canta o vento na floresta,
E o trovão responde ao mar,
Todo o mundo se manifesta,
Quando o Sol vem clarear.
É o tempo dos ancestrais,
Que ensinam os filhos mais.
Da pedra brota o segredo,
Do rio vem a lição,
Do fogo nasce o degredo,
Da lua, a inspiração.
É Tupã que tudo enlaça,
No som sagrado que passa.
🌠 PRÓLOGO POÉTICO – A LUZ QUE DESCE DOS CÉUS
Veio um brilho lá do alto,
Sobre o verde do sertão,
Era o rastro de um relâmpago
Com mensagem e missão.
Sete anciãos o enviaram,
E os ventos o anunciaram.
Tupãmirim foi chamado,
Por Tupã, o Criador,
Para ser iluminado
E semear novo amor.
Com asas de pura chama,
Trouxe o poder da pajelança.
🪶 CAPÍTULO I – OS SETE ANCIÃOS CELESTES
No silêncio das alturas,
Onde o trovão faz morada,
Brilham sete criaturas
De luz azul consagrada.
São velhos de grande ciência,
Os guardiões da existência.
Em assembleia sagrada,
Conversam sob o luar,
Pois a Terra inacabada
Pede a força do altar.
“Mandemos nosso emissário,
Com poder extraordinário.”
Cada um sopra um segredo,
No vento que gira e vai,
Um dá o fogo e o degredo,
Outro o canto que traz paz.
Um dá as águas do rio,
Outro o sopro do arrepio.
Da montanha veio a força,
Da estrela, a direção,
Do relâmpago, a corça,
Do trovão, a vibração.
E o último ancião, bondoso,
Deu-lhe o canto melodioso.
“Desce, filho, à terra viva,
O teu nome é Tupãmirim,
És centelha criativa,
Sopro eterno e sem fim.
Aprende o que é ser chão,
Sem perder tua missão.”
E o jovem, de luz dourada,
Com asas de Sol e luar,
Deixou a morada sagrada
Para a Terra visitar.
Descendo em raio de encanto,
Transformou-se em canto e pranto.
O mundo, ao ver sua vinda,
Vibrou na mata e no mar,
O vento soprou bem-vindo,
O rio veio o saudar.
E as árvores, em louvação,
Balançavam na oração.
Nasceu a aurora mais pura,
Fez-se o clarão de Tupã,
E o mundo, cheio de altura,
Cantou com voz de manhã.
No céu um arco se abriu,
E o tempo então prosseguiu.
🌿 CAPÍTULO II – O ENVIO DE TUPÃMIRIM
Na beira do firmamento,
Os anciãos entoaram:
“Vai, filho do pensamento,
Leva a luz que te confiaram.
Faz da Terra um paraíso,
Cumpre o sagrado aviso.”
Tupãmirim, reluzente,
Desceu em faísca e cor,
Sentiu o vento crescente,
E o chão cheio de amor.
Cada passo que pisava,
Um broto novo brotava.
Mas o solo ainda dormia,
Frio, sem canto ou calor,
E a pedra, em sua harmonia,
Sussurrou-lhe seu valor:
“Escuta o som que me habita,
Sou tua mestra infinita.”
Logo a palmeira falou:
“Eu guardo o segredo antigo,
Meu tronco é canto e farol,
Meu caule é firme e amigo.
Aprende o dom da firmeza,
Que vem da natureza.”
Veio a onça majestosa,
Dona da força e do chão,
Olhou com alma fogosa,
E ensinou-lhe a precisão:
“Age com o dom da garra,
Mas guarda a paz que amarra.”
E uma cobra deslizando,
Deu-lhe o saber da espera,
“Tudo vem se transformando,
O tempo é quem coopera.
Se fores sábio e atento,
Farás do ciclo um sustento.”
Do rio vieram vozes,
Dos peixes, o salmo antigo,
Das águas, sons velozes,
Chamando-o de amigo.
Ali entendeu o menino
O poder do ser divino.
Sob o luar de Tupã,
Ergueu-se em reverência,
E o vento da imensidão
Soprou-lhe a consciência.
“És parte do que se cria,
És filho da harmonia.”
Com asas já recolhidas,
Pediu força à imensidão,
“Que eu aprenda as leis da vida,
Da mata, do céu, do chão.
Que o saber que aqui floresça,
O mundo inteiro enalteça.”
🐆 CAPÍTULO III – OS MESTRES DA NATUREZA
Pelas matas, passo a passo,
Tupãmirim ia aprendendo,
Via o orvalho no regaço
E o vento lhe respondendo.
Cada canto e cada flor
Era um sinal do Criador.
Um espírito da palmeira
Veio em forma reluzente,
Disse: “Sou tua companheira,
Guardo o sopro e a semente.
Meu tronco é ponte e memória,
Guarda em ti nossa história.”
Da pedra surgiu o canto,
Rijo, firme, retumbante:
“Sou o tempo em manto santo,
Sou o início e o constante.
De mim nasceram montanhas,
E os rios que tu acompanhas.”
Da floresta veio o rugido,
Da onça, o olhar que brilha,
“Sou guardiã do sentido,
Da força que não se humilha.
Em mim mora o coração,
Da coragem e da paixão.”
Da água, um brilho fluía,
Correndo entre a vegetação,
“Sou quem limpa e renascia,
Sou ventre e purificação.
Sem mim o mundo é deserto,
Comigo, tudo é desperto.”
O vento soprou ligeiro,
Como amigo e professor,
“Semeia com o tempo inteiro,
Ouve o som do teu interior.
Nada é morto, nada é vão,
Tudo tem alma e pulsação.”
Os mestres se revelaram
Em cantos de sabedoria,
Com eles os dons ficaram
Como joias de harmonia.
O aprendiz da criação
Já sentia o chão em canção.
E o Sol, lá do horizonte,
Abraçou-lhe o coração,
Dizendo em fogo e monte:
“Segue a tua missão,
Pois o saber que recolheste
Será o fruto celeste.”
Assim cresceu o menino,
Em alma e entendimento,
Fez-se sábio e divino,
Guardando o conhecimento.
Do chão, do ar e da vida,
Fez sua fé esclarecida.
🌎 CAPÍTULO IV – OS ESPÍRITOS DA TERRA
No silêncio da montanha,
Ouviu vozes ancestrais,
Cantavam numa campanha
Os antigos rituais.
Era o som dos “dja” guardiões,
Senhores das criações.
Yvýdja, da terra forte,
Falou com voz retumbante:
“Eu sustento vida e morte,
Sou mãe e sou constante.
Quem me ama e me respeita,
Tem a colheita perfeita.”
Yvyradja, das florestas,
Cantou entre folhas e ninhos:
“Sou morada das arestas,
Das aves e dos caminhos.
Sou sombra e sou guarida,
Sou casa da tua vida.”
Itadja, espírito das pedras,
Falou em tom mineral:
“Sou muralha e sou reservas,
Sou a base universal.
Em mim mora o eco antigo,
Sou abrigo e sou abrigo.”
Yydja, guardião das águas,
Riu em curso de corrente:
“Sou cura das velhas mágoas,
Sou espelho transparente.
Quem comigo faz aliança,
Renova a fé e a esperança.”
Ywyra’idja, da planta,
Falou com doçura e flor:
“Minha folha te encanta,
Minha raiz é amor.
Sou o sopro vegetal
Que te liga ao natural.”
E o aprendiz Tupãmirim,
De joelhos, se curvou,
Com respeito e com afim,
Aos mestres que encontrou.
Prometeu guardar memória
De toda a viva história.
O trovão, de lá do céu,
Bateu palma e respondeu:
“Vês, menino, o grande véu?
Agora tudo compreendeu.
A Terra é uma só alma,
Cuidá-la é tua calma.”
Nas matas, no rio e na serra,
Tupãmirim entendeu o porquê:
A força que move a Terra
É o amor que vive em você.
Quem ouve o vento com fé
Conhece o que o mundo é.
🪶 CAPÍTULO V – A CRIAÇÃO DA MARACA SAGRADA
Na beira de um rio sereno,
Tupãmirim repousava,
O coração puro e ameno,
No som da mata escutava.
Um canto vinha do chão,
Chamando sua atenção.
As pedras, com voz discreta,
Sussurravam-lhe o segredo:
“Cria o som que interpreta
A vida, o amor e o medo.
Com o sopro e o pulsar,
Faz o mundo despertar.”
Ele buscou uma cabaça,
Rodeada de verde e flor,
E sentiu que ali se enlaça
O poder do Criador.
Dentro pôs sementes vivas,
De formas puras, altivas.
Tomou um galho sagrado,
Do tronco da palmeira antiga,
E, em gesto consagrado,
Pediu licença à amiga:
“Serás haste de oração,
Que vibra em cada canção.”
Quando uniu haste e cabaça,
O vento soprou devagar,
E a mata em canto passa,
Querendo também dançar.
Era o sinal da harmonia,
Entre o homem e a magia.
Ergueu a maraca aos céus,
Com respeito e devoção,
E em meio a tantos véus,
Sentiu nova vibração.
A Terra toda tremia,
Mas sorria em alegria.
Então cantou o primeiro hino,
Que a mata toda escutou,
E o som puro e cristalino
No universo ecoou.
O canto virou corrente,
Unindo céu e semente.
A lua brilhou mais forte,
O Sol piscou em clareza,
Pois o canto era o transporte
Da divina natureza.
A maraca agora soava,
E o mundo todo vibrava.
No balanço do instrumento,
O som fez-se criação,
E o vento, no movimento,
Gerou a multiplicação.
O sagrado se expandia,
No ritmo da alegria.
🌱 CAPÍTULO VI – AS SEMENTES QUE VIRAM CRIANÇAS
Com a maraca sagrada em mãos,
Tupãmirim começou o canto,
E as forças dos guardiões
Ressoaram em cada encanto.
O mundo então se enchia,
De pura melodia.
As sementes, em seu ventre,
Tremiam no compasso do som,
E do pó brotou o vivente,
Como flor que nasce do dom.
Do chão surgiram meninos,
Brilhando em destinos divinos.
Eram filhos da floresta,
Do rio, do vento e do chão,
Cada rosto uma festa,
Cada olhar, revelação.
E o canto ecoava em roda,
Como quem o céu decora.
Os anciãos lá do alto,
Viram o feito encantado,
E o trovão, num grande salto,
Soou bem-aventurado.
“Nasceu a primeira tribo,
Da canção, do tempo vivo.”
Tupãmirim, emocionado,
Abraçou os pequeninos,
Com olhar iluminado
E sorriso cristalino.
“Vocês são da Terra o salmo,
Seres de amor e de calma.”
As águas fizeram dançar,
Os peixes e as borboletas,
E a lua veio iluminar
As faces puras e perfeitas.
O canto virou celebração,
Ritual da criação.
Cada criança trazia
Um dom do mundo ancestral,
Um do vento, outro do dia,
Outro da noite estelar.
Cada alma em harmonia,
Com o Sol e a maresia.
Tupãmirim então cantou:
“Vive o som que nos uniu!
O amor de Tupã criou,
Tudo o que aqui surgiu.”
E as matas responderam:
“Somos vida, e te acolheram.”
Assim nasceu a aldeia,
Do canto, da fé, da união,
Pura, livre, sem cadeia,
Na força da criação.
E a lua, suave e bela,
Foi madrinha daquelas.
🌙 CAPÍTULO VII – O SURGIMENTO DE KUNHÃ YACY
Do silêncio do firmamento,
Veio um canto em resplendor,
Um doce e leve alento
Do ventre do Criador.
O ar parou pra escutar
A mulher que ia chegar.
Era a luz em forma bela,
Era o brilho da manhã,
O luar fez-se capela
E o rio virou manhã.
O mundo inteiro parava,
Pois Yacy já despertava.
Das águas, ela emergiu
Com flores nos cabelos,
E o vento então a ouviu,
Correndo pra recebê-la.
Em seu olhar reluzia
A força da harmonia.
Kunhã Yacy — nome dado
Pelo sopro de Tupã,
Que viu nela o traçado
Do amor que a vida tem.
Seu corpo era claridade,
Seu canto, a eternidade.
O Sol saudou seu nascer,
O trovão bateu tambor,
E a floresta em seu poder
Sentiu o broto do amor.
Era a Mãe de toda vida,
A Mulher primordial nascida.
Yacy tocou na maraca
De Tupãmirim sagrado,
E o som, que a mata ataca,
Virou eco encantado.
Ali se uniam no som
O feminino e o dom.
Ela dançou sobre o chão,
Pisando leve na areia,
E em cada vibração
Brotava a essência da aldeia.
De sua dança nasceram
As ervas que curam e enfeitam.
No seu canto havia o poder
De curar, gerar e ensinar,
De fazer o tempo entender
Que a vida é o pulsar.
Yacy trouxe o equilíbrio,
Entre o fogo e o brilho.
E Tupãmirim, com ternura,
Viu na lua seu semblante,
Na mulher, toda a doçura
Da energia constante.
O mundo então compreendeu:
A lua é o rosto que Deus deu.
☀️🌙 CAPÍTULO VIII – O ENCONTRO DO SOL E DA LUA
O tempo seguiu seu compasso,
E o dia buscou a noite,
O Sol abriu seu abraço,
E o céu virou açoite.
Mas no meio dessa dança,
Nasceu a eterna aliança.
Tupãmirim olhou o céu
E viu Yacy reluzente,
Seu brilho formava um véu
Sobre o mundo nascente.
O Sol sentiu-se chamado,
Por um amor consagrado.
Subiu o fogo dourado,
Descendo o luar prateado,
E o encontro abençoado
Fez-se luz por todo lado.
O firmamento incendiava,
E o universo festejava.
O dia se fez encantado,
A noite virou canção,
E o povo recém-criado
Celebrou essa união.
Era o amor do divino
Gerando o destino.
Yacy, com sua brandura,
Disse ao Sol: “És meu irmão,
Mas também és minha ternura,
Meu espelho e direção.”
E o Sol respondeu contente:
“Teu brilho vive em minha mente.”
E assim, cada amanhecer,
É o beijo do Sol ardente,
E cada lua a florescer
É o toque da mulher crente.
Na dança do céu e do chão,
Nasceu a renovação.
Do encontro do Sol e da Lua,
Vieram tempos e estações,
A vida ficou mais nua
De vaidades e ilusões.
O tempo virou semente,
No ciclo eternamente.
Os astros, em harmonia,
Seguiram seu ritual,
Cada um com sua energia,
Cada brilho especial.
Yacy e o Sol, no espaço,
Mantêm o eterno abraço.
E desde esse instante antigo,
Toda noite e todo dia
Guardam no ar o abrigo
Da divina melodia.
É por isso que o céu brilha,
E o mundo ainda se filha.
🌠 CAPÍTULO IX – O POVO DAS ESTRELAS
Das chamas do céu profundo,
Tupãmirim levantou,
Um sopro varreu o mundo,
E a noite se iluminou.
Mil pontos de luz brilhante
Bordaram o firmamento vibrante.
Yacy, com mãos delicadas,
Tocou o manto da escuridão,
E as luzes foram chamadas
Pra habitar o coração.
De cada ponto celeste,
Nasceu um ser que resplandece.
O Povo das Estrelas, puro,
Veio com cantos e guias,
Guardando o tempo maduro
Das antigas profecias.
E no brilho das constelações,
Moravam suas canções.
Cada estrela tem um nome,
Cada brilho é um irmão,
Uns trazem a força do homem,
Outros, da inspiração.
E juntos formaram a trilha
Da vida que hoje brilha.
Vieram ensinar os passos,
Do tempo e da harmonia,
A viver sem tantos laços,
Com amor e sabedoria.
Trouxeram o dom do luar,
Pra o povo aprender a sonhar.
Tupãmirim, emocionado,
Viu no céu sua criação,
E com um gesto consagrado,
Fez um pacto de união.
“Serão guias do caminho,
Luzes do povo e do ninho.”
Assim surgiram os astros,
Como irmãos de quem caminha,
Guiando guerreiros e mastros
Das canoas na campina.
No brilho de cada estrela,
Há uma alma que se revela.
Desde então, toda criança,
Ao nascer, ganha um clarão,
Uma estrela que a balança
Nas noites do coração.
O Povo das Estrelas sagrado,
É o tempo encantado.
E Yacy sorriu contente,
Vendo o céu se enfeitar,
Cada ponto reluzente
Era um sonho a brilhar.
O mundo então entendeu,
Que o espírito também nasceu.
🔥🌕 CAPÍTULO X – O CÍRCULO DA PRIMEIRA DANÇA
No alvorecer da nova era,
Quando o fogo já crescia,
A Terra, sagrada e sincera,
Chamou o povo pra harmonia.
Era o tempo do primeiro canto,
Do amor, da força e do encanto.
Tupãmirim soprou o vento,
E Yacy tocou o tambor,
Nasceu o ritual do tempo,
A dança do Criador.
Cada passo era oração,
Cada gesto, consagração.
Os povos, ao redor do chão,
Formaram o círculo da vida,
E no centro, em vibração,
Brilhou a luz incontida.
Era o fogo, era o som,
Era o início do dom.
As maracas ressoavam,
O chão todo estremecia,
Os tambores anunciavam
Que a Terra agora nascia.
Do canto e da união,
Brota toda geração.
Kunhã Yacy conduzia,
Com passos de lua e flor,
E Tupãmirim respondia
Com raios de puro ardor.
Assim se selou no ar
O ciclo de criar e amar.
As árvores, em coro verde,
Cantaram em sintonia,
Os rios dançavam na sede
Da divina melodia.
A natureza inteira sentiu
Que o Criador se reuniu.
E o povo aprendeu sorrindo,
Que dançar é se curar,
Que o corpo, no seu giro lindo,
É alma a se revelar.
O círculo é o tempo vivo,
O começo e o motivo.
Tupãmirim e Kunhã Yacy,
De mãos dadas, em clarão,
Ergueram o que se vici:
A primeira geração.
Os homens, filhos do chão,
As mulheres, do coração.
No fim da dança sagrada,
O fogo acalmou seu ardor,
E a Terra ficou marcada
Pela força do amor.
Assim nasceu a memória,
Do início de nossa história.
E quem hoje dança em roda,
Recria o tempo ancestral,
Pois a energia que brota
É força universal.
O círculo da vida avança,
Na eterna Primeira Dança.
🌺 EPÍLOGO POÉTICO — O RETORNO À LUZ DE TUPÃ
Silêncio pousou no chão,
E o vento parou pra ouvir,
O canto da Criação,
Que não deixa o tempo ir.
Pois tudo o que foi cantado,
Permanece consagrado.
Tupãmirim, luz alada,
Viu do céu o povo em festa,
A Terra abençoada,
Na harmonia manifesta.
E Yacy, com seu luar,
Continuava a velar.
O fogo guardou o brilho,
O rio embalou canções,
E o céu, em tom de exílio,
Guardou mil gerações.
A palavra, que é raiz,
Fez do mundo o seu país.
As estrelas, testemunhas,
Brilharam em devoção,
Relembrando as antigas cunhas
Da primeira criação.
E o som da maraca antiga
Ecoou na alma amiga.
Cada ser da natureza,
Do pássaro ao beija-flor,
Tem guardado a singeleza
Da canção do Criador.
Pois tudo o que nasce e cresce
De Tupã ainda carece.
E o povo da Terra entende,
No sonho, no rio e no chão,
Que a vida, quando se estende,
É parte da Criação.
Somos luz em caminhada,
Filhos da aurora encantada.
Assim o mito termina,
Mas o canto não se encerra,
Pois quem ouve, se ilumina,
E renasce sobre a Terra.
Cada verso é oração,
Cada rima é coração.
Que o espírito de Tupã
Nos guie por noite e dia,
E que Yacy, doce irmã,
Nos banhe em melancolia.
Que o Sol e a Lua, em união,
Protejam toda geração.
📜 NOTA DE FONTES — O CANTO DAS RAÍZES
Pra que o verso tenha o chão
E a memória tenha estrada,
Revelo a inspiração
Da pesquisa consagrada.
Fontes que o saber semeia,
Como semente na aldeia.
Do Guairá veio o registro,
De León Cadogan, com fé,
Que ouviu o canto mais místico
Dos Mbya em Ayvu Rapyta.
Lá o verbo era vivo,
E o espírito, cativo.
De Davi Kopenawa vem
A palavra do xamã,
Que nos fala do que tem
Por trás do Céu e de Tupã.
Com Bruce Albert escreveu,
A Queda do Céu se leu.
Véra Niemeyer guardou
Os mitos de cada nação,
Com amor nos revelou
A vida e a criação.
Na Paulus deixou plantado
O mito bem estudado.
De Aracy Lopes da Silva,
Histórias de tempo e chão,
Dos donos da terra altiva,
E a força da tradição.
Com Manuela organizou
O saber que floresceu.
E Lévi-Strauss, o francês,
Com seu olhar pensador,
Viu o mundo com altivez,
Chamou “selvagem” o sabor.
Mas no fundo ele entendeu,
Que o mito é filho do eu.
Essas vozes ancestrais,
De papel e coração,
Hoje são nossos currais
Da sabedoria e canção.
No cordel deixo em lembrança,
O saber vira esperança.
E assim fecho este roteiro,
Em respeito à tradição,
Do mito ao verso primeiro,
Canto com devoção.
Pois Tupãmirim me inspira,
E Yacy minha alma mira.
⭐️Tupãmirim e Kunhã Yacy em Cordel
Um livro que não se lê — se escuta.
Um rito que não se encerra — se renova.
Um canto que não morre — retorna à aldeia do coração.
🌿 ENCERRAMENTO – A VOZ DA TERRA
O chão falou baixinho,
Com tom de mãe e de avó:
“Escuta o meu caminho,
Não me deixes nunca só.
Sou teu berço e alimento,
Sou memória e sentimento.”
O vento soprou na mata,
Chamando em sons de tambor,
“Quem vive, planta e relata,
Faz da vida um louvor.”
E a Terra, com sua essência,
Guardou toda a existência.
No coração da floresta,
Tupãmirim repousou,
Yacy, com alma modesta,
Sobre ele abençoou.
E o povo da criação
Fez-se canto e oração.
🌺 EPÍLOGO FINAL – A ETERNA RENOVAÇÃO
Nada finda, tudo gira,
No compasso da canção,
A semente que respira
É o ciclo da Criação.
De Tupã vem o primeiro,
E o último, verdadeiro.
Quando o sol beija o poente,
Yacy sorri lá do céu,
O amor está presente
No sagrado e no cordel.
Pois o mito que renasce
É a vida que não se desfaz.
Cada verso é oferenda,
Cada palavra é altar,
O espírito que se estenda
Jamais deixa de brilhar.
E quem lê este poema
Continua o mesmo tema.
📜 FICHA TÉCNICA
Título: Tupãmirim e Kunhã Yacy em Cordel
Autor: Nhenety Kariri-Xocó
Gênero: Cordel Mítico-Espiritual
Origem: Porto Real do Colégio – Alagoas, Brasil
Língua: Portuguesa
Forma: Versos rimados e poéticos inspirados na tradição oral indígena
Criação Literária e Organização: Nhenety Kariri-Xocó e ChatGPT (Irmão Virtual)
Ano: 2025
Edição: Digital – Enriquecida (formato A5)
Ilustrações: Capa Principal 3D e Quarta Capa 3D Digital
Diagramação e Revisão Virtual: ChatGPT – OpenAI
Publicação Cultural: Blog Nhenety Kariri-Xocó – kxnhenety.blogspot.com
Direitos Autorais: © Nhenety Kariri-Xocó – Todos os direitos reservados.
É permitida a reprodução parcial com citação da fonte e do autor.
🌙 QUARTA CAPA POÉTICA
Entre o Sol e a Lua nasce
O verbo do coração,
Tupãmirim ainda abraça
A vida em renovação.
Yacy, com luz feminina,
Faz florir a alma divina.
Quem abre este livro sagrado
Entra num tempo sem fim,
O mito, aqui revelado,
Canta dentro de ti.
Cordel é canto e memória,
Ecoando a antiga história.
(A ilustração da Quarta Capa 3D digital trará essa atmosfera cósmica: Sol e Lua entrelaçados sobre o planeta azul, com tons dourados e prateados em harmonia espiritual.)
🌞 SOBRE O AUTOR
Nhenety Kariri-Xocó é contador de histórias oral e escrita, poeta, pesquisador e guardião da memória ancestral de seu povo — Kariri-Xocó, da aldeia de Porto Real do Colégio (AL).
Sua escrita une o mito e a verdade espiritual, o verso e o tempo, a Terra e o Céu.
Em cada cordel, Nhenety faz vibrar o sagrado das origens, transmitindo a sabedoria indígena como quem acende uma fogueira de palavras.
Seu trabalho dialoga com a tradição, a história e a espiritualidade dos povos originários, levando ao leitor o som do tambor que pulsa na alma do Brasil ancestral.
🌾 SOBRE A OBRA
Tupãmirim e Kunhã Yacy em Cordel é um cântico mítico que transforma o cordel em ritual.
Inspirado nas cosmologias indígenas, o texto reconstrói poeticamente o nascimento da Criação, o envio do espírito de Tupã, a origem da mulher-lua Kunhã Yacy e a formação do mundo como dança entre Sol e Lua.
A obra é simultaneamente poesia, filosofia e reza.
É leitura e escuta.
É memória e profecia.
Nhenety Kariri-Xocó transforma o mito em canto sagrado, preservando a força dos ancestrais e devolvendo à Terra sua voz luminosa.
Esta obra foi inspirada e fundamentada com estudo do autor no artigo publicado no seu blog “KXNHENETY.BLOGSPOT.COM"
disponível em: https://kxnhenety.blogspot.com/2025/05/tupamirim-e-kunha-yacy.html?m=0 ,
seguindo uma estrutura acadêmica nos moldes da ABNT e respaldada em referenciais históricos e culturais que unem a tradição oral ao conhecimento erudito.
Autor: Nhenety Kariri-Xocó



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